Edgard Armond
1894 - 1982
No dia 29 de novembro de 1982, às 4h30, no
Hospital Oswaldo Cruz, em
São Paulo , o comandante Edgard Armond retornou à pátria
espiritual. Estava com 88 anos completos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério
de Vila Mariana.
Do valoroso companheiro que partiu podemos
dizer que por mais de 30 anos o movimento espírita brasileiro viveu
impulsionado pelo seu dinamismo. Foi ele que sistematizou o estudo da Doutrina
em termos evangélicos e estabeleceu cursos para auxiliar o desenvolvimento de médiuns.
Foi, também, pioneiro do movimento de unificação, tendo lançado a idéia de
criação da USE — União das Sociedades Espíritas. A Federação Espírita do Estado
de São Paulo ganhou vida em suas mãos e, por 30 anos, cresceu sob seus
cuidados; em 1973, a
Aliança Espírita Evangélica nasceu sob sua inspiração.
Edgard Armond foi, sem dúvida nenhuma, o
continuador da obra de Bezerra de Menezes, no tocante à difusão e vivência do
Espiritismo em seu aspecto religioso
Em 1974, o companheiro Jacques André Conchon,
então diretor geral da Aliança Espírita Evangélica, recebeu das mãos do
comandante Edgard Armond uma seqüência de folhas datilografadas contendo sua
autobiografia.
Filho de Henrique Ferreira Armond (de
Barbacena) e de Leonor Pereira de Souza Armond (de Formiga), ambos de Minas
Gerais.
Nasceu a 14 de junho de 1894, em
Guaratinguetá, Estado de São Paulo.
Os Armond eram fidalgos franceses
huguenotes, expatriados durante as perseguições religiosas movidas por Catarina
de Médicis, na França, a partir da Noite de São Bartolomeu, em Paris, em 1519,
e que se estenderam por todo o país até 1582.
Refugiaram-se em Amsterdã, na Holanda,
dedicando-se ao comércio, transferindo-se depois para a Ilha da Madeira e dali
para o Brasil, em meados de 1700, fixando-se em uma sesmaria de terras
recebidas do governo português, entre Juiz de Fora e Barbacena, onde
construíram a primitiva Fazenda dos Moinhos.
Ascendentes: Por parte de mãe: comendador
Manoel Teixeira de Magalhães Leite, de Formiga, transferido para Guaratinguetá em
meados do século passado; e José Antonio Pereira de Souza, médico, falecido em
1904, atualmente dirigindo uma colônia de desencarnados e cooperando na
Fraternidade dos Irmãos Humildes, no Plano Espiritual., e por parte de pai:
Honório Augusto Ferreira Armond, Barão de Pitangui — do ramo de Barbacena, e Camilo
Maria Ferreira Armond, Conde de Prados — astrônomo e médico de Pedro II, do
ramo de Juiz de Fora.
Em Guaratinguetá fez os cursos primário e
secundário, transferindo-se para São Paulo em 1912, e no mesmo ano, para o Rio
de Janeiro, ingressando no comércio e, ao mesmo tempo, prosseguindo seus
estudos.
Em 1914, ao romper a Grande Guerra, voltou
para São Paulo e alistou-se na Força Pública do Estado, como praça de pré e,
dois anos depois, ingressou na Escola de Oficiais, como 1º sargento, saindo
aspirante em 1918, casando-se no ano seguinte com Nancy de Menezes, filha do
Marechal do Exército Manoel Felix de Menezes.
Comandou destacamento em Santos, São João
da Boa Vista e Amparo, fixando-se, por fim, na Capital. Como 2º tenente, organizou
e foi nomeado diretor da Biblioteca da Força Pública, sendo, ao mesmo tempo,
nomeado professor de História, Geografia e Geometria na referida Escola.
Em 1923 matriculou-se na Escola de
Farmácia e Odontologia do Estado, diplomando-se em 1926.
Em 1922 foi um dos chefes, no Estado, da
revolução que malogrou no país e que terminou com a rendição do Forte de
Copacabana, no Rio de Janeiro.
Como 1º tenente, na revolução de 1924,
combateu na Capital (São Paulo) e, em seguida, seguiu para o Paraná e Santa
Catarina, até o fim da campanha, permanecendo com a tropa de ocupação nas
fronteiras do Paraguai e Argentina, até fins de 1925.
Na Revolução de 1930, como capitão, serviu
no Estado Maior, voltando em seguida ao magistério militar na Escola de
Oficiais e no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, lecionando administração e
legislação militar.
Em 1931 fez estudos e apresentou projeto
de construção de uma estrada de rodagem, de Paraibuna a São Sebastião, visando
ligar o litoral norte, abandonado e deserto, ao Planalto e ao sul de Minas; não
havendo recursos disponíveis, utilizou praças da própria Força, prestes a serem
desincorporados; como não se tratava de serviço próprio da corporação, o
projeto sofreu grandes embaraços, mas foi, afinal, aprovado, cabendo-lhe a
direção pessoal desse empreendimento, sem contar, entretanto, com os indispensáveis
recursos materiais.
Em abril de 1931 iniciou essa construção
no Alto da Serra de Caraguatatuba, com 15 soldados e ali trabalhou até o
rompimento da revolução constitucionalista de 1932, quando assumiu o comando
daquele litoral, das divisas do Estado do Rio até Santos, controlando também o
movimento da Esquadra Nacional que mantinha vários vasos de guerra na Ilha de
São Sebastião.
