VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
72 º. O nosso incansável Irmão X, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, dá-nos noticias acerca de seu primeiro contato com a vida espiritual, tal como consta de Reformador de dezembro de 1957:
“Conta-se que Bezerra de Menezes, o denodado apóstolo do Espiritismo no Brasil, após alguns anos de desencarnação, achava-se em praia deserta, meditando tristemente acerca da maioria dos petitórios que lhe eram endereçados do mundo.
“Em grande número de reuniões consagradas à prece, solicitavam-lhe providências de natureza material.
- “Numerosos, admiradores e amigos rogavam-lhe empregos rendosos, negócios lucrativos, alojamentos, proteção para documentários diversos, propriedades e promoções.
“Em verdade, sentia-se feliz, quando chamado a servir um doente ou quando trazido à consolação dos infortúnios; contudo, fora da Terra um médico espírita e um homem de bem, a distância de maiores experiências em atividades comerciais.
“Por que motivo a convocação indébita de seu nome em processos inconfessáveis? Não era também ele um discípulo do Evangelho, interessado em ascender à maior comunhão com o Senhor? Não procurava aprender igualmente a lutar e renunciar?
“Monologava, entre inquieto e abatido, quando viy junto dele o grande Antonio, desencarnado em Pádua, no ano de 1231.
“Abraçou-o com vontade e convidou-o a segui-lo.
“A breves minutos, ei-los ambos no perfumado recinto de grande templo.
“O santuário, dedicado ao popular taumaturgo, regurgitava de fiéis que se prosternavam, reverentes, diante da primorosa estátua que o representava, sustentando a imagem de Jesus menino.
“O santo impeliu Bezerra a escutar os requerimentos da assembléia e o seareiro espírita conseguiu anotar as mais estranhas e inoportunas requisições.
“Suplicava-se a Antonio casa e comida, dinheiro fácil e Saliência política, matrimônio e prazeres. Não faltava quem lhe implorasse contra outrem, perseguições e vingança, hostilidade e desprezo, inclusive crimes ocultos.
“O amigo benfeitor esboçou um gesto expressivo e falou, bem-humorado, ao evangelizador brasileiro:
“Observaste atentamente? As petições são quase sempre as mesmas nos variados campos da fé. Sequioso de burilamento íntimo, troquei na Igreja o hábito de cônego pelo burel dos frades... Ensinei a palavra do Mestre Divino, sufocando os espinhos de minhas próprias imperfeições. Fosse nas seduções da vida secular ou na austeridade do convento, caminhava mantendo pavorosas batalhas comigo mesmo, ansiando entesourar a virtude, em cujo encalço permaneço até hoje, entretanto, procuram-me através da oração, para ser meirinho comum ou advogado casamenteiro...
“E porque Bezerra sorrisse, reconfortado, aduziu:
- “Nosso problema, contudo, é o de instruir sem desanimar. Jesus, no monte, sentindo extrema compaixão pela turba desvairada, alimentou-lhe o corpo e clareou-lhe a alma obscura...
“Neste justo momento, surge alguém à cata de Bezerra. Num círculo de oração, organizado na Terra, pediam-lhe indicações para que fosse descoberto um enorme tesouro de aventureiros antigos, desde muito enterrado.
“Antonio afagou-lhe os ombros e disse benevolente:
- “Vai meu amigo, e não desdenhes auxiliar. Decerto, não te preocuparás com o ouro escondido, mas ensinarás aos nossos irmãos o trato precioso do solo para a riqueza do pão de todos e, descerrando-lhes o filão do progresso, plantarás entre eles o entendimento e a bondade do Excelso Amigo.
“!Bezerra despediu-se, contente, e tornou corajoso à luta, compreendendo, por fim, que não bastaria lastimar a atitude dos companheiros invigilantes, mas ajudá-los com todo o amor, consciente de que o Cristo é o Mestre da Humanidade e de que o Evangelho, acima de tudo, é obra de educação”.
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Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES”, - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
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