O LIVRO DOS MÉDIUNS.
SEGUNDA PARTE.
CAPÍTULO VI.
TEORIA DA ALUCINAÇÃO.
112. A causa dos sonhos jamais foi explicada pela ciência; atribuem-na a um efeito da imaginação; mas não diz o que é a imaginação, nem como produz essas imagens tão claras e tão nítidas que algumas vezes nos aparecem; é explicar uma coisa que não conhecida por uma outra também desconhecida e a questão permanece toda inteira. É, diz-se, uma lembrança das preocupações da vigília; mas, admitindo mesmo esta solução, que não o é, restaria ainda saber qual é esse espelho mágico que assim conserve as impressões das coisas; como explicar, sobretudo, essas visões de coisas reais que jamais se viram no estado de vigília, e aquelas mesmo em que jamais se pensou? Só o desapercebido por causa da própria vulgaridade, como todas as maravilhas da Natureza que calcamos sob nossos pés.
Os sábios desdenharam de ocuparem-se com a alucinação; seja ela real ou não, não deixa de ser um fenômeno que a fisiologia deve poder explicar, sob pena de reconhecer sua insuficiência. Se um dia um sábio empreender dar-lhe, não uma definição, entendemo-nos bem, mas um a explicação fisiológica, veremos se sua teoria resolve todos os casos; que não omita, sobretudo, os fatos tão comuns de aparições de pessoas no momento de sua morte; que diga de onde vem a coincidência da aparição com a morte da pessoa; se fosse um fato isolado, poder-se-ia atribuí-lo ao acaso; mas, como é muito freqüente, o acaso não tem essas reincidências. Se aquele que vê a aparição ainda tivesse a imaginação impressionada pela idéia de que a pessoa deve morrer, seja; mas, freqüentemente, a que aparece é aquela com quem ele menos sonha; portanto, a imaginação nada tem com isso. Pode-se explicar ainda menos pela imaginação as circunstâncias da morte da qual não se tem nenhuma idéia. Os alucinacionistas dirão que a alma (se tanto é que admitem uma alma) tem momentos de superexcitação em que suas faculdade estão exaltadas? Estamos de acordo; mas quando aquilo que ela vê é real, não é, pois, uma ilusão. Se na sua exaltação, a alma vê uma coisa que não está presente, é, portanto, que ela se transporta; mas se nossa alma pode se transportar até uma pessoa ausente, por que a alma dessa pessoa não se transportaria até nós? Que, em sua teoria da alucinação, queiram ter em conta estes fatos, e não se esqueçam de que uma teoria à qual se pode opor fatos contrários é, necessariamente, falsa ou incompleta.
À espera de suas explicações, vamos tentar emitir algumas idéias a esse respeito.
Fonte, “Livro dos Médiuns“, Allan Kardec, da 18º. edição, abril de 1991, do Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
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