Organizou tropas em Paraibuna e
Caraguatatuba e comandou-as, logo depois, no sul do Estado, nas cidades de
Itaí, Taquari e Avaré e, após a cessação da luta, foi nomeado Chefe de Polícia
do Estado, no período de transição que se seguiu, passando em seguida a compor
a Casa Militar do governador militar do Estado, General Waldomiro Lima.
Sessenta dias depois pediu demissão da
referida função para prosseguir na construção da rodovia a que se propusera, no
litoral, que se encontrava apenas iniciada, sendo então nomeado comandante de
um Batalhão de Sapadores, criado especialmente para isso, tarefa essa que
exerceu até agosto de 1934, quando interrompeu a construção por ordem superior,
entregando-a ao DER, órgão competente do governo. Já em fase adiantada e dando,
mesmo, trânsito a veículos carroçáveis, de Paraibuna até Caraguatatuba..
Essa iniciativa de caráter mais que
particular, realizada com imensos sacrifícios e dificuldades por carência de
recursos, antecipou de 40 anos o progresso dessa região, beneficiando as
cidades de Paraibuna, Natividade, Salesópolis, Ubatuba, Caraguatatuba, São
Sebastião e Ilha Bela.
Regressando em 1934, assumiu o subcomando
da Escola de Oficiais; em seguida organizou a Inspetoria Administrativa da
Força e, por conveniência organizativa, fez concurso para o quadro de
Administração da Força Pública, sendo classificado como tenente-coronel, na chefia
do Serviço de Intendência e Transporte, onde permaneceu até 1938, quando sofreu
acidente grave, permanecendo, porém, nessa chefia até 1939, quando foi transferido
para o Q.G.; solicitando reforma. Foi julgado inválido para o serviço militar,
abandonando o serviço em princípios de 1940.
Nesse último período escreveu: “Tratado de
Topografia Ligeira” (dois volumes) e “Guerra Cisplatina” (Discursos).
Após este resumo de atividades
profissionais, passamos agora às de natureza espiritual, que são as de maior
interesse e que justificam o alinhamento destes dados biográficos.
Em abril de 1938, passando pela praça João
Mendes, foi abordado por um negro pedreiro, que lhe fizera, há tempos, um
pequeno serviço em casa e que se apresentou dizendo ser freqüentador de um
Centro Espírita de Vila Mariana e recebera a incumbência de procurá-lo e
transmitir-lhe um recado, segundo o qual, em junho do referido ano, seria
vítima de um sério acidente.
Não deu importância ao aviso, mas nesse
período de tempo, sofreu dois acidentes de carro, ligeiros, dos quais se livrou
sem maiores conseqüências, até que, no dia 28 de junho, dirigindo seu carro
oficial, teve um encontro com um caminhão de água da Prefeitura, no Parque D.
Pedro II, quebrando os dois joelhos, além de outros ferimentos de menor importância.
No dia seguinte, hospitalizado e ainda em
estado de choque, foi procurado por duas pessoas: o motorista do caminhão que
vinha pedir sua proteção para não perder o emprego e a sua carta (de
habilitação), pedido esse que atendeu; e o pedreiro negro que informava que o
que aconteceu fora para poder trabalhar para o Espiritismo.
Após várias cirurgias e tratamentos
custosos, ficou quase sem poder andar durante seis meses, passando, em seguida,
a usar muletas, com grande redução de movimentos.
Solicitou então reforma do serviço, que
foi negada por não ter tempo legal de serviço ativo e poderem ainda ser
tentados outros tratamentos. Como insistisse, obteve um ano de afastamento e,
em seguida, a reforma solicitada.
Resumo de antecedentes doutrinários
Conhecia bem o espiritualismo em geral.
Em 1910, na cidade natal, iniciou estudos
sobre religiões e filosofias, demorando-se mais nos conhecimentos orientais,
mais ricos de ensinamentos e de tradições.
Em 1921, comandando na cidade de Amparo,
entrou para a Maçonaria, para conhecimento desse setor tradicional, deixando de
freqüentá-la alguns anos depois, no grau de mestre.
Regressando à capital, fez contatos
pessoais com líderes esoteristas, ocultistas e espíritas, entre outros
Krishnamurti, Krum Heler, Jenerajadasa, Raul Silva (sobrinho de Batuíra) e o
famoso médium Mirabelli, então em franco destaque no setor de efeitos físicos.
Dessa data até 1935, os acontecimentos
políticos do país absorveram-no nas funções militares no Estado e fora dele.
Em 1936 concorreu a formar, a convite de
Canuto Abreu, um grupo de estudos e praticagens espirituais, que funcionava na
residência do referido Canuto, e do qual faziam parte, além de outros não
lembrados, o dr. C.G.S. Shalders e Antonio Carlos Cardoso, ambos diretores da
Escola Politécnica, tendo oportunidade de trabalhar com o velho Ramalho, médium
de incorporação, e uma só vez com Linda Gazera, célebre por ter sido médium de
efeitos físicos na Europa, com Charles Richet e outros investigadores.
Nessa época visitou vários Centros
Espíritas particulares, que se dedicavam exclusivamente a trabalhos de efeitos
físicos nos arrabaldes da capital, todos animados pelos resultados notáveis
obtidos pela família Prado, em Belém do Pará.
Em 1932, trabalhou também com o famoso
médium dr. Luiz Parigot de Souza, do Paraná.
Lera, a essa altura, grande parte da
literatura espírita e, um domingo à tarde, anos mais tarde (1939), passando
pela rua do Carmo, notou aglomeração à porta da Associação das Classes
Laboriosas; indagando, soube que ali estava se realizando uma comemoração de
Kardec. Entrou e assistiu parte dela, ali vendo e ouvindo alguns líderes
espíritas antigos, como, por exemplo, João Batista Pereira, Lameira de Andrade,
Américo Montagnini, estando também presente o médium Chico Xavier, que apenas
iniciava sua tarefa mediúnica.
Nessa reunião recebeu um livreto
intitulado Palavras do Infinito, de Humberto de Campos, contendo mensagens
avulsas de entidades desencarnadas, distribuído pela recém-formada Federação
Espírita do Estado de São Paulo. Esse opúsculo aumentou fortemente seu interesse
pela Doutrina.
Desde o ano anterior, convalescendo do
grave acidente, já estava sendo levado a trabalhos de cooperação espírita,
ajudando pessoas a preparar palestras e conferências, que o procuravam em casa,
na recém-fundada Federação e em outras casas espíritas.
Em 1939, já estando licenciado para
reforma do serviço ativo, passou pela rua Maria Paula, para onde a Federação
havia se mudado há poucos dias e, vendo à porta uma placa com o letreiro
"Casa dos Espíritas do Brasil", entrou, sendo muito bem recebido, no
corredor, pelo confrade João dos Santos, e por este apresentado a outros que
ali se encontravam, com os quais palestrou algum tempo, sendo em seguida,
convidado a colaborar, convite que aceitou. Dias depois, recebeu um memorando
assinado por Américo Montagnini, presidente recém-eleito, comunicando haver
sido eleito para o cargo de secretário-geral da Federação.
Resumo das atividades na Federação
Com essa eleição imprevista, fechou-se o
círculo de sua integração no Espiritismo, sendo o primeiro ato de uma série de
árduos e prolongados trabalhos, somente encerrados quando, por moléstia e velhice,
retirou-se da Administração da Casa em 1967.
Como a Federação apenas se instalara
naquele prédio, adaptado para sua sede própria, nada encontrou organizado ou em
funcionamento regular, estando tudo por fazer, em todos os setores. João
Batista Pereira, na eleição então realizada, deixara a presidência para Américo
Montagnini e na sigla "Casa do Espíritas do Brasil" se fundiram a
Sociedade Espírita São Pedro e São Paulo, até então dirigida pelo Dr. Augusto
Militão Pacheco, a Sociedade de Metapsíquica de São Paulo, dirigida pelo dr.
Shalders (que era um desdobramento do grupo de estudos de 1936) e a própria
Federação.
O maior interesse da época, como já foi
dito, eram os fenômenos de efeitos físicos, que não existiam na casa, mas eram
assistidos em vários lugares fora, para onde os diretores se trasladavam, às vezes
em conjunto.
O primeiro contato mediúnico na Casa foi
com o auxílio da médium particular Sra. N. A., esposa de um tabelião da
capital, e foi por ela que dr. Bezerra (na ocasião assumindo a direção
espiritual da Casa) transmitiu a frase conhecida: "No mundo, o Brasil; no
Brasil, esta terra que tem o nome do grande apóstolo; e aqui, esta nossa casa,
que será um farol a iluminar a Humanidade".
Naqueles primeiros dias, predominavam por
toda parte os efeitos físicos e era marcante a falta de médiuns de confiança
para o intercâmbio com o Plano Espiritual Superior; atendendo a um pedido, o
Espírito Bezerra de Menezes prometeu sanar a lacuna; passados poucos meses,
apareceu na Casa um rapaz moreno escuro, que se dizia graxeiro da Sorocabana,
em Assis, e médium de incorporação. Submetido a uma prova, satisfez plenamente.
Chamava-se Ary Casadio e ficou combinada sua mudança para a capital, sob a
proteção da Casa, onde ficou alojado. Mais tarde, trouxe esposa e filhos
pequenos e se dedicou inteiramente aos trabalhos da Casa, prestando durante
longo tempo ótimos serviços, tanto internos como externos, em ocasiões solenes
e em trabalhos práticos, inclusive depois dos congressos de unificação
realizados a partir de 1947, acompanhando, inclusive, como médium, a Caravana
da Solidariedade, que viajou por vários estados do País, na propaganda da
unificação doutrinária.
Para melhorar as condições da família,
arranjou-se-lhe um emprego no Tribunal de Justiça, como escrevente; bem mais
tarde formou-se em Direito e abandonou o serviço por conveniência familiar,
mudando-se para Osasco.
Essa carência inicial de médiuns já levara
antes à formação do Grupo Razin, com sete membros, com o que o intercâmbio
melhorou grandemente. Eis os nomes de seus membros primitivos, além do
comandante: Raul de Almeida Pereira, funcionário do IBC, médium de incorporação,
vidência e audição; José Quintais, mais tarde funcionário do departamento de
projetos da Indústria Villares: vidência, audição, psicografia e desenho
mediúnico; Rubens Fortes, oficial reformado do Exército: incorporação
consciente; Altair Branco, engenheiro; Luiz Verri, cabeleireiro de senhoras:
vidência e audição; Paulo Vergueiro Lopes de Leão, pintor, diretor da Escola de
Belas Artes.
O Grupo funcionou bem até 1950, data em
que foi dissolvido por não haver concordado com a criação da Escola de
Aprendizes do Evangelho, exceto dois membros: Paulo Vergueiro e Carlos Jordão,
que fora convidado e passou a fazer parte do Grupo nos últimos dois anos.
Durante suas reuniões, duas coisas
importantes aconteceram: 1) Manifestou-se pela primeira vez a entidade feminina
designada pelo nome de "Castelã", que a partir de então, dispensou ao
Grupo valiosíssima colaboração e 12 anos mais tarde, em 1953, pelo médium
Divaldo, se identificou como protetora pessoal do comandante, tendo sido, na
Itália papal, rainha de Nápoles, em 1481, como Margarida de Médicis. 2) Em uma
de suas reuniões, em 1941, surgiu de improviso um médium desconhecido, jovem,
que se dizia médico e se chama Élio.
Sua trajetória foi rápida porém
proveitosa. Acercou-se da reunião, no saguão do salão superior, sentou-se ao
lado do comandante, ouviu durante alguns momentos uma mensagem que estava sendo
transmitida e interrompeu o trabalho, convocando o comandante para uma reunião
urgente. Atendendo ao solicitado, a reunião foi decidida e feita na Escola de
Belas Artes, à rua Onze de Agosto, onde não haveria interrupções; acompanharam
o comandante o engenheiro Altair, Luiz Verri, Lopes de Leão, diretor da Escola,
e o médium.
Foi nesta imprevista reunião que foram
feitos os primeiros contatos com Ismael, o preposto de Jesus para a condução
espiritual do Brasil, o qual, incorporado no referido médium e sob controle do
vidente Verri, transmitiu suas primeiras instruções ao comandante, investindo-o
na tarefa de dirigir a Federação, estabelecendo a prevalência do Espiritismo
Evangélico e construindo, oportunamente, as bases para o êxito desse
transcendente empreendimento espiritual.
E como o comandante alegasse que isso era
tarefa não para um, mas para muitos, Ismael respondeu dizendo: "Você foi o
escolhido e aqui será o chefe; e terá todo nosso apoio enquanto for fiel ao
programa que estabelecemos, com toda liberdade para realizá-lo".
O comandante ponderou mais uma vez que
estava apenas iniciando a organização da Casa, estando quase que só, ao que
Ismael respondeu, abrindo os braços e mostrando ao vidente uma vasta planície a
perder-se no horizonte e toda tomada por guerreiros vestidos de armaduras
antigas, cobertos de capacetes brilhantes: “Não estarás só; terás o apoio de
todos”; e repetindo energicamente a frase e entregando-lhe um montante luminoso
(espada antiga manejada com as duas mãos): "Aqui serás o chefe e esta é a
espada do comando".
E rematou a entrevista dizendo: “Para te
auxiliar nos primeiros dias como conselheiros e elementos de ligação conosco,
colocaremos junto a ti três companheiros valorosos. Este, disse apontando o
primeiro deles, chamarás Lorenense; este, mostrando o segundo, chamarás
Lusitano; e este, apontando o terceiro, chamarás Britânico”.
Nota:
Tanto a multidão de guerreiros como ao
auxiliares apontados pertenciam à Fraternidade dos Cruzados. Os dois primeiros
se afastaram logo após a formação do primeiro Conselho da Federação e o último,
cujo verdadeiro nome era Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra e
comandante da terceira cruzada histórica, permanece no posto até hoje, sendo na
Federação conhecido simplesmente como Ricardo.
Essa designação do Alto foi confirmada, a
partir desse dia, várias vezes, em quase todos os trabalhos da Federação e o
comandante deu conhecimento dela à diretoria da Federação e vários auxiliares,
na própria ocasião tendo recebido sempre o mais completo apoio de todos os
companheiros.
Formação do Conselho
Com este precioso auxílio, que era dado
quando necessário ou quando pedido, em reuniões reservadas, inclusive com
membros da diretoria representada pelo companheiro Montagnini, a organização da
Federação caminhou rapidamente, até a formação do Conselho, em 1941, cuja
constituição foi outro ato dramático das atividades iniciais da Casa.
Para essa formação, eram organizadas
listas de nomes, que eram submetidas aos assessores em reuniões especiais e ali
se examinava a identidade pessoal e as possibilidades de colaboração de cada
um, como engenheiros, médicos, magistrados, professores, industriais, militares
etc.
A lista era metida na gaveta da secretaria
e, no dia seguinte, os escolhidos eram confirmados com uma cruz, e os
confirmados iam sendo convocados para uma reunião importante no dia 23 de
setembro; na convocação, o comandante assinava como coordenador e dizia que se
tratava de importante acontecimento espiritual, do qual os convocados seriam
participantes, caso o desejassem.
