MEDIUNIDADE E EVANGELHO.
MÉDIUNS SEM QUE O SAIBAM.
“Os médiuns involuntários ou naturais são aqueles cuja influência se
exerce com o seu desconhecimento. Não têm nenhuma consciência do seu poder e,
freqüentemente, o que se passa de anormal ao seu redor não lhes parece em nada
extraordinário (...)” Cap. XIV – Segunda Parte – item 161)
Desde tempos imemoriais o
intercâmbio entre os dois planos da Vida é uma realidade.
Os homens primitivos desencarnados
não conseguiam se ausentar das cavernas em que viviam, à espera de uma nova
oportunidade de serem reconduzidos ao corpo físico. Na base de todas as
civilizações vamos encontrar a presença do mediunismo. Os indígenas ainda hoje
crêem na influência dos Espíritos; trazidos para o Brasil em regime de
cativeiro, os africanos nos legaram um patrimônio místico extraordinário das
diversas ramificações de suas crenças espirituais.
Os persas afirmavam que os Espíritos
habitavam as florestas e as montanhas;os hindus possuíam um panteão de milhares
e milhares de deuses representando as forças da Natureza; os egípcios, com suas
doutrinas iniciáticas, intercambiavam com os mortos no silêncio dos templos e
das pirâmides; na Grécia, Tales de Mileto ensinava que todas as coisas estavam
repletas de “deuses”...
Nenhum homem sobre a face da Terra
vive isolado do Mundo Espiritual, creia ou não creia na sobrevivência da alma
após a morte.
De certa forma, todos, encarnados e
desencarnados, somos interexistentes, de vez que a faculdade relacional da
mediunidade nos predispõe ao contato, consciente ou inconsciente, com as
diferentes dimensões da Vida.
Influenciamos e somos influenciados.
Os dois mundos, por assim dizer, se
interpenetram sem, no entanto, se tocarem. Interagindo-se mutuamente, o
progresso de um está obrigatoriamente vinculado ao progresso do outro.
Em vão, o homem tenta ilhar-se
psiquicamente ante o invisível. A fronteira que separa os dois lados na verdade
inexiste!
Todos os homens são, portanto,
médiuns. A diferença é que uns sabem disso e o admitem e outros relutam em
aceitar a realidade histórica dos fatos, certamente querendo se eximir de
responsabilidades maiores.
Os que são médiuns sem saber que são
acabam por se transformar em instrumentos cegos do Mundo Espiritual; tanto
servem aos seus propósitos mais nobres quanto, a exemplo de Átila ou um Hitler,
servem às falanges espirituais que se opõem à paz que o Cristo trouxe ao mundo.
Quantos crimes, na
atualidade,estarrecem a opinião publica! Quantos homens, até então pacíficos,
transformam-se de repente em grandes criminosos?! Quantos, dizendo-se agir em
nome de Satanás, saem atirando a esmo na multidão, como se tomados por um
estranho acesso de loucura?!...
O Conhecimento da mediunidade é, sem
dúvida, um preventivo eficaz contra a obsessão.
A partir do momento que admite a
influência perniciosa do Mundo Espiritual, o homem já começa a criar obstáculos
mentais à sua livre atuação,resistindo assédio das tentações; deixa de ser um
joguete nas mãos dos Espíritos inescrupulosos e, conseqüentemente¨, procura
sintonia com os de uma ordem mais elevada...
Os que são médiuns sem saber que o
são, envolvidos pelos Espíritos infelizes em suas crises de cólera, cometem os
mais absurdos desatinos, chegando a chocar a opinião pública que fica sem
explicação para o funesto acontecimento que protagonizam. E a facilidade com
esses companheiros da mediunidade involuntária se deixam dominar é espantosa;se
procurassem educar a força medianímica de que são portadores, realizariam
prodígios extraordinários em prol da coletividade...
Assim como aterra é a “médium” da
semente na produção do fruto e assim como o fogo é o “médium” da argila na
produção da porcelana, todos os homens e todos os Espíritos são médiuns entre
si, comunicando-se uns com os outros de forma ininterrupta.
Querer ignorar o fenômeno da
inspiração que envolve os homens, inclinando-os ao bem ao mal, é o mesmo que
tentar ignorar a brisa que chega, de manso, das campinas ou o vendaval que
sopra, de rijo, provocando destruição por onde passa.
Conscientizar os que são médiuns sem
saber que o são, é uma das finalidades precípuas do Espiritismo; cumpra ele
esta sublime tarefa e já terá dito ao que veio sobre a Terra!...
Fonte: Livro Mediunidade e Evangelho - Odilon
Fernandes (Espírito) Psicografado por Carlos A. Baccelli - 6o.
Edição - Editora Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP – Janeiro/2008..
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