CAPÍTULO II.
MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO.
O PONTO DE VISTA.
6. Se for desse modo, for desse modo, ninguém mais se ocupando das coisas da Terra, tudo correrá perigo, é o que se pode pensar. Mas não é assim. Instintivamente, o homem procura o seu bem-estar e, mesmo tendo a certeza de só ficar num lugar por pouco tempo, ele ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há ninguém que, achando um espinho debaixo da sua mão, não a tire para não se picar. Portanto, a procura do bem estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionando que é pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas leis naturais. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso realiza os planos da Providência, que o colocou na Terra com esse objetivo. Só aquele que considera a vida futura pode atribuir ao presente uma importância relativa e se consolar facilmente com seus insucessos, pensando na sorte que o aguarda.
Deus não condena, portanto, os prazeres terrenos, mas, sim o abuso que deles se façam em prejuízos das coisas da alma. É contra esse abuso que se devem acautelar-se os que ouvem estas palavras de Jesus: Meu reino não é deste mundo.
Aquele que concentra seus pensamentos na vida terrena é como um homem pobre que perde tudo o que possui e se desespera, ao passo que aquele que crê na vida futura é semelhante a um homem rico que perde uma pequena soma sem se perturbar.
Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - 3a. Edição - Editora Petit - São Paulo, SP - 2000.
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