No dia aprazado, cheios de curiosidade,
mas reservados e em silêncio, todos compareceram e o programa foi iniciado da
seguinte forma: O comandante, presidente da reunião, tomou a palavra e explicou
que a importância do acontecimento era toda espiritual, não estava em coisas
exteriores, mas nas conseqüências espirituais que decorriam dela, pelo trabalho
a realizar; nada havia de sobrenatural, nem se tratava de promoção de fenômenos
físicos, tão em voga naqueles dias, mas sim da abertura de um período
histórico-religioso, para maiores realizações de orientação espiritual para o
nosso país; com a formação de um Conselho destinado a fornecer e consolidar uma
mentalidade verdadeiramente cristã, em todas as suas formas e conseqüências
benéficas para as almas humanas.
Nota:
Tudo foi planejado e executado nestes
termos, para se poder medir, desde o princípio, a sinceridade e a disposição
íntima dos elementos convocados.
Quando parou de falar, era visível um
certo desagrado entre os presentes, que se mantinham em expectativa e em
silêncio.
Foi anunciada, então, a segunda parte do
programa: o dr. Pacheco, veterano dirigente e lutador espírita, assumiria a
presidência da reunião, devendo ler e interpretar um texto evangélico à sua
escolha, enquanto o comandante, acompanhado de um secretário e um médium de confiança
(no caso d. Nair Ferreira), se retirariam para o saguão ao lado, para receber
do Plano Espiritual o que fosse do seu agrado ou conveniência transmitir aos
presentes.
O secretário escalado foi o dr. Lopes
Leão, também escolhido, e escreveu a mensagem dada por Bezerra, na qual este
apelava para a boa vontade dos presentes e se referia, em imagens
estimuladoras, aos grandiosos trabalhos a realizar, no presente e no futuro,
para o bem da humanidade e que exigiam a formação de um Conselho altamente
credenciado.
Voltando ao salão, o comandante reassumiu
a presidência e mandou o secretário ler a mensagem recebida, finda a qual se
iniciou, entre os presentes (não todos), uma troca de exclamações de
estranheza, por se limitar a reunião a tão pouco, como diziam, quando esperavam
tanto e tão diferente do que estava acontecendo, não havendo nem mesmo algum
plano de realizações a ser conhecido, examinado e discutido.
Nesse momento, o médium desconhecido, que,
sem ser notado, estava assentado entre os presentes, se levantou em transe e,
em voz clara e forte, declarou: “O comandante tem no bolso interno do seu
paletó um plano de realizações para ser discutido e votado.”
Levando a mão ao bolso interno, o
comandante verificou que realmente ali estava um ligeiro esboço que fizera
antes, das primeiras atividades e realizações administrativas após a posse do
Conselho e prontificou-se a expô-lo; mas as discussões continuaram, crescendo
de vulto, havendo mesmo exclamações em voz alta, de evidente desagrado.
Percebendo o perigo de infiltrações
negativas, e para dominar o vozerio, o comandante bateu na mesa, fortemente, e
à sua vez, exclamou: “Apelo para o Espírito”, findo o que se sentou em
silêncio, concentrando-se.
Então, o mesmo médium desconhecido
levantou-se de seu lugar, sempre mediunizado, e firme, ereto, olhos fechados,
passando rapidamente por entre as cadeiras, chegou até à mesa de direção e
sobre ela abateu-se com violência, de bruços e, nessa posição, com voz forte e
enérgica, dirigiu-se novamente aos presentes, dizendo, em resumo, três coisas
principais:
1) Depois de tudo o quanto foi dito,
ninguém pode ignorar as finalidades desta convocação e o oferecimento que se
fez, de oportunidades felizes de servirem a humanidade, testemunhando o Evangelho
do Divino Mestre Jesus Cristo.
2) Na situação atual do mundo, que tende a
se agravar, esta oportunidade é dádiva preciosa que não deve ser amesquinhada.
3) Se não lhes bastam o que foi oferecido,
que usem do seu livre-arbítrio, para aceitar ou recusar. Se não vos bastam,
para agir, a espada da fé e o escudo do Evangelho, deixem a carga já, para que
permaneçam somente os possuidores de boa vontade, dispostos a colaborar nesse
empreendimento de amor e redenção dos nossos semelhantes.”
Fez-se fundo silêncio, dentro do qual o
comandante perguntou se alguém desejava usar da palavra e, ninguém se
manifestando, declarou que esperava a decisão final de cada um em uma nova
reunião, que convocava para daí a cinco dias, à mesma hora e local; e,
pronunciando a prece de encerramento, declarou terminada a reunião.
Na sala da secretaria geral, onde muitos
se congregaram em seguida, o confrade Pacheco o abraçou, lastimando não ter
podido deixar de ser pedra de tropeço, ao que o comandante respondeu que, muito
ao contrário, sua colaboração fora útil porque iria ajudar a selecionar, com
mais facilidade e segurança, os membros do futuro Conselho.
Na próxima reunião, a 28 de setembro,
compareceram dois terços dos primeiros convocados; foi-lhes tomado o
compromisso, ante Jesus, de se dedicarem, daí por diante, devotadamente, ao
engrandecimento da Federação e do Espiritismo em nosso País. Foram
empossados e tomaram conhecimento mais detalhado da organização da Casa e do
preparo da gestão administrativa que se iniciava.
Nota:
Esse primeiro conselho chamado de Orientação,
a partir de 1944 passou a ser Deliberativo.
