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segunda-feira, 18 de abril de 2011

ROTEIRO DE INICIAÇÃO AO ESTUDO DO ESPIRITISMO. 4º. AULA.


DIA: 00.00.00. 04º. AULA. O CENTRO ESPÍRITA.

            “Somos forçados a dizer como Swedenborg: o espírito sopra onde quer, __
            “Spiritus flat ubi vult“.
                                                                                              Charles Riquet

INTRODUÇÃO:
            Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra. Temos no Brasil __ e isso é um consenso universal __ o maior, mais ativo e produtivo movimento espírita do planeta. A expansão do Espiritismo em nossa terra é incessante e prossegue em ritmo acelerado. O Centro Espírita não deve ser confundido com as igrejas de outras religiões, não devemos transformá-los em locais, únicos, para enviar-mos a Deus as nossas suplicas, como eternos pedintes. Porém, um local em que expressaremos a nossa religiosidade, pedido ajuda constante do Pai e da Espiritualidade, para vencermos as nossas provações e, forças para modificarmos, os nossos pensamentos, as nossas atitudes, cultivando a nossa fé e praticando a verdadeira caridade.
            Integrado no processo doutrinário de trabalho e desenvolvimento, o Centro Espírita carecia até agora de um estudo sobre as suas origens o seu sentido e a sua significação no panorama cultural do nosso tempo. (1)

1º. FUNÇÃO E SIGNIFICAÇÃO:
            O Centro Espírita não é templo nem laboratório __ é para usarmos como ponto de convergência do movimento doutrinário. Podemos figurá-lo como um espelho côncavo em que todas as atividades doutrinárias se refletem e se unem, projetando-se conjugadas no plano social geral, espírita e não espírita. Por isso mesmo a sua importância, como síntese natural da dialética espírita, é fundamental para o desenvolvimento seguro da Doutrina e suas práticas.
            Kardec avaliou a sua importância significativa no plano da divulgação e da orientação dos Grupos, explicando ser preferível a existência de vários Centros pequenos e modestos numa cidade ou num bairro, à existência de um único Centro grande e suntuoso. Pois, estes pequenos Centros, atraem pessoas interessadas no conhecimento doutrinário, cria um ambiente de fraternidade ativa em que as discriminações sócias e culturais desaparecem no entrelaçamento de todos os seus componentes, considerados como colaboradores necessários de uma obra única e concreta.
            Muitos Centros Espíritas surgiram de reuniões familiais, desligando-se mais tarde das residências em que se formara. Os Centros oriundos de grupos familiares mostram-se mais coesos e mais abertos conservando a seiva fraterna de sua origem. É esse o clima de que necessitam os trabalhos doutrinários.
            Organizado o Centro, com nome, estatutos, diretoria, todas aprovados em assembléia geral e, registrado os estatutos, a sua função e significação estão definidas como estudo e prática da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço assistencial aos espíritos sofredores e às pessoas perturbadas, sempre segundo a Codificação de Allan Kardec. Sem Kardec não há Espiritismo, há apenas mediunismo desorientado, formas do sincretismo religioso afro-brasileiro, confusões determinadas por teorias pessoais de pretensos mestres. Todos participantes de um Centro Espírita sabem e devem sempre saber, que a Obra de Kardec é um monumento científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humildade, bom senso, respeito à Doutrina e condições culturais superiores.
            Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação dos princípios kardequianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos espíritos protetores e guias de médiuns e trabalhos decorrem da integração dos mesmos na orientação de Kardec. O Centro que não trabalhar desta maneira, cria fatalmente em situações negativas e anda pelo caminho da traição à Kardec e ao Espírito de Verdade. Com isto prejudica todo o movimento espírita. Ocorre muito por invigilancia, devido ao orgulho e a vaidade, fazendo com que algumas pessoas quererem parecer mais que outras.
            A Ciência Espírita é um organismo vivo, de natureza conceptual, estruturada em leis psicológicas, ou seja, em princípios espirituais e racionais. Essas estruturas são integra, perfeita, harmoniosa, e não podemos violentar um só dos seus princípios sem pôr em perigo imediato todo o seu sistema. No Centro Espírita em que não houver esta compreensão não existe Espiritismo. Encontramos as raízes desta estrutura no Cristianismo, principalmente na essência evangélica, definida na Codificação Kardequiana. Devemos estudar o Evangelho Segundo o Espiritismo e a Gênese, e conheceremos a pureza das raízes evangélicas.
            Nas primeiras comunidades cristãs, praticavam o culto pneumático, em que havia manifestação de espíritos furiosos, defensores de suas crenças antigas, que injuriavam O Cristo e seus adeptos.  A expressão pneumática vem do grego pneuma: espírito. O culto consistia a parte prática do ensino espírita de Jesus. O Apóstolo Paulo, na I º Epístola aos Coríntios dá instruções à comunidade de Corinto sobre a realização desse culto, ensinado até mesmo como os médiuns (então chamados de Profetas) deviam se comportar na reunião.
            No Centro Espírita, ninguém está ali investido de prerrogativas divinas, mas apenas de obrigações humanas. (1)

