EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO XI.
AMAR O PRÓXIMO
COMO A SI MESMO.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS.
A LEI DO AMOR.
8. O amor resume a doutrina de Jesus inteira, visto
que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos
elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos;
quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e
depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o
amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu
ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de
amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais.
Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus
irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da
alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de
si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra — amor —, os povos sobressaltaram-se e os mártires,
ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo a seu turno
vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que
essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu
patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à
conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o
Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.
Disse eu que em seus
começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do
ponto de partida do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim
de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos
sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germens
latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento;
trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres
menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se
conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um
campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito
mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a
lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da
alma, prelúdios das alegrias celestes. – Lázaro. (Paris, 1862.)
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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