Organização da casa
Feito isso, prosseguiram os trabalhos
organizativos com a elaboração das primeiras instruções e publicações:
Contribuições ao Estudo da Mediunidade
(1942)
Mediunidade de Prova (1943)
Desenvolvimento Mediúnico (maio de 1944)
Missão Social dos Médiuns (junho de 1944)
Esses livretos foram reunidos em um
tratado, em 1947 (*),
com novas bases para o ensino e pratica da mediunidade.
Em 1950 foi publicado um livreto sobre
“Passes e Radiações”, visando a novas diretrizes para os trabalhos iniciais de
curas, além de vários outros opúsculos e livros, todos destinados ao mesmo fim,
no terreno didático, visando à criação de cursos e escolas especializadas, as
primeiras medidas tomadas nesse sentido desde a Codificação e que deveriam
mudar a feição e o rumo do Espiritismo em nosso Estado , em
termos decididamente evangélicos.
Estabilizando-se assim a administração e o
funcionamento da Casa, a Secretaria Geral propôs a dissolução do consórcio
existente desde 1939, sob o título “Casa dos Espíritas do Brasil”, devendo-se,
daí em diante, usar unicamente o nome de Federação Espírita; isso foi feito
mediante entendimentos com as diretorias da Sociedade de Metapsíquica e da
Associação São Pedro e São Paulo, tendo sido a proposta aceita e executada.
Como conseqüência, a Sociedade de
Metapsíquica passou a formar um departamento da Casa com o mesmo nome de
Metapsíquico, cujo funcionamento e aparelhagem ficou, inicialmente, a cargo da
própria Secretaria Geral, passando a funcionar regularmente em trabalhos de
efeitos físicos, considerando-se a conveniência de ainda se conservar esse
setor em atividade, para atrair para a Federação numerosos elementos da
sociedade interessados nele.
Mais tarde a direção foi transferida para
o dr. Shalders, que o exerceu até quando essas atividades foram julgadas
dispensáveis, passando-se, em seguida, a utilizar efeitos físicos unicamente em
trabalhos de cura espiritual.
Em março de 1944 a Secretaria Geral
apresentou projeto de criação de um jornal, sob o título de O Semeador para
a difusão das novas diretrizes e movimento geral da Casa.
Nota:
Nesse jornal, o Comandante, até fevereiro
de 1972, publicou 425 artigos de colaboração contínua.
O registro do jornal foi feito em nome
dele mesmo e não no da Federação, por exigência do Estado Novo revolucionário,
e funcionou sob responsabilidade da confreira Marta Cajado de Oliveira, durante
alguns meses, prosseguindo a partir daí, até 1967, sob sua própria responsabilidade,
quando deixou a função administrativa da Casa, por moléstia.
Nos primeiros tempos foi ele obrigado a
usar vários pseudônimos para vencer as dificuldades da colaboração escassa, e
garantir a saída regular do jornal, regularidade que, aliás, tem sido mantida
rigorosamente até a presente data, graças à excelente direção do confrade Paulo
Alves de Godoy.
O primeiro cabeçalho foi desenhado por
José Quintais, do antigo Grupo Razin, e, mais tarde, ligeiramente alterado por
Joaquim Alves.
Além do jornal, para incrementar a difusão
da Doutrina e prestigiar a Federação, propôs a criação de uma hora espírita, que
foi contratada com a Rádio Tupi, aos domingos, e dirigida pelo confrade João
Rodrigues Montemor.
Para a tribuna da Casa eram trazidos
oradores espíritas de renome, da capital e de fora, custeando-se as despesas,
como também se convidavam líderes de outras religiões e filosofias, para dar à
Casa, desde início, caráter liberal e fraterno, de um Espiritismo racional e universalista,
o que redundou em grande prestígio público para o Espiritismo em geral.
As conferências públicas da manhã e noite
dos domingos atraíam grande assistência, e os programas eram publicados
previamente em jornais de larga circulação; as da manhã eram de
responsabilidade do saudoso confrade Pedro de Camargo — Vinícius — e as da
noite, em rodízio entre os confrades Américo Montagnini, Godoy Paiva e outros.
O Departamento Federativo foi desenvolvido
amplamente e a secretaria geral convidava mensalmente os centros, em rodízio,
para reuniões conjuntas e festivais na Federação, visando à fraternização e à
sociabilizaçpão coletiva, e vários confrades dedicaram a ele seus esforços.
Os congressos
Em 1947, para unir a família espírita do
Estado e unificar as práticas doutrinárias, a Secretaria propôs um largo plano
de ação que, através de uma comissão composta de três membros, incluindo os
confrades Luiz Monteiro de Barros e Vergueiro, foi submetido às quatro maiores
entidades espíritas da Capital e em todos os detalhes prontamente aprovado.
Propôs também a criação da USE — União Social Espírita, entidade unificadora,
sob legenda, e foi efetivada a unificação na quase totalidade e convocado para
esta capital o 1º Congresso de Unificação Estadual, que reuniu na Federação a
quase totalidade das instituições espíritas do estado, fazendo-se, ainda, um
recenseamento geral dos espíritas, que acusou um total de 700.000 adeptos,
incluindo grupos particulares de existência regular. Tudo foi feito quase sem
despesas, com a colaboração espontânea de todos, dando assim a Federação um
notável exemplo de dinamismo e eficiência e sendo a Doutrina bastante
divulgada, com ampla publicidade no Estado e fora dele, passando a Casa a
exercer, desde então, destacada e incontestável liderança no Estado e entre as
congêneres do país.