2º. OS SERVIÇOS DO CENTRO ESPÍRITA:
                        No desempenho da sua função, o Centro Espírita é, sobretudo, um centro se serviços ao próximo, no plano propriamente humano e no plano espiritual. O ensino evangélico puro, as preces e os passes, o trabalho de doutrinação representa um esforço permanente de esclarecimento e orientação dos espíritos sofredores e de suas vítimas humanas, que geralmente são comparsas necessitados da mesma assistência.
            Nas sessões espíritas não se pretende abranger todos os espíritos necessitados __ o que seria impossível __ mas cuidar daqueles que estão mais ligados a nós. A doutrinação de um espírito perturbado é quase sempre o pagamento de uma dívida nossa para aquele espírito. Se o prejudicamos ontem, hoje o socorremos. E ele, socorrido, torna-se um novo assistente da grande batalha pelo esclarecimento geral. Cada espírito que conquistamos para o bem representa um novo impulso na luta, o acréscimo de mais um companheiro, um aumento do bem. Devemos sempre lembrar que o bem é contagiante. Se libertarmos uma vítima da obsessão na Terra, libertamos outra no mundo espiritual que nos cerca. Essa multiplicação se processa num crescendo, atingindo progressivamente a centenas de pessoas e espíritos.
            A experiência espírita confirma o acerto do atendimento terreno, demonstrando cientificamente que espíritos desencarnados, mas ainda muito apegados às condições da vida material, precisam de assistência mediúnica para se livrar desse apego.
            As sessões espíritas de doutrinação e desobesessão provaram sua eficácia desde Kardec até os nossos dias, enquanto as opiniões contrárias não se firmam senão em opiniões pessoais, palpites deduzidos de falsos raciocínios, por falta de real conhecimento desse grave problema.
            A parte mais importante e necessária das atividades mediúnicas, mormente em nossos dias, é precisamente a da prática doutrinária da desobesessão. Trabalhar nesse setor é dever constante dos médiuns esclarecidos e dedicados ao bem ao próximo. O estado de confusão a que chegou a Psicoterapêutica em nossos dias, e particularmente a Psiquiatria, exige redobrado esforço dos Centros no trabalho de doutrinação e de desobesessão. Milhões de vítimas no mundo inteiro clamam pelo socorro de métodos mais eficientes de cura psicoterapêutica, que só o Espiritismo pode oferecer, graças às suas experiências de mais de dois séculos nesse campo. O Centro Espírita guarda acervo maravilhoso em sua tradição e não pode recuar diante dos sofismas da atualidade trágica e pretensiosa.
            As comunicações dos espíritos superiores são dadas no momento preciso, mesmo em meio do aparente tumulto das sessões de desobesessão. É muito agradável recebermos comunicações elevadas de Espíritos Superiores, mas só as merecemos depois de cuidarmos com atenção e abnegação dos Espíritos Superiores, mas só as merecemos depois de cuidarmos com atenção e abnegação dos Espíritos sofredores. Quando recusamos essas oportunidades redentoras os Superiores se afastam e o campo fica aberto aos mistificadores, como o sabem, muitas vezes por duras experiências próprias, os que procuram acomodar-se na benção sem merecimento.
            Os serviços assistências à pobreza, prestados pelos Centros Espíritas, constituem a contribuição espírita para o desenvolvimento de nova mentalidade social em nosso mundo egoísta. Não basta semear idéias fraternalistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros. O Centro Espírita funciona como um transformador de idéias fraternas em correntes de energias ativas nesse plano. Em suas turbinas invisíveis as idéias se transformam em atos de amor e de dedicação ao próximo.
            O Centro Espírita é instrumento de ação imediata e age de acordo com as necessidades urgentes. Sem o atendimento a essas necessidades, as vítimas da injustiça social não poderão esperar as brilhantes realizações futuras.
            O Centro Espírita não pode se entregar, pois aos seus princípios. Seu objetivo é o bem de todos e não o desta ou daquela camada da população. A evolução social da evolução dos homens, que constituem e formam os organismos sociais. É pelo exemplo de fraternidade e não pela violência que podemos reformar o mundo. O Centro Espírita não pode trocar os seus serviços de amor e fraternidade pelo acirramento das lutas entre grupos e classes.
            Quando o espírito se integra no Centro Espírita, liga-se a ele, não como um serviçal, mas como o próprio serviço. A multiplicidade dos serviços do Centro adquire em sua consciência a mesma unidade conquistada por esta instituição. Dali em diante tudo o que fizer será um fazer universal, não ligado a ele ou ao Centro, não confinado na sua pessoa e no seu grupo, nem mesmo restrito ao meio espírita, mas naturalmente extensivo a toda a Humanidade. Os pioneiros do Espiritismo, a partir de Kardec, todas as grandes figuras que souberam dar-se ao Espiritismo ao invés de apossar-se dele, fizeram essa caminhada redentora, passaram por gigantescas odisséias espirituais, temperando-se nas encarnações sucessivas para reimplantar na Terra a semeadura do Cristo, na ressurreição do seu Evangelho, na sua Boa Nova em “espírito e verdade”.
            Como se vê, o Centro Espírita é realmente um centro de convergência de toda a dinâmica doutrinária. Nele iniciam-se os neófitos, revelam-se os médiuns, comunicam-se os Espíritos, educam-se as crianças e adultos, libertam-se os obsedados, estuda-se a Doutrina em seus aspectos teóricos e práticos promovem-se a assistência social a todos os necessitados, sem imposições e discriminações, cultiva-se a fraternidade pura que abre os portais do Futuro. A coordenação das atividades de um Centro Espírita bem orientado é praticamente automática, resultando do clima fraterno que todos se sentem como em família, ajudando-se mutuamente. É nessa comunhão de esforços que os espíritas podem antecipar as realizações mais fecundas. Mas se no centro se infiltra o espírito mesquinho das intrigas, das pretensões descabidas, das aversões inferiores, os dirigentes necessitam de muita paciência e tolerância para quebrar as arestas e restabelecer a atmosfera espiritual. Nunca, porém, deverão renunciar aos seus deveres, o que seria uma deserção, a menos que o façam reconhecendo humildemente os seus erros e continuando no centro para servir melhor, em cargos inferiores ou mesmo sem cargos. Nada mais triste do que um Centro Espírita em que alguns se julgam mestres dos outros, quando na verdade ninguém sabe nada e todos deviam colocar-se na posição exata de aprendizes. Os serviços mais urgentes de cada Centro são os de instrução doutrinária de velhos e novos adeptos, tanto uns como outros carentes de conhecimento doutrinário. Bem executado esse serviço, todos os demais serão feitos com mais facilidade. (1a)

