EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO X.
BEM-AVENTURADOS OS
QUE SÃO MISERICORDIOSOS.
Não julgueis, para não serdes julgados. Atire a primeira pedra
aquele que estiver sem pecado
13. “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver
isento de pecado”, disse Jesus. Essa sentença faz da indulgência um dever para
nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de
indulgência.
Ela nos ensina que não
devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos,
nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a
alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.
O reproche lançado à
conduta de outrem pode obedecer a dois móveis: reprimir o mal, ou desacreditar
a pessoa cujos atos se criticam. Não tem escusa nunca este último propósito,
porquanto, no caso, então, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser
louvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque um bem deverá
daí resultar, e porque, a não ser assim, jamais, na sociedade, se reprimiria o
mal. Não cumpre, aliás, ao homem auxiliar o progresso do seu semelhante?
Importa, pois, não se tome em sentido absoluto este princípio: “Não julgueis se
não quiserdes ser julgado”, porquanto a letra mata e o espírito vivifica.
Não é possível que Jesus
haja proibido se profligue o mal, uma vez que Ele próprio nos deu o exemplo,
tendo-o feito, até, em termos enérgicos.
O que quis significar é que
a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que
censura. Tornar-se alguém culpado daquilo que condena em outrem é abdicar dessa
autoridade, é privar-se do direito de repressão. A consciência íntima, ademais,
nega respeito e submissão voluntária àquele que, investido de um poder
qualquer, viola as leis e os princípios de cuja aplicação lhe cabe o encargo. Aos olhos de Deus, uma única autoridade legítima
existe: a que se apóia no exemplo que dá do bem. É o que, igualmente, ressalta das palavras de
Jesus.
Fonte: O Evangelho
Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131 a.
Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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