O CÁLICE.
A chuva benéfica e
abundante cai dos céus
Mitigando a sede da
terra.
Assim também, o amado
faz chover sobre os homens
Os poderes e as bênçãos.
No entanto, choras e
desesperas...
Por que não recolhestes
a tempo a tua parte?
- Nada vi responderás...
É porque teus olhos
estavam nevoados na atmosfera
do sonho.
O senhor passa todos os
dias,
Distribuindo dons
celestiais,
Mas as ânforas do teu coração
vivem transbordando
de substâncias estranhas.
Aqui, guardas o vinagre
dos desenganos,
Acolá, o envenenado
licor dos caprichos.
O amado é incapaz de
violentar a tua alma.
Seu carinho aguarda a
confiança espontânea,
Seu coração freme de júbilo,
Na expectativa de
entregar-te os tesouros eternos...
Mas, até agora,
Persegues a fantasia e
alimentas furiosamente a ilusão.
Todavia, o Amado espera.
E dia virá.
Na estrada longa do destino,
Em que estenderás ao seu amor infinito
O cálice do coração lavado e vazio.
ALMA
EROS.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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