3º.  O CENTRO E A COMUNIDADE.
            O Centro Espírita não surge arbitrariamente, nem por determinação de alguma instituição superior do movimento doutrinário. Ele é sempre o produto espontâneo de uma comunidade espírita que se formou num bairro, numa vila ou numa cidade. Essa comunidade é sempre extremante heterogênea, formada por espíritas e simpatizantes da doutrina, membros de correntes espiritualistas diversas e de religiosos indecisos ou insatisfeitos como as seitas a que se filiaram ou que pertencem por tradição familial. Há, porém um denominador comum para essa mistura: o Interesse pelo Espiritismo. Esse interesse, por sua vez, decorre de vários motivos, entre os quais predominam as ocorrências de fatos mediúnicos nas famílias, geralmente em forma de perturbações psíquicas.
            Dessa maneira, os fundadores do Centro e seus auxiliares enfrentam desde o inicio muitos problemas e dificuldades. É necessária a presença de uma pessoa que tenha conhecimentos doutrinários e experiência da prática mediúnica, para que o centro não fracasse nos seus primeiros meses de existência. Não havendo no grupo fundador uma pessoa nessas condições, é necessário recorrer-se a pessoas de Centros das proximidades, que sempre atendem de boa-vontade. O Espiritismo não é proselitísta, não entra na disputa sectária de adeptos das religiões, mas devem os espíritas, necessariamente, interessar-se pelos que se interessam pela Doutrina. Esclarecer e orientar sempre são o dever espírita.
            Sem estudo constante da Doutrina não se faz Espiritismo, cria-se apenas uma rotina de trabalhos práticos que dão a ilusão de eficiência. Estudo e pesquisa, observação constante dos fatos, análise das mensagens recebidas, observação dos médiuns. Exigência de educação mediúnica, com advertências constantes para que os médiuns aprendam a se controlarem, não deixando levar pelos impulsos recebidos das entidades comunicantes __ esse é o preço de trabalhos mediúnicos eficazes.
            Um presidente de Centro não é Presidente da Republica e um doutrinador não é um sábio. Pelo contrário, são criaturas necessitadas, que estão aprendendo a arte difícil de servir e não a de baixar decretos, dar ordens e humilhar os outros em público. Sem a humildade, que gera e sustenta o amor ao próximo, nem o estudo pode dar frutos. Por outro lado, sem estudo os frutos da humildade não produzem amor, mas fingimento, hipocrisia de maneiras e fala melosa, de voz impostada para imitar os anjos.
            O Espiritismo é natural e exige naturalidade dos que pretendem vivê-lo no dia-a-dia, em relação natural e simples com o próximo. O que o espiritismo objetiva é a transformação interior das criaturas, para que se tornam mais esclarecidas e, com isso, dotadas de mente mais arejada e coração mais puro. No Centro Espírita devemos manter a mais plena naturalidade de comportamento, dentro das normas naturais do respeito humano. As modificações exteriores, precisamente por serem forçadas e, portanto mentirosas, não exercem nenhuma influência em nosso interior. O contrario é que vale: quem exercitar-se na prática das boas ações, da verdade e da sinceridade, modificará sem querer e perceber o seu comportamento, sem nenhum dos sintomas desagradáveis de fingimento e hipocrisia. O Espiritismo, que nos foi legado pelo Cristo através do Espírito da Verdade, não pode adotar os expedientes da mentira.
            No Espiritismo não objetivamos o domínio do mundo por nenhuma forma igrejeira, através de engodos demagógicos, mas unicamente e esclerecimento das criaturas para que a Terra se eleve em suas condições morais e espirituais.
            Médiuns expositores e escritores espíritas não são luminares nem santos, mas criaturas falíveis que podem também cair a qualquer instante de seus falsos pedestais. Devemos respeitar naturalmente a essas criaturas como nossos irmãos dedicados à Doutrina (quando não a traem em favor de suas opiniões pessoais) sim devemos respeitá-los e louvar os seus esforços, mas sem cairmos no exagero de idolatrias beatas.
            O conceito de mediunidade que vigora entre nós, na maioria esmagadora dos Centros, é espantosamente ambivalente e, portanto contraditória. Afirmam-se ao mesmo tempo em que a mediunidade é uma graça e uma provação, que os médiuns são espíritos grandemente faltosos, não obstante adorados como enviados de Deus. Os que estudam seriamente a Doutrina logo percebem a falsidade desse conceito. A mediunidade é uma faculdade natural da espécie humana, como todas as demais faculdades. Toda criatura humana é naturalmente dotada de mediunidade. Kardec observou a existência da mediunidade generalizada. Mas a mediunidade manifesta-se nas criaturas em diferentes graus de desenvolvimento. Todos somos médiuns, todos possuímos o que hoje se chama de percepção extra-sensorial, segundo a terminologia parapsicológica. É natural que os que revelam graus mais intensos de mediunidade, prestando-se por isso a como médiuns, da mesma maneira por que todos possuímos inteligência, mas só os que a possuem em grau excepcional são designados como “uma inteligência”, merecendo os louvores e o respeito dos que não atingiram esse grau.
            Os médiuns são os elementos principais da ligação do Centro Espírita com a comunidade social do bairro ou da cidade. São mesmo os elos genésicos dessa ligação. Suas faculdades mediúnicas exercem atração natural sobre a comunidade e os serviços que prestam no Centro ou nos atendimentos eventuais, fora dele, ampliam a simpatia popular do Centro. Essa função do médium é natural e consciente. Partes integrantes da comunidade, vivendo no meio do povo como povo, sem nenhum título especial que os separe da massa, quanto mais simples e despretensiosos eles forem, mais eficiente serão na sua função espontânea de elos. Quando o médium é pedante, pretensioso, contador de vantagens, sabereta, arrogante, esses anti-virtudes o transformam em elemento negativo na dinânica social. Por isso o médium deve compreender bem a sua condição de criatura normal integrada no povo e não de elemento excepcional, dotado de poderes divinos ou convencido de possuí-los. Os dirigentes do Centro podem reforçar ou enfraquecer as ligações deste com a comunidade, humilhar os adeptos de seitas existentes na comunidade, para que os elos estabelecidos pelos médiuns sejam rompidos. Atacar religiões e práticas religiosas dos outros é o meio mais fácil de afastá-los do Centro. Essa crítica pode e deve ser feita em termos de comparação histórica, nas reuniões especiais de estudo doutrinários, com ampla liberdade de discussão a respeito, reconhecendo-se a existência dos fatores temporais que, no passado, foram benéficos à solução espiritual dos homens, tornando-se mais tarde prejudiciais ao esclarecimento espiritual do povo. Mesmo assim, é conveniente evitar exageros, para que esses debates elucidativos não se transformem em pedra de tropeço para as pessoas simples e de boa fé. Em todas as atividades do Centro deve prevalecer o princípio de amor e respeito ao próximo, não para atrair simpatias, mas, para não causar aborrecimentos e prevenções nas pessoas que desejam adquirir conhecimentos renovadores.
O centro espírita não é um instrumento de conversões, mas também não pode ser um instrumento de dissensões. O Espiritismo não quer impor-se aos outros, mas ajudar e esclarecer os que o procuram. Se existirem na comunidade elementos desses que fazem de cada espírita um diabo disfarçado em gente, um instrumento do diabo para enganar as almas, o Centro não deve aceitar suas provocações negativas. Essas pessoas, geralmente exaltadas e insolentes são vítimas de seu próprio temperamento e também das deformações sectárias do cristianismo e das épocas de fanatismo, maldições, excomunhões e perseguições, que embora distantes, ainda permanecem no inconsciente de muitas criaturas, forçando-as as atividades anticristãs e ridículas. Hoje os tempos são outros e o Centro Espírita pode responder a essas agressões __ como fazia Kardec __ não com revides violentos, mas com esclarecimentos serenos e fraternos.
            Mas temos de vigiar a nossa tolerância, para não cairmos no charco da hipocrisia, no fingimento de uma bondade que não possuímos. A regra de comportamento espírita deve ser a de Jesus: “mansos como as pombas, prudentes como as serpentes”. O Centro Espírita guarda em seu seio as colheitas de Verdade e precisa defendê-las, mantê-las puras e vivas, para com elas saciar a fome do mundo. Jesus imolou-se por essa colheita de sua própria semeadura, mas enquanto foi necessário defender a seara manteve atitudes viris contra os pregoeiros da mentira e da ilusão. Se deixarmos o Centro abandonado à fúria dos fariseus, eles o destruirão sem nenhum escrúpulo, sob rajadas de calúnias e pérfidas. O Centro Espírita é a pequena e humilde fortaleza da Verdade na Terra da Mentira. Tem a obrigação de lutar para que a Verdade prevaleça em toda a sua dignidade.
            A incapacidade humana para assimilar os ensinos de Jesus levou o cristianismo a dois extremos que somente Kardec soube rejeitar, estabelecendo o equilíbrio na balança do bom-senso. Os espíritas não podem oscilar entre o extremo da arrogância criminosa, geradora de guerras e destruições, e o extremo da covardia disfarçada em humildade, que sempre cala e tudo cede aos insolentes agressores. Há um limite para a tolerância, traçado por Jesus em torno da mulher inerme que os hipócritas queriam apedrejar. Quem não defende a Verdade traída e conspurcada pela mentira não é digno dela. E quem não é digno da Verdade entrega-se a mentira. A figura evangélica de Jesus é recortada em traços fortes e viris. Sua coragem encarna-se na Terra para enfrentar os poderosos do tempo, sem recorrer a sofismas, sua bravura ao entregar-se para o sacrifício da cruz para ensinar aos homens a glória de morrer pela Verdade __ são lições que devemos aprender, se quisermos nos fazer dignos de segui-lo.
            O Centro Espírita se entranha naturalmente na comunidade, é parte delam um órgão ativo e operante da estrutura social. Por mais humilde e simples que seja, é uma fonte de consolações, um posto de orientação para os que se aturdem e se transviam, mãos amigas estendidas na benção do passe, canal sempre aberto da caridade e do amor. Mas é também a trincheira serena e vigilante da Verdade, o tribunal que não condena, mas ajuda e absolve através do esclarecimento espiritual. Os que buscam a paz e a esperança encontram nele a compreensão que pacifica o espírito e a razão que justifica a fé nas provas da verdade. Por tudo isso a sua posição na comunidade é a de um coração comum aberto a todos e a de uma consciência lúcida a orientar a todos, na permanente doação dos ensinos e socorros gratuitos.
            A responsabilidade dos dirigentes e colaboradores dessa instituição cristã, humilde e simples é, entretanto, grandiosa e complexa. A voz dos espíritos soa dia e noite no silêncio dessa concha acústica da verdade, no murmúrio secreto das fontes da intuição, advertindo aos que sofrem e aos que gozam quanto à precariedade das ilusões terrenas e a eternidade das leis da vida no Universo Infinito. Quanto mais simples é o Centro em bens materiais, maior é sua riqueza em bens espirituais. (1 b)

