UMA
VIDA COM AMOR XIV.
FAMA E HUMILDADE I.
UBIRATAN
MACHADO.
Gente de todo o pais, inclusive do exterior, se deslocava
àquela perdida região das Gerais, desbravada séculos antes pelo bandeirante
Fernão Dias Paes em busca de ouro. Os novos bandeirantes, espichados nas
poltronas de seus carros ou sentados nos bancos dos velhos trens da Central,
iam em busca de outro ouro, que o tempo não desgasta e o ladrão não rouba.
A responsabilidade de Chico aumentou. Para atender a todos,
multiplicou-se. Nas sessões públicas, psicografava cerca de 700 receitas. A
maioria delas ditadas pelo espírito do médico Bezerra de Menezes. Todas
prescrevendo tratamento homeopático. Sua psicografia apresentava fenômenos
raríssimos, como a xenografia (escrever em idioma que o médium ignora) e a
escrita invertida (mensagem escrita ao inverso, da direita para a esquerda,
legível ao espelho ou contra a luz).
O fato de psicografar poemas e crônicas de alguns dos
principais escritores brasileiros falecidos criou fortes laços entre o médium e
os intelectuais. Alguns procuraram conhecê-lo, não escondendo a sua admiração,
como o fez Olegário Mariano. Também a crítica, através de seus principais
representantes na época, Tristão de Athayde e Álvaro Lins, deteve-se na análise
dos livros de Chico. Mas havia também os críticos implacáveis, como o ferino
Osório Borba. O autor da Comédia Literária não perdia ocasião de desencar
Chico.
O bicho-homem, porém, é estranho. E sempre acaba irremediavelmente
fascinado por aquilo que persegue. O cético Osório Borba que considerava aquilo
tudo uma brincadeira, acabou se interessando pelo fenômeno. E, certo dia,
anonimamente, assistiu a uma sessão no Centro Espírita Luis Gonzaga. Viu e não
se convenceu. Mas apresentado a Chico, convenceu-se de sua absoluta
honestidade.
“Falou-me com bondade
que continuava não acreditando que os espíritos escrevessem por mim, e que toda
a produção que eu alegava receber do Mundo Espiritual era minha mesmo. Mas que
disse que acreditava em minha sinceridade e que eu não enganava os outros
porque desejava, mas sim porque era vítima de fenômenos ainda pouco estudados.
Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele
Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São
Paulo, SP, - Outubro de 1994.
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