CHICO XAVIER POR ELE MESMO.
UMA
VIDA COM AMOR XV.
FAMA E HUMILDADE II.
UBIRATAN
MACHADO.
Em 30 de julho de 1937, Chico Xavier teve a oportunidade de
exibir seus dons de psicografia a Agripino Grieco. Católico convicto, admirador
da Igreja e de seus grandes santos, Grieco era também um crítico implacável,
não deixando passar ocasião para fazer uma frase sarcástica, ou apenas irônica.
Temor de certos escritores que só ajeitavam o nó da gravata diante daqueles
espelhos de aumento.
Naquela data, Chico encontrava-se na casa do professor Cícero
Pereira, na Rua Bonfim, 360, em Belo Horizonte, quando foi procurado por um amigo,
Bady Curi. Esse disse que Agripino Grieco estava a sua espera, pois desejava vê-lo
em atividade psicográfica. Chico ponderou que não se devia forçar ninguém a
acreditar nos fenômenos mediúnicos. Mas o amigo insistiu tanto que a recusa se
tornou impossível.
Com a mesma habilidade, os amigos de Chico seduziram o
crítico e o encontro deu-se num centro espírita da capital mineira. Salão
lotado, Grieco sentou-se ao lado do médium, que não lhe deu nenhuma impressão
de inteligência fora do comum. “um mestiço magro, meão de altura, com os
cabelos bastante crespos e uma ligeira mancha esbranquiçada num dos olhos”,
observou.
O orientador do trabalho solicitou que Grieco rubricasse 20
folhas de papel destinadas à escrita do médium. Logo, “com uma celeridade
vertiginosa”, o lápis de Chico deslizou pelo papel, “com uma agilidade que não
teria mais o mais desenvolto dos escrivães de cartório”.
A medida que as folhas iam sendo preenchidas, sempre em grafia
legível, o critico ia verificando o conteúdo da mensagem. Primeiro, surgiu um
soneto de Augusto dos Anjos. Em seguida, antes mesmo do médium concluísse a
crônica e apusesse a assinatura do espírito, Grieco já percebera “que estava em
jogo, bem patentes, a linguagem e meneio das idéias peculiares de Humberto de
Campos”.
Entrevistado por jornais mineiros, Grieco não escondeu seu
aturdimento, respondendo com toda honestidade:
“Se é mistificação, parece-me muito bem conduzida. Tendo
lido as paródias de Albert Sorel, Paul Reboux e Charles Muller, julgo ser difícil
(isso digo com a maior lealdade) levar tão longe a técnica do pastiche. Não sei
como elucidar o caso. Fenômeno nervoso? Intervenção
extra-humana? Faltam-me estudos especializados para concluir”.
A entrevista de Grieco teve intensa repercussão, mas critico
e médium nunca mais se viram, cada um seguindo seu rumo.
Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele
Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São
Paulo, SP, - Outubro de 1994.
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