4º. __ RAÍZES AFRICANAS.
            O Centro Espírita apresenta-se, ás vezes, entre nós na dupla forma de Centro e de Terreiro. Isso repugna à maioria dos espíritas que vêem no Terreiro uma explosão de práticas supersticiosas africanas, inegavelmente de origem selvagem. Na verdade, isso acontece por falta de estudo da Doutrina Espírita nos Centros. Os culpados desse fato não são as pessoas simples que acreditam mais na força dos Orixás do que na ajuda inteligente dos Espíritos esclarecidos. A culpa é dos dirigentes de Centro que se atrevem a dirigi-los sem tomar conhecimento dos mais rudimentares princípios do Espiritismo. Em última instância, a culpa é da nossa pobreza cultural. Pois muitos pesquisadores do Brasil e do Mundo, chamam de Espiritismo, não só a Doutrina Espírita, mas todas as manifestações de magia primitiva e de mediunismo popular. Por este motivo, não podemos condenar a nossa gente hulmide por esta confusão. Allan Kardec criou a palavra Espiritismo para designar a doutrina que ele formulou, com os dados da revelação dos Espíritos Superiores, transmitidos por médiuns em suas sessões experimentais, e com os dados de suas pesquisas pessoais e das ilações que delas naturalmente tirara. Essas Doutrinas como o reconheceram todos os estudiosos sérios no Mundo, constitui-se de partes sucessivas, referentes aos do Conhecimento: a Ciência, a Filosofia, e a Religião. Kardec sempre considerou a Religião, no Espiritismo, como uma conseqüência das partes anteriores.
            Restringindo-se à Ciência e à Filosofia Espírita, como cerne positivo da Doutrina, Kardec considerou a Moral e a Religião Espírita como derivações naturais e necessárias da nova concepção do Mundo, do Homem, e da Vida que a Doutrina estabelecia. O instituto de França reconheceu a Filosofia Espírita. No Brasil, a Filosofia Espírita é apresentada como parte integrante e ativa do nosso panorama filosófico. Não podemos misturar uma Doutrina Cientifica e Filosófica com práticas africanas e de magia primitiva das selvas, em suas sedes. Trata-se de uma questão de método e cultura.
            Não podemos compreender que num Centro Espírita, iluminado pelas luzes da Doutrina Espírita, admita-se a introdução de práticas primitivas, tais as que são usadas na Umbanda, Candomblé e Quimbanda. As energias espirituais superiores, empregadas pelos Espíritos benevolentes nos trabalhos espíritas são muito mais poderosas do que todas as fórmulas mágicas das selvas. O Centro Espírita infestado por essas práticas torna-se um organismo em deterioração. Fogem da sua finalidade.
            O homem é o espírito que elevou sobre todos os estágios naturais e atingiu os planos superiores da consciência. Sua responsabilidade espiritual, como dizia Léon Diniz, é grande e pesada. No Centro Espírita a compreensão desse problema deve ser permanente pelo menos de parte dos que o dirigem.
            Através dos Centros Espíritas e outras instituições doutrinárias as massas de várias procedências vão assimilando os ensinos espíritas e integrando-se nas suas práticas.
            Cabe ao Centro Espírita a responsabilidade de vigilância na defesa da pureza doutrinária do Espiritismo, ante a violência e confusão dessas faze crítica do sincretismo religioso. Mas é necessário estudo, com muito critério lógico, muita compreensão, humildade e amor para que os centros possam cumprir a sua missão esclarecedora e orientadora. (1)

5º. __ DEUS NO CENTRO.
            Há bem mais de um século que os sacerdotes, os pastores, os catequistas e as mais altas autoridades das religiões cristãs no mundo de Deus acusam o Espiritismo de Invenção Diabólica e O Centro Espírita de casa do Diabo. Com o correr do tempo esta situação foi se modificando. Todos eles começaram a perceber que os espíritas também eram filhos de Deus e merecem a benção do Pai. Aliviado, destes preconceitos, o Centro Espírita passou a atrair os crentes.
            Nos idos de 1930, em São Paulo, havia um padre que dizia: que quem vive de mãos dada com o Demônio não tem o direito de proferir o Santo Nome de Deus. Mas o tempo que tudo cura e tudo prova, curou a fúria do padre e provou que Deus está também no Centro Espírita. Deus, não pede licença a ninguém para estar em toda a parte e em tudo, segundo a Onipresença Divina.
            Deus está no Centro Espírita.
            No Centro Espírita a presença de Deus se faz sentir nas manifestações mediúnicas que derrubam as barreiras da morte, pelas declarações unânimes dos Espíritos superiores, comprovadamente possuidores de conhecimentos muito superiores aos nossos, pela revelação, comprovada através de pesquisas e experiências científicas de sábios eminentes do século passado e deste século, de que existem no homem potencialidades muito superiores às que ele revela quando encarnado, sujeito aos condicionamentos da vida carnal.
            Deus é a fonte causal de toda a realidade.
            Kardec, segundo este princípio, tirou a lei espírita, a qual: Não há efeitos inteligentes sem uma causa inteligente, e a grandeza dos efeitos revela a grandeza da causa. Esse raciocínio básico das provas espíritas da existência de Deus. Também é comprovada a presença de Deus no Centro Espírita, pela presença de seus mensageiros, os Espíritos Superiores a seu serviço por todo o infinito. Mas é sobre tudo no coração dos humildes que Deus se afirma com realidade viva e atuante, nas sessões de auxilio espiritual.
            Como acontece com um coração de mãe angustiado, que se alivia e alegra-se ao receber a visita do filho querido morto para sempre, numa comunicação mediúnica oral ou numa aparição pela vidência despertada na mãe. Numa comprovação pela aparição tangível ou materialização, como no caso famoso de Frederico Finger e sua esposa, que, em Belém do Pára, através da mediunidade de Ana Prado, uma mulher humilde, tiveram a oportunidade de retomar sua filha Raquel novamente nos braços, senta-la no colo e conversar com ela viva e alegre, que censurava a mãe por se trajar de luto. Um sábio famoso como Cesare Lombroso, que combatia o Espiritismo como superstição infundada, teve como prova aparição tangível de sua própria mãe desencarnada, em sessão com a médium Eusápia Paladino, presidida pelo Prof. Chiaia, da Universidade de Milão. Lombroso abraçou a mãe, que falou com ele e nos dias seguintes declarava, em um artigo na revista Ombra e Luce, daquela cidade, retratando-se: “Nenhum gigante da força e do pensamento poderia fazer para mim o que fez essa pobre mulher analfabeta __ arrancar minha mãe do túmulo e devolvê-la aos meus braços”. Isso acontecia com a permissão de Deus, provocadas em nome de Deus, em sessões em que o ingrediente Deus sempre estava presente.
            O Centro Espírita se caracteriza, assim, como um centro de comunicações entre vivos e mortos. Estes serviços que fazem em nome de Deus são gratuitos. E Ele está presente em todos os Centros Espíritas em que criaturas que se reúnem de coração puro, confiantes no seu poder infinito. Os dirigentes espírita precisam meditar diariamente nas responsabilidades que assumem ao aceitar os seus cargos, que na verdade são encargos Divinos.
            Não vemos Deus no Centro Espírita porque não temos condição para isso, mas podemos vê-lo no semblante sincero e ingênuo e no coração puro dos que não alimentam vaidades e preconceitos negativos ao nosso redor. Deus está ali, diante de nós, como um Ser visível e corporal. Ele impregna o Centro, como impregna o recinto de todos os templos freqüentados por criaturas sem maldades e sem reservas. Vemos Deus nos rostos da pessoas que se entregam com a amor ao serviço do bem, ou tocamos as suas mãos quando tocamos as mãos sinceras e boas dos que nos amam sem restrições. Deus no centro é Deus em nós, ajudando-nos a crescer com o fermento da fraternidade, que Ele pouco a pouco aumenta em nossa medida de farinha, na proporção em que a farinha do nosso egoísmo absorve o fermento e se transforma no pão que nos alimenta a alma.
            Deus no centro não é a presença exclusiva para ninguém, mas presença inclusiva para todos, a todos incluídos em Seu chamado para a vida do Espírito. Os que compreenderem e sentirem sua presença no Centro levarão consigo para casa. As pretensões de superioridade, o desejo egoísta, o ciúme corrosivo, e o julgamento do próximo, não nos deixam perceber a bondade de Deus. Os que se sacrificam para melhorar a Terra, dando de si o que podem e o que não podem __ esses fazem a Vontade de Deus. Mas aqueles que destilam venenos com suas línguas não podem perceber a presença de Deus no Centro e só percebem os espíritos malévolos e sofredores. (1)




6º. __ AS ALMAS FRÁGEIS.
            O Centro Espírita é o refugio das almas, encarnadas e desencarnadas. Jesus de Nazaré, que os judeus esperavam como o Cristo das novas guerras de conquista, surgiu humilde e simples, modesto filho de uma família operária. De suas mãos surgiram práticas novas, em que o fluxo divino dispensava os paramentos suntuosos dos canais oficiais da Divindade. E, com esses fluir espontâneo do amor e da bondade naturais, derramaram-se na terra dos corações as sementes da Boa Nova.
            O Centro Espírita nasceu como Jesus e com Jesus, sem os aparatos inúteis do formalismo religioso, restabelecendo nas almas a confiança em si mesmas, despertando-lhes a percepção de sua natureza divina. As almas frágeis tornaram-se fortes na fraqueza da simplicidade.
            O episódio de Pedro em Jope, recusando-se a atender o centurião Cornélius __ impuro comandante de centúrias romanas __ mas atendendo-o por mandato mediúnico de inesperada vidência, mostra-nos ainda hoje como se processou a metamorfose do judeu formalista em cristão fraterno. Pedro vai à casa de Cornélius e se surpreende com a família impura tomada pelo Espírito. A manifestação mediúnica em local profano lhe ensinava o que era o Batismo do Espírito; que até então ele não pudera compreender. Nascia ali, o primeiro Centro Espírita numa casa de familia. E Pedro voltou a Jerusalém para contar para os apóstolos o que vira com os seus próprios olhos e o que sentira com o coração.
            O Espiritismo abalou as estruturas do mundo artificial dos homens, revelando-lhes assustadoras perspectivas de responsabilidade moral espiritual. Subverteu a ordem extática das aparências convencionais e soltou sobre as Igrejas, as Academias, as Universidades, os Gabinetes dos sábios e toda a estrutura vacilantes das Ciências os seus fantasmas até então considerados como simples ficções literárias. Em vão, por toda a parte, os conservadores de um passado já morto __ embalsamadores de múmias culturais __ se levantaram por todo o mundo tentando afugentar os fantasmas invasores. De nada valeram os conluios secretos, as decisões arbitrárias dos juizes sem toga, as maldições dos prelados poderosos. Os fantasmas não pediam licença para aparecer e tumultuaram o panorama cultural, suscitando polêmicas violentas entre figurões mundiais do saber. Em meio ao temporal, as almas frágeis se refugiavam humildes nas reuniões familiais do velho culto pneumático ressuscitado. E dessas reuniões domésticas, como o Cristianismo Primitivo, das tertúlias as sombras das figueiras de Betânia, com as figuras simples e amorosas de Lázaro, Marta e Maria ao redor do Mestre, nasciam e se multiplicavam os Centros Espíritas.
            O Centro Espírita, como a relva, nasce por toda a parte, e quando os poderes temporais o decompõem ou esmagam, ele renasce com teimosia desafiante. Porque aqueles que viram e conheceram a Verdade, que a sentiram ao menos uma vez sem seus corações, jamais a esquecem e jamais a negam. As almas frágeis se fizeram fortes ao sopro dos ventos proféticos. Os que dizem ter sido espíritas e deixando a Doutrina, nunca o foram. Se tivessem penetrado no conhecimento doutrinário, de mente e coração, não poderiam voltar à ignorância do niilismo sem fundamento ou às fábulas do religiosismo contraditório e absurdo. As almas frágeis precisam ser constantemente vigiadas e orientadas no Centro Espírita, pois se entregam facilmente a um misticismo inferior, tentando alcançar angelitude através de submissão interesseira a espíritos mistificadores, dirigentes de vistas curtas e médiuns pretensiosos.
            Os presidentes e dirigentes de Centros precisam exercer rigorosa vigilância em suas instituições, para que essas almas infantis não deturpem santamente a Doutrina, com as melhores intenções de que o inferno está cheio. Todas as formas de resíduos do passado igrejeiro agradam a essas almas traumatizadas, que são atraídas ao Espiritismo precisamente para se curarem nele e não para prejudicá-lo.
            O Espiritismo não é uma Doutrina de passividade contemplativa. Sua finalidade, como os Espíritos superiores disseram a Kardec, é revolucionar o mundo interior, modificando para melhor. A essência cristã do Espiritismo reflete as atitudes vigorosas do Cristo em luta com as estruturas asfixiantes do Mundo Antigo. O espírita verdadeiro é um construtor do futuro. Cabe-lhe o dever inalienável de estudar a Doutrina, aprofundar-se no seu conhecimento, difundi-la com vigor e confiança para que a sua luz solar afugente as trevas de um passado contraditório de lamúrias, imprecações e louvores subservientes a Deus, como se Deus fosse um tirano injusto à espera dos nossos rapapés para nos conceder a sua proteção.
            O consolo que o Espiritismo nos dá não é a proteção fictícia da fé cega, dos sacramentos vazios de sentido, do socorro espiritual egoísta, em forma de privilégios injustificáveis, do paternalismo dos sacerdotes profissionais, dos agrados interesseiros de médiuns venais. O Espiritismo nos consola como o fez o Cristo, provando aos seus discípulos que cada um de nós é um ser imortal, de natureza divina, que nasce para morrer, pois a morte é o fim do aprendizado terreno, de maneira que morremos para ressuscitar em plano superior, a fim de prosseguirmos a nossa evolução em condições mais favoráveis.
             A Filosofia Existencial ao nosso tempo sanciona essa verdade espírita, sustentando que o homem passa pela existência terrena como um viajante que atravessa uma região estranha, aprendendo a vencer por si mesmo as dificuldades, adquirindo experiências para depois avançar em nova direção. Até um cético, como Sartre, viu-se obrigado a admitir que nascemos como seres pré-existentes num plano metafísico, projetando-nos na existência física para fazer uma trajetória de experiências na busca da transcendência, desenvolvendo potencialidades que devem levar-nos à condição divina. Cego de um olho, não conseguiu ver a passagem do ser através da morte e considerou esta como o fim, a frustração dos anseios de transcendência. Mas Martin Heidegger enxergou mais longe e proclamou: “O homem se completa na morte”. Kierkegaard, teólogo dinamarquês protestante, fundador do Existencialismo, entendeu que o homem é o parceiro de Deus na Eternidade e por isso só pode, de fato, comunicar-se com Deus, que é o Outro, no diálogo das almas. O Espiritismo esclarece essas teorias filosóficas ainda confusas, mostrando que a realidade existencial do homem, aqui e no além, pode ser comprovada pelas pesquisas científicas, como na verdade já o foi.
            No Centro Espírita as almas frágeis dos rezadores lamurientos encontram os elementos necessários à recuperação de suas forças, de sua virilidade espiritual, para ressuscitarem-se a si mesmas das cinzas do passado.
            Não podemos transformar os Centros Espíritas em escolas simplórias, devemos estudar muito a doutrina, porém sem esquecer a prática espírita tradicional, que são as manifestações mediúnicas. Para que isso ocorra com segurança, se faz necessário o preparo dos médiuns, através de um estudo constante e organizado dentro dos ensinametos enunciados pela codificação elaborada por Kardec. Pois não podemos suprimir as sessões mediúnicas em que se realizam os diálogos de doutrinação de encarnados e desencarnados.
            O que o Espiritismo exige de nós não é uma renovação doutrinária, mas o expurgo das infiltrações espúrias dos Centros, produzidas pela leviandade de praticantes que se desviaram da orientação doutrinária, adotando atitudes, fórmulas e práticas antiquadas.
            Devemos usar o bom senso em tudo, recentemente em uma instituição espírita paulista, introduziu-se, o princípio do jejum sexual, mesmo para casais. Marido e mulher deviam privar-se de relações impuras, se quisessem preparar-se para uma vida espiritual superior. A repressão sexual leva fatalmente a situações patológicas. Sexo é lei, é lei básica da Natureza.
            A função sexual não é só reprodutora, mas também diretora do equilíbrio orgânico e psíquico da criatura humana. Nos Centros Espíritas, estabelecer sistemas de abstinência sexual, como forma de comportamento espiritual, é simplesmente negar toda a Doutrina, que tem por fundamentos a evolução humana através da reencarnação, do relacionamento afetivo entre homem e mulher, da criação e educação dos filhos, da formação familial como célula básica de todas as estruturas sociais e raciais. O Espiritismo condena os abusos, que são condenados pelos princípios espíritas da moral evangélica. Essa moral, como vemos nos textos evangélicos, não é condenatória nem repressiva ao sexo. O que ela pretende é moralizar o sexo e não condená-lo e suprimi-lo.
            O Espiritismo esclarece a questão sexual em termos racionais, levando em conta a naturalidade das funções humanas na vida terrena. (1º)

7º. - DISCIPLINA FRATERNA.
            O problema da disciplina no Centro Espírita é dos mais melindrosos e deve ser encarado entre as coordenadas da ordem e da tolerância. Não se pode e nem se deve manter uma disciplina rígida, de tipo militar. O centro é um instrumento coordenador das atividades espirituais. Nas sessões teóricas e praticas a questão de horário é imperiosa, mas não devemos sobre por-se ao amor fraterno. Não é justo deixamos de fora das sessões companheiros dedicados ou necessitados, porque chegaram dois a três minutos atrasados. Ainda vivemos no mundo material, em que as pessoas lutam com dificuldades várias no tocante à locomoção, aos embaraços de compromissos diversos, e é justo que se dê uma pequena margem de tolerância no horário. Está margem deve-se deixar ao dirigente do trabalho, que saberá dosar e segundo as conveniências. O rigor de horário pode causar dissabores entre os freqüentadores que muitas vezes correm para chegar no horário e sofrem algum impedimento, e isso cria magoas e aborrecimentos, que são perfeitamente superáveis. Devemos em todas as reuniões, esclarecer a respeito do horário e das possíveis flexibilidade, deste modo a disciplina não tem aspecto opressivo.
            Essa mesma dosagem de ordem e tolerância deve ser aplicada a outros problemas, de maneira a assegurar-se, o mais possível, um ambiente geral sem prevenções, que muito ajudará na realização dos trabalhos.
            As almas fortes são aquelas que procedem de linhas evolutivas em que os espíritos se aperfeiçoam no uso da independência e da coragem. Trazem consigo um condicionamento disciplinar que não aceita facilmente as concessões a que aludimos. Uma palavra rude de uma alma forte, mesmo não intencional, pode ferir a susceptibilidade de uma de uma frágil, prejudicando-a no seu equilíbrio por uma insignificância. Os dirigentes de trabalhos devem cuidar de evitar esses pequenos atritos que não raro têm conseqüências muito maiores do que pensa. Em se tratando de Espiritismo, tudo se deve fazer para manter-se um ambiente de compreensão e fraternidade, sem exageros, tocando o quanto possível de alegria e camaradagem. Num ambiente assim arejado, desprovido de tensões, a espiritualidade flui com facilidades e os Espíritos orientadores encontram mais oportunidades de tocar os corações e iluminar as mentes. Por menor que seja o Centro dispõe sempre de mais de um setor de atividades. Deve-se fazer o possível para que em todos eles reine um ambiente fraterno, que é o mais poderoso antídoto dos desentendimentos. Mesmos nos trabalhos que exige mais severidade, como no caso das sessões de desobesessão, deve ser tocada pela boa-vontade e a compreensão fraterna. Sem isso, particularmente em se tratando de desobesessão, dificilmente conseguiríamos resultados satisfatórios. Mas a franqueza também é elemento importante na boa solução dos problemas. Quando necessário, o dirigente deve chamar o obsedado em particular e expor-lhe com clareza o que observou a seu respeito, aconselhando-o a mudar o comportamento para poder melhorar. A verdade deve estar presente em todos os momentos das atividades espirituais, mas a verdade nunca pode ser agressiva, sob pena de produzir o contrário do que se deseja.
            O desejo desta obra é ajudar os companheiros que tantas vezes se aturdem com sua dificuldades encontradas. A disciplina de um Centro Espírita é principalmente moral e espiritual, abrangendo todos os seus aspectos, mas tendo por constante e invariável a orientação e a pureza de intenções. Os que mais contribuem para o Centro são os que trabalham, freqüentam, estudam e procuram seguir um roteiro de fidelidade à Codificação Kardequiana. Os problemas do Centro são de ordem profunda no campo do espírito. Sem muita propaganda e estardalhaços, não podemos desprezar as oportunidades de orientação doutrinária para o povo em geral.
            O Centro Espírita, na sua singeleza, na sua humildade e na sua pobreza __ pequenina semente que os abismos ameaçam tragar __ sustenta a chama da esperança cristã- humanista e trabalha em silêncio na restauração da Verdade. O Centro Espírita é a cruz da paciência que Jesus nos deixou como herança do seu martírio. A disciplina no Centro Espírita, não pode ser a dos homens, mas as dos anjos que servem ao Senhor, a disciplina do amor e da tolerância. Pois, nestes locais não lidamos com soldados ou guerreiros, mas sim com doentes da alma. A evolução humana se processa no concreto em direção ao abstrato, o que vale dizer da matéria para o espírito ou do corpo para a alma. Na penumbra do Centro Espírita, suspeita para os sábios e os poderosos, Deus escondera a chave do mistério. (1)

8º. __ AS QUESTÕES POLÍTICAS.
            No Brasil e na maioria das nações em que o Espiritismo floresceu suficientemente, as instituições espíritas se defrontam às vezes com o problema das infiltrações políticas nos Centros. Muitos Centros em épocas eleitorais se tornam até comitê de espíritas candidatos a algum cargo eletivo. Surge então o perigo das deformações doutrinárias nos Centros, geralmente empolgados pela possibilidade de eleição de um companheiro ou aliado para representação político.
            O espírita, como cidadão, pode e deve participar da Política, de acordo com os ditames da sua consciência, mas não tem o direito de se apresentar ao eleitorado como candidato espírita, porque o Espiritismo não é não tem e não pode ter uma posição política.
            O Espiritismo é a Ciência do Espírito e não rés publica.
            É no exame desse problema que compreendemos a resposta do Cristo aos que desejavam envolvê-lo nos problemas políticos do tempo: “Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.” Que o cidadão dê ao estado o que lhe compete dar, mas não se esqueça de reservar para Deus o que só a ele pertence: a sua qualificação de Espírita no plano religioso. Nesse plano, o espírita tem deveres específicos, que são os da fidelidade à Doutrina, a preservação da sua pureza, evitando desviá-la de seu objetivo exclusivamente espiritual.  
            A função do Espiritismo na política é a da formação espiritual dos homens para que exerçam como cidadãos, influência benéfica na solução dos problemas políticos através do bom senso e da retidão de consciência, quando chamado ou convocado para funções administrativas na área do Estado. Servir o Mundo através de Deus é a sua função, e não servir a Deus através do mundo, que nada pode dar a Deus, senão a obediência das Leis divinas. Jamais devemos esquecer que Kardec é a base e a cúpula da doutrina, com o apoio, que nunca lhe faltou, do espírito de Verdade. (1)

