O IRMÃO.
Por que ajuízas com
ironia,
Sobre as obscuridades do
irmão que sobe dificilmente a montanha?
Quando atravessa a
floresta
O pobrezinho julgou que
Amado lhe falava à mente pela voz do trovão
E lhe erigiu altares
Enfeitados de flechas.
Depois,
Quando penetrou noutros
círculos,
Acreditou que o Senhor
pertencia somente ao sue grupo
E que as outras
comunidades humanas eram condenadas...
Lutou, sofreu, feriu-se
em dolorosas experiências.
O Amado, porém, jamais o
deserdou por isso.
Deu-lhe novas forças,
Concedeu-lhe
oportunidades diferentes.
Por vezes,
Buscou-o no fundo dos
abismos,
Como pai carinhoso,
Em busca da criancinha
abandonada.
De tempos em tempos,
Fê-lo dormir no regaço,
Ao influxo de bendito
esquecimento,
Para que o sol do
trabalho lhe sorrisse outra vez.
Não observas em seu
caminho áspero a tua própria história?
Não atormentes com
palavras amargas o irmão que se elava
Laboriosamente,
Dando ao mundo o que
possui de melhor.
Ama-o, faze-lhe o bem
que possas.
Se já atingiste
Algum topo da colina,
Contempla as
culminâncias que te aguardam
Entre as nuvens,
E entende as mãos
fraternas
Aquele que ainda não
pode ver o que já vês.
ALMA
EROS.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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