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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

- POEMAS ESPÍRITAS. - PARNASO DE ALÉM TÚMULO. - ANÁLISE. - AUGUSTO DOS ANJOS. - (CHICO XAVIER.)

                                            ANÁLISE.

                        Oh! Que desdita estranha a de nascermos
                        Nas sombras melancólicas dos ermos,
                        Nos recantos dos mundos inferiores,
                        Onde a luz é penumbra tênue e vaga,
                        Que, sem vigor, fraquíssima, se apaga
                        Ao furacão indômito das dores.

                        Voracidade onde a alma se mergulha,
                        Apoucado Narciso que se orgulha
                        Na profundeza do abismos
                        Da carne, que, estrambótica, apodrece;
                        Que atrofiada, hipertrófica, parece
                        Cataclismos dos grades cataclismos.

                        Prendermo-nos ao fogo dos instinto,
                        Serpentes entre escrófulas e helmintos,
                        Multiplicando as lágrimas e os trismos,
                        Tendo a alma – centelha, luz e chama –
                        Amalgamada em pântanos de lama,
Em sexualidades e histerismos.

Misturamos clarões de sentimentos
Entre vísceras, nervos, tegumentos,
Na agregação da carne e dos humores,
Atrocidade das atrocidades;
Enegrecermos luminosidades
Na macabra esterqueira dos tumores.

E nisto achar fantásticos prazeres,
Ilusão hiperbólica dos seres
Bestializados, materializados;
Espíritos em ânsias retroativas,
No transcorrer das vidas sucessivas,
Nas ferezas do instinto, atassalhados...

Mas análise crua do que eu via,
Hedionda lição de anatomia,
É mais que uma atrevida aberração;
Que se quebre o escalpelo de meus versos;
Entreguemos a Deus seus universos
Que elaboram a eterna evolução.

                                                           AUGUSTO DOS ANJOS.

                        PARAIBANO. Nasceu em 1884 e desencarnou em 1914, na Cidade de Leopoldina, Minas. Era professor no Colégio Pedro II. Inconfundível pela bizarria da técnica, bem como dos assuntos de sua predileção, deixou um só livro – Eu – que foi, aliás, suficiente para lhe dar personalidade original.

            Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA e outros autores - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.


                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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