9º. __ PROBLEMAS RELIGIOSOS.
            O Espiritismo é religião?
            Como o Espiritismo, fiel ao espírito de renovação cristã, não aceitou o culto exterior, a organização clerical profissional, nem aos rituais, as Igrejas Cristãs fundaram-se nisso para declarar que o Espiritismo não era religião.
            Mas os espíritas precisam saber que o Espiritismo é religião e o Centro Espírita, geralmente religioso, deve insistir no esclarecimento desse problema em suas reuniões.
            E esse fato é aquele que Kardec esclareceu com segurança desde o início do movimento espírita: o Espiritismo é a Ciência do Espírito e suas relações com os homens; dessa Ciência resulta uma Filosofia e dessa Filosofia as conseqüências religiosos do Espiritismo, que constituem a religião Espírita.
            Depois das pesquisas cientificas de Kardec, surgiram a Metapsíquica de Richet, a Psicobiofísica de Notzing e, por fim, a Parapsicologia atual, todas elas filhas do Espiritismo. A Parapsicologia foi a derradeira e decisiva confirmação dos fenômenos paranormais, os fenômenos espíritas que se integravam nos quadros científicos.
            A Ciência Espírita revelou a face oculta da realidade que conhecemos e em que vivemos. Levantou as cortinas que ocultam os bastidores do palco em que representamos os nossos papéis e duplicou os conhecimentos humanos, até então restritos ao plano exterior das manifestações da vida.
            A Religião Espírita é a conseqüência natural da descoberta cientifica da sobrevivência e continuidade do homem após a morte. Cientificamente não se pode provar a imortalidade, pois não dispomos de recursos nem de tempo para constatar objetivamente que o homem é imortal em sua essência, mas o testemunho dos Espíritos Superiores e as conseqüências lógicas da sobrevivência do homem após a morte nos levam fatalmente à ilação da imortalidade, que o Espiritismo aceitou em seu campo religioso, bem como em sua Filosofia.
            A Religião Espírita se funda nas provas cientificas da sobrevivência e da comunicabilidade dos Espíritos com os homens através dos fenômenos paranormais (hoje comprovada cientificamente pela Parapsicologia), na existência de Deus como causa inteligente e primária de todas as coisas e de todos os seres e nas relações possíveis entre Homem e Deus através do sentimento religioso inato no Homem, na forma de uma lei de adoração e reverência aos poderes superiores que regem o Cosmos em sua plenitude.
            A Religião Espírita apareceu então, no quadro das pesquisas, como o modelo ideal das religiões do Futuro.
            A Religião Espírita é também revelada, mas através de uma conjugação humano-divina. Os Espíritos Superiores fizeram revelações a Kardec, mas ele não as considerou válidas, reais, enquanto não pôde comprovar a sua veracidade através das pesquisas. Kardec formulou a tese da dupla revelação: a que é dada por entidades espirituais ou por homens dotados de poderes paranormais e a que é feita pelos cientistas que investigam a Natureza, descobrem os segredos e os revelam no plano científico. É dessa dupla revelação rejeitada pelos místicos e os supersticiosos, que se constitui a Religião Espírita, que não se acomoda na fé cega, mas exige a fé raciocinada, sancionada pelos fatos e pela razão esclarecida. Era o fim das fábulas e das superstições, o encontro da razão humana com a Verdade Divina.
            Hoje, as pessoas realmente cultas e sinceras, estudiosas e livres de preconceitos, sabem que o Espiritismo dos simples é apenas um reflexo do Espiritismo dos sábios, que os próprios sábios materialistas são obrigados a reconhecer como válido. Para todas as encenações e todos os sacramentos o Espiritismo só tem um substitutivo: a prece espontânea e sincera, gratuita, que parte diretamente do coração da criatura para a Mente Suprema de Deus. Os dirigentes espíritas devem sempre mostrar, que, no plano do espírito só os elementos espirituais tem valor. Não se pode curar obsessões com sal grosso, folhas de arruda, incenso ou explosões de pólvora, nem com medalhas e crucifixos ou água benta. A obsessão é um processo inteligente desencadeado por espíritos __ o que vale dizer por inteligências extra-físicas que não são atingidas por essas coisas. Pois eles vivem no plano espiritual, não no material e conhecem o problema da comunicação mediúnica e do desenvolvimento fluídico. Só podemos afastar uma entidade obsessiva pela persuasão e a prece, procurando esclarecê-la ao invés de dar-lhe ordens que só fazem irritá-la. A Razão não pertence à matéria, mas ao espírito. O exorcismo, só prejudica os que realizam e os obsedados, a doutrinação espírita revela por toda parte a vantagem da ação persuasiva e inteligente sobre os agressores inteligentes. O valor da prece, mental ou falada, revela-se sempre eficaz, pois a vibração espiritual de uma prece sincera atinge o obsessor de maneira envolvente, chamando-o à razão.          
            No tocante aos problemas da prece, convém lembrar, como ensina Kardec, que as mais eficazes são as preces espontâneas, não formais e decoradas, mas pronunciadas com sentimento e desejo real, consciente, de beneficiar tanto à vítima quanto ao algoz. Entre as preces formais, a do Pai Nosso se destaca por uma condição especial. Integrada a dois mil anos e foi ensinada por Jesus Cristo. Seu prestigio e sua capacidade de despertar emoções religiosas nos espíritos comprova-se diariamente no mundo. É por isso que ela é empregada sistematicamente na abertura das sessões espíritas. Constitui-se numa forma oral e mental carregada de energias espirituais.
            Os espíritos perturbadores, que Têm consciência de sua {posição negativa e criminosa __ pois todos a têm __ são tocados no íntimo, em sua sensibilidade profunda e em sua afetividade quando ouvem essa prece, principalmente se pronunciada por pessoas que sentem a sua mensagem e conhecem as razões da sua eficácia.
            O Pai Nosso é uma prece sintética, modelo dado por Jesus aos seus discípulos, para que nela encontrem, diariamente, a síntese final dos seus ensinos. A dinâmica dessa síntese desperta a memória dos homens e das entidades espirituais para a fé em Deus, a esperança em nossa evolução espiritual e a confiança no poder absoluto e na misericórdia d’Aquele que nos arranca do limo da Terra para as ascensões da evolução universal.
            Ela é uma prece cristã pura, dotada de todas as características do pensamento superior de Jesus, que sempre pairou acima dos divisionismos sectários. (1º)

10º. __ OS ESPÍRITOS CURAM.
            A Terapêutica Espirita abrange todos os ramos da Medicina. Urbano de Assis Xavier, cirurgião-dentista e médium de grande sensibilidade, serviu de intermediário para muitas curas e gostava de pesquisar essa questão. Ele insistia na necessidade de se compreender que o médium é simplesmente, nesses casos, um instrumento passivo nas mãos dos espíritos. Os espíritos curam e não os médiuns. Sem essas compreensão humilde de parte dos médiuns eles se arriscavam a cair nas armadilhas da sua própria vaidade, que os leva a atitudes ridículas e comprometedoras para o Centro e a Doutrina. Um médium que se julga capaz de curar por si mesmo é um ignorante um inconsistente, que facilmente se transforma num charlatão ambicioso, tomador de dinheiro do próximo.
            Como Kardec advertia, dois fatores garantem a faculdade curadora real de um médium: a sua humildade e o seu desinteresse. Os dirigentes de Centros precisam ter a maior cautela e observar atenta e permanentemente os médiuns curadores de que dispuser nos seus trabalhos.
            A cura espírita não se efetua, por mais dedicados que sejamos ao Espiritismo, por mais abnegados no tocante ao próximo, se a doença ou deficiência que sofremos for em si mesma o remédio do que de fato precisamos. Os interesses superiores da evolução espiritual estão sempre acima dos nossos interesses individuais e passageiros. Fala-se muita de méritos e recompensas, mas não se trata só disso na questão das curas. Para Deus e, portanto para os Espíritos Superiores, a doença é cura de nossas imperfeições e a cura é que nos predispõe para as provas que ainda teremos de enfrentar.
            Por tudo isso, enganam-se os médicos que encaram a terapêutica espírita, hoje chamada de paranormal, como uma forma de concorrência do Espiritismo com a Medicina. Os médiuns não podem curar o que querem e quando querem. Por isso Jesus empregava a expressão figurada “Perdoados foram os teus pecados”.  Quando conseguia curar alguém. Os pecados estavam perdoados porque a pena havia chegado ao fim. Nossa evolução é um processo natural de desenvolvimento de nossas potencialidades. Aquilo que obstruir esse desenvolvimento provoca coágulos na estrutura psíquica, extremamente fluídica, gerando doenças e deficiências orgânicas. Aquilo que facilita o desenvolvimento produz curas e possibilidades de curas. Essas possibilidade podem resultar em curas, tanto por intervenção mediúnica quanto por intervenção médica. Quando ocorre falha no tratamento médico e a cura ocorre através do médium, ou vice-versa, não decorre de méritos deste ou daquele, mas da necessidades reais do paciente. Se este necessita de fortalecer sua fé ou de quebrar o seu orgulho, pode receber a cura mediúnica ou espiritual, e se aquele precisa submeter-se a intervenções cirúrgicas, para reequilibrar sua consciência em relação ao passado, não conseguira a cura paranormal. E resultado da observância, determinas pelas leis de Causa e Efeitos da vida atual da pessoa. No Centro Espírita o problema das curas não pode restringir-se a tentativas ocasionais ou aleatórias.
            A Doutrina Espírita, Plataforma Cultural do futuro do Mundo, é apresentada aos nossos meios culturais como delírio místico de multidões sertanejas, aprovado e sustentado por intelectualóides citadinos. Nunca se viu no mundo coisa semelhante: um monumento de lógica e de critério científico, que nos veio da França pelas mãos de um sábio extremamente ponderado __ o próprio bom senso encarnado, como o chamaram e chamam ainda hoje __, transformado pelos seus próprios adeptos na mais absurda moxinifada de todos os tempos. Nem mesmo o Cristianismo foi tão aviltado.
            Só da humildade e pureza do Centro Espírita poderá surgir a reação salvadora. Repelindo as mistificações e adulterações que estão sempre ocorrendo, nas instituições em que falta humildade.
            Entre os problemas da cura espírita, o que mais deve nos interessar, nos trabalhos do Centro Espírita, e a cura da vaidade no coração dos homens. Evitemos a suntuosidade no movimento doutrinário se quisermos que ele se conserve puro e simples.
            O Centro Espírita deve ser humilde e simples, onde todos são iguais, unidos espontaneamente no trabalho de amor ao próximo e louvor a Deus. (1)

11º. __ METAMORFOSE RELIGIOSA.
            As Religiões são organismos vivos, integrados pelas células individuais dos adeptos, crescem no tempo, passando por todas as transformações do crescimento.
            E mais uma vez, na emulsão da filogênese sempre atuante, vamos ter, na sucessão de dois milênios, o aparecimento das gerações microscópicas, mas prolíferas dos Centros Espíritas.
            Os filósofos do Nada, esses nadificadores de si mesmos, e os que se interessam pela realidade sensorial, vivem apenas uma meia-vida, conhecem apenas a superfície opaca da Terra e não podem opinar sobre a realidade total encarada e pesquisada pelo Espiritismo. Temos o direito de negar esses filósofos, como Kardec negou aos cientistas de seu tempo, sua suposta capacidade de criticar a Ciência Espírita.
            Kardec recebeu o ensino dos Espíritos Superiores; “Os Espíritos nascem simples e ignorantes”.
            O Centro Espirita rejeitado, caluniado, humilhado, aparece nesse processo bimilenar da evolução religiosa do Ocidente como a pedra angular da Civilização do Espírito na Era Cósmica. No Centro Espírita os ensinos de Jesus se concretizam não em ídolos e formalidades artificiais, mas no conhecimento e no saber positivo. Percebe que o que vale é o Espírito e não o corpo, pois só o Espírito realmente existe. O Centro Espírita o instrui, por ensinos e fatos, que a morte não é a condenação do Éden, mas a porta da vida, segundo a feliz expressão de Richet. O fundamento dessa moral é o princípio do amor ao próximo e a sua manifestação no plano social é a caridade.
            O Ano 2000, aguardado como hora mística de redenção universal, é apenas o ano inicial de um milênio de grandes e profundas transformações da Terra, na seqüencia natural do seu processo evolutivo. (1)

12º. __ NO CENTRO DO MUNDO
            No plano humano do confuso mundo brotam das fontes águas geradas pelas dores do mundo brotam da fontes ocultas do coração, cascateiam nos olhos e nas faces e correm céleres para o Centro Espírita, o Centro Humano do Mundo, juntando-se nas acomodações transitórias das consolações. Os caudais de lagrimas se desviam, no balanço doloroso dos desesperos, para o Centro Espiritual do Mundo, que não é mais a Catedral, nem o Templo ou a Mesquita, a Sinagoga ou a Sacristia, mas o Centro Espírita. Só ali, no convívio dos corações fraternos, ao calor das palavras esclarecedoras e amigas, no diálogo mediúnico entre vivos e mortos, o lenitivo brota das instruções amorosas e da compreensão da realidade invisível.
            O mundo vai acabar já esta mesmo nos seus últimos estertores, mas não o mundo físico e sim o mundo moral, intoxicado pelas sua próprias mentiras, hipocrisias, explorações desveladas da boa-fé dos simples.
            O Centro Espírita é hoje a semente humilde que as secas e os furacões não puderam atingir. E é nesse seu trabalho missionário e humilde, socorrendo orientando, estimulando, que ele modifica o mundo através da modificação progressiva das consciências. Somos nós, homens, os construtores do Mundo, somos nós que o fazemos bom o mau, inferior o superior. Um homem no Mundo não é um prisioneiro um robô, é uma consciência que dispõem dos equipamentos da encarnação para atingir objetivos determinados pela sua consciência
            Kardec também, como todas as criaturas, era condicionado pelo seu passado, pelas heranças biológicas, pela cultura em que nascera, e era também um Gênio que definiu Deus como Inteligência. Para Kardec, a evolução humana se faz nas existências sucessivas, em direção a Angelitude, que é o plano espiritual imediatamente superior ao da Humanidade.
            O Centro Espírita, como já vimos não se limita a consolar os aflitos com palavras. Ele prova objetivamente a sobrevivência do homem para após a morte, mostra a ação dos espíritos e o papel preponderante que eles desempenham na vida de todos nós. Graças a ele, surgiram no mundo, pelas investigações de cientistas eminentes, as Ciências Psíquicas que hoje desembocam na Parapsicologia, e através das pesquisas realizadas nos maiores centros universitários do Mundo confirmou-se a realidade espírita. Nenhuma pessoa de cultura pode negar que a visão espírita do Mundo está produzindo na Terra uma nova e esplendente cultura, uma Nova Civilização.
            Mas a eclosão do Espiritismo na França levaria o próprio Vitor Hugo a participar das sessões espíritas de Madame Giradim. O desvio histórico da metamorfose religiosa começava a ser corrigido pela interferência dos Espíritos. Eles não falavam das grandezas materiais, mas acentuavam em suas mensagens e comunicações a significação espiritual da religião.
            A Revolução Espírita, continuação e desenvolvimento da Revolução Cristã, suscitou contra ela todas as forças do mundo embriagado de grandezas terrenas. Mas O Centro Espírita já estava novamente implantado na Terra, e através dele a segunda Ressurreição do Cristo, inutilmente esperada por quase dois mil milênios, a final se realizava na Ressurreição da sua doutrina, tão diferente da chamada Doutrina Cristã das Igrejas. O Centro Espírita é hoje a estalagem da Estrada de Emáus na Terra, onde o Cristo ressuscitado parte o pão da verdade legítima com os discípulos que não o reconheceram. Nele, e só nele, a Religião não se disfarça em grandezas perecíveis e artificiais. O que nele se cultiva é a grandeza dos corações sinceros, devotados ao amor do próximo. Trabalho, solidariedade e tolerância, esse o roteiro que Kardec lhe indicou. (1)

EXERCÍCIOS:
1º.  Qual a função do Centro Espírita?
2º.  Que tipos de serviço presta o Centro Espírita para a comunidade?
3º.  Qual o elo de ligação do Centro Espírita com a sociedade?
4º.  Como sentimos a presença de Deus, no Centro Espírita?
5º.  Quais as responsabilidades dos médiuns e dos colaboradores do Centro Espírita?
6º.  Onde e como ocorreu o nascimento do primeiro Centro Espírita?
7º.  O que não podemos suprimir no Centro Espírita?
8º.  O Espírita deve ligar-se a política? Por quê?
9º.  Por que muitos dizem que o Espiritismo não é religião?
10º. O Médium tem capacidade de curar? Por quê?
11º. Quais as faculdades que o médium necessita para trabalhar na cura dos enfermos?

BIBLIOGRAFIA:
1º. AUTOR: JOSÉ HERCULANO PIRES- O CENTRO ESPÍRITA- Toda Obra - 1º. Edição                    - Janeiro 1980 - Editora Paidéia- São Paulo- SP.

                                                                        RHEDAM. (rhedam@gmail.com)

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