Desenvolvendo a iniciativa, a Secretaria
propôs também a convocação de um Congresso Nacional, a reunir-se também aqui em São Paulo que, da mesma
forma, teve grande êxito e com o qual se recusou a FEB a colaborar e
reconhecer, mas que teve grande influência no setor nacional, com a criação, a
posteriori, na área da referida FEB, do Conselho Federativo Nacional, cujas
atividades têm sido, desde então, mais que tudo burocráticas.
No livro intitulado Anais do Primeiro
Congresso Espírita do Estado de São Paulo, editado na ocasião, encontra-se a
descrição pormenorizada e completa dessa iniciativa histórica do Movimento
Espírita em nosso Estado ,
realizado pela Federação.
Terminados os Congressos de unificação
estadual e nacional, como não convinha ao comandante permanecer na presidência
da antiga USE para não prejudicar a administração da Federação, aconselhou aos
companheiros da antiga diretoria que não concorressem à renovação dos cargos em
nova eleição, para que a legenda tivesse liberdade de ação e agisse por si
mesma no prosseguimento de sua importante tarefa. Mas, infelizmente, nem todos
se afastaram e a nova diretoria, que então se formou, caminhou em sentido
diferente, transformando-se a legenda transitória em entidade competitiva com
as Patrocinadoras da iniciativa. Isso foi um erro grave, que redundou, senão em
fracasso, pelo menos em grande retardamento da unificação por mais de 25 anos,
tentando-se novamente nestes dias a malograda realização.
Não obstante essa alteração de rumos e de
princípios organizativos, a Federação jamais regateou auxílio à nova entidade,
que passou a se chamar União das Sociedades Espíritas e até hoje o faz, como é
do conhecimento geral.
Em 1953, a Secretaria Geral concorreu grandemente
à promoção, no Rio de Janeiro, de uma enquête em vários jornais, entre outros
assuntos, sobre Espiritismo e Umbanda, após uma série de artigos publicados no Semeador,
pelo comandante, visando esclarecer o público sobre as diferenças entre uma e
outra dessas duas correntes religiosas e eliminar confusões e interferências de
Umbanda nos Centros Espíritas, tornando assim o problema melhor ventilado em
público e conhecido, igualmente, pelas autoridades públicas e culturais do
País. Nessa enquête manifestaram-se vários representantes do Espiritismo e da
Umbanda.
Aprendizes do Evangelho
Para situar o Espiritismo à vontade em
relação aos conhecimentos e tradições religiosas da humanidade, duas coisas
foram também realizadas com desassombro: uma, no campo externo — a publicação
de vários livros de formação cultural-doutrinária, como Os Exilados da
Capela (1949) e Na Cortina do Tempo (1962), mostrando os albores das
civilizações primitivas, seu intercâmbio com outros orbes, assuntos estes que,
atualmente, estão sendo afoitamente tratados em obras “best-sellers” por
escritores estrangeiros de nomeada; e no campo interno, no cumprimento do
programa do Alto, se criou a Escola de Aprendizes do Evangelho (1950), órgão
primeiro de uma Iniciação Espírita de larga esfera de ação, com base no
Evangelho Cristão; e uma série de 21 livros didáticos, parte deles para uso na
referida Escola e parte para a Fraternidade dos Discípulos de Jesus, termo global
da Iniciação referida.
Nessa Iniciação foram oferecidos
conhecimentos espirituais mais amplos, com predominância do que foi
estabelecido para a reforma íntima dos adeptos, base insubstituível da
evangelização, a seu turno condição fundamental da redenção espiritual do homem
encarnado.
No planejamento dessa Iniciação surgiram
dificuldades no processo a adotar para se conseguir executar a reforma íntima,
valendo-se por fim, o comandante, da caderneta pessoal usada pelos antigos
essênios do tempo de Jesus, descrita no livro Harpas Eternas de Hilarion
do Monte Nebo, contemporâneo e servidor de Jesus naqueles tempos, livro esse
que lhe foi enviado da Argentina, pelo autor, antes do lançamento; com algumas
alterações e adaptações, o sistema foi adotado com excelentes resultados.
Na criação dessa Iniciação tinha-se também
em vista unir os adeptos por uma mística religiosa cristã, visando à redenção
espiritual de cada um, convenientemente adequada à mentalidade moderna e à
racionalidade da Doutrina Espírita, o que até o presente tem sido êxito
indiscutível na Federação (*),
mas prejudicado fora dela devido, de uma parte, aos temores de se lançarem os
dirigentes, desassombradamente, à expansão e, de outra, à negligência existente
entre os espíritas do sexo masculino em relação à evangelização,objetiva e deliberadamente
conduzida, sendo esse, em grande parte, um dos motivos do retardamento da
expansão do Espiritismo em
nosso País.
Assistência social
O Departamento de Assistência Social
nasceu e iniciou seu desenvolvimento na própria sede, dirigido inicialmente por
um pequeno grupo de senhoras e moças que, ao depois, criaram e mantém até agora,
com grande êxito, a instituição de assistência infantil denominada “Nosso Lar”;
passaram por ele vários confrades que, infelizmente, não permaneceram, sendo
necessário, periodicamente, que a própria secretaria geral avocasse a direção;
isso, até que o Departamento pudesse ser entregue ao valoroso confrade José
Gonçalves Pereira e mudado para a rua Santo Amaro, em prédio interditado pela
Prefeitura e adquirido para uso precário durante vários anos e, mais tarde,
adquirido também o terreno ao lado, onde se edifica hoje em dia a nova sede da
Federação.
Sob a direção do confrade Gonçalves, o
departamento se desenvolveu amplamente, mas esse desenvolvimento exigia sua
mudança para local fora do centro da cidade, o que foi conseguido com obtenção
de um comodato a longo prazo, concedido pelo governo Jânio Quadros, com auxílio
direto da Secretaria Geral junto ao major Pina de Figueiredo, genro do comandante,
resultando daí a Casa Transitória, que é hoje motivo de satisfação e orgulho
realizador para todos da Federação.
O período que vai de 1950 a 1965 foi marcado por
atividades multiformes, aprimoramento de trabalhos práticos, desenvolvimento da
consolidação da organização montada de início e que comporta ainda amplos
desdobramentos, sem alterações de sua estrutura original; como também grande
impulso dado à difusão por vários meios, inclusive pela publicação de várias
obras didáticas, litero-doutrinárias e opúsculos de bolso, escritos para ampla
distribuição no meio popular, de cujo trabalho não se pode esquecer a colaboração
preciosa prestada pelo confrade Coutinho, ex-diretor do Departamento de
Assistência Espiritual da Federação.
Epílogo
Ao adoecer, em fins de 1965, o Comandante,
mesmo assim, prosseguiu colaborando oficialmente, ainda por dois anos, até as
eleições de 1967, quando solicitou seu afastamento definitivo, por ver que a
moléstia era de curso demorado, pedindo também dispensa dos serviços do
Conselho, por não poder assumir compromissos de assíduo cumprimento.
Dedica-se, desde então, e enquanto lhe for
ainda possível, a colaborar, a distância, no setor da publicidade, da
organização de centros e organizações espíritas, atuando na difusão evangélica
e sua expansão, inclusive em países estrangeiros.
Ao se retirar, deixou sem efetivação dois
problemas pelos quais sempre se bateu: a construção da nova sede, para melhor
instalação de cursos, escolas e serviços de administração, para o que, deixou
em mãos da DE um esboço de construção em quatro andares, com escada externa,
para os casos de incêndio, e um esboço, também de unificação doutrinária,
atualmente em pleno curso com projeto diferente.
E agora, atendendo à solicitação, oferece
esta biografia-relatório resumido, único meio adequado ao caso, pelo estreito
entrosamento de sua modesta pessoa aos acontecimentos da vida material e espiritual
da Federação.
E, antes de encerrar, convém ainda dizer
que, desde o início, o trabalho realizado foi de equipe conduzida por um chefe
espiritualmente responsável, e o êxito obtido foi resultado do ideal
evangélico, adquirido em grande parte na Escola de Aprendizes, que se conseguiu
implantar na mente e no coração de cada trabalhador que, aliás, demonstraram
todos, com raras exceções, magnificamente dotados de inegável capacidade
realizadora; e os nomes individualmente citados não representam distinções, mas
circunstâncias de ordem funcional.
A síntese espiritual do que foi narrado é,
pois, a seguinte:
1967 em diante — Colaboração livre e
reduzida em várias atividades doutrinárias, de interesse geral do Espiritismo
no estado, no País e no Estrangeiro.
Nota do comandante:
Como estes dados são fornecidos quase
sempre de memória, é possível que haja discrepância aqui ou ali, sobretudo na
cronologia dos fatos, o que, todavia, serão de fácil retificação.
Nota:
A partir de 1970, passa a orientar as
atividades de companheiros impulsionados ao trabalho evangélico nos moldes
originalmente determinados pelo Plano Espiritual Superior na década de 1950. Em
uma reunião em sua residência, em 4 de dezembro de 1973, estes companheiros
fundaram a Aliança Espírita Evangélica, com a proposta de expandir, através da
atuação dos Centros Espíritas Integrados a este programa, a expressão do
aspecto religioso do Espiritismo.
Durante os primeiros anos de organização
da Aliança, o comandante supervisionou a produção de novas obras editoriais,
tanto para uso das Escolas de Aprendizes nos Grupos Integrados, que rapidamente
se multiplicavam, como para formar o catálogo editorial da então nascente
Editora Aliança.
Graças a este vigoroso impulso, bem como
sua serenidade e experiência no trabalho espírita evangélico, a Aliança cresceu
e se expandiu, tornando-se mais uma referência em termos de trabalhos
doutrinários em nosso
País.
A partir de 1980 o comandante também
assessorou a formação do Setor III da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que
reúne diversos grupos espíritas, igualmente vinculados à tarefa de expansão do
Espiritismo Religioso através da imensa capacidade renovadora de consciências e
corações constituída pela Escola de Aprendizes do Evangelho.
Retornando aos pensamentos apresentados no
início, concluímos que, para Armond, a grande Transição para a Vida Maior provavelmente
significou tão somente a continuidade de uma extensa folha de serviços ao
Divino Mestre, pois o comandante permanece em plena atividade no trabalho redentor.
Fonte: OS GRANDES GIGANTES DA DOUTRINA ESPÍRITA. –
INTERNET.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário