XIX – PSICOGRAFIA.
“Se não é dado ao médium
ser exclusivista mecânico, todas as tentativas para obter esse resultado serão
infrutíferas, e estaria errado em se crer deserdado por isso; se não está
dotado senão da mediunidade intuitiva, é preciso que com ela se contente, e não
deixará de propiciar-lhe grandes serviços, se sabe aproveitá-la, e se não a
repele”. (O Livro dos Médiuns – segunda Parte – Cap. XVII)
A mediunidade mecânica, ou
inconsciente, é rara.
De maneira geral, os médiuns de
psicografia têm consciência do que escrevem.
A mediunidade consciente confunde-se
com a intuição.
A falta de compreensão da
mediunidade leva muita gente a desistir do seu exercício.
Não vamos, aqui, alongar-nos em
considerações que já tivemos oportunidade de tecer nos capítulos precedentes,
mas repetimos com Kardec que “não deve o médium hesitar em escrever o prieiro
pensamento que lhe for sugerido, sem se importar se lhe vem dele próprio ou de
uma fonte estranha...”
A orientação acima é válida também
para os médiuns de psicofonia.
Um exemplo patente de mediunidade
consciente, no campo da psicografia, é o dos poetas, mesmo quando eles se
mostram agnósticos, o que vem provar que “a fé do médium novato não é uma
condição rigorosa...”
Um dos mais célebres poetas da
língua portuguesa, Fernando Pessoa, era claramente médium. Ele próprio
acreditava nisto, embora não tenha assumido a mediunidade e considerasse as
entidades comunicantes como simples heterônimos seus, isto é, diferentes nomes
seus...
Ser médium não exclui o valor
pessoal de ninguém que seja médium. Não tivesse Fernando Pessoa a bagagem
literária que possuía, os Espíritos buscariam inspirá-los em vão. Aliás, ser
médium, é até mais difícil do que ser Espírito mensageiro... quase sempre o
médium tem que ser um instrumento maleável para os mais diferentes tipos de
comunicados. Não existem os que recebem os músicos, os pintores, os filósofos,
os poetas?
O médium que questiona em excesso a
autenticidade da mensagem acaba por anular-se. Se as idéias que grafa no papel
são elevadas, deve seguir em frente.
Todo o Bem verte, originalmente de
Deus. Nós próprios, os Espíritos comunicantes, por nossa vez, assimilamos as
correntes de pensamento daquelas entidades que habitam planos superiores aos
nossos.
Se pudéssemos colocar a mediunidade numa
equação matemática, teríamos: Pensamento do Espírito manifestante + Pensamento
do médium = Mensagem. Evidentemente que tanto no pensamento do Espírito
manifestante, quanto no pensamento do médium, existem um sem-número de outros pensamentos
interferindo. Um livro ou um autor que o médium tenha lido pode interferir no
contexto da mensagem que recebe. Um diálogo que tenha tido,uma conversa
familiar, uma preocupação com determinado assunto e assim por diante. Esperar
do médium que ele se subtraia totalmente do meio em que vive é esperar o
impossível!
O médium psicógrafo consciente, ou
semi consciente não deve permitir que a dúvida lhe prejudique o trabalho.
Decida entre querer ser médium ou não ser. É desnecessário que se atormente a
vida inteira, como existem médiuns que vivem mergulhados numa eterna luta
contra si mesmos. Se não confiam na própria mediunidade, podem trabalhar noutro
campo; a seara é imensa e podem dar-se ao luxo de escolher...
Agora, o médium disciplinado precisa
ter controle sobre as comunicações que recebe. Pior do que descrer é acreditar
cegamente em tudo! Falar, no caso da psicofonia, ou escrever, no caso da psicografia,
o primeiro pensamento que aparece, mesmo por mais absurdo e incoerente que
seja, é colaborar com a obsessão. Não se tome a palavra de Kardec no sentido
literal.
Por isso o médium que se preza deve
estudar a doutrina, para aprender a discernir..
Fonte: Livro Mediunidade e Doutrina - Odilon Fernandes
(Espírito) Psicografado por Carlos A. Baccelli - 1o. Edição -
Editora Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP - 1990.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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