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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

- MENSAGEM PARA MEDITAR. - N º. 267. - O ESTUDO SOBRE A NATUREZA DO CRISTO III. - III - AS PALAVRAS DE JESUS PROVAM A SUA DIVINDADE? - ALLAN KARDEC.



O ESTUDO SOBRE A NATUREZA DO CRISTO III.

III — AS PALAVRAS DE JESUS PROVAM A SUA DIVINDADE?

Dirigindo-se a alguns de seus discípulos que disputavam para saber qual dentre eles era o maior, disse-lhes ele, chamando para junto de si uma criança:
“Quem quer que me receba, recebe aquele que me enviou, porquanto aquele que for o menor entre todos vós será o maior de todos.” (S. Lucas, 9:48.)
“Quem quer que receba em meu nome a uma criancinha como esta, a mim me recebe; e aquele que me recebe não me recebe a mim, mas recebe aquele que me enviou.” (S. Marcos, 9:37.)
“Jesus lhes disse então: Se Deus fosse vosso Pai, vós me amaríeis, porque foi de Deus que saí e foi de sua parte que vim; pois, não vim de mim mesmo, foi ele que me enviou.” (S. João, 8:42.)
“Jesus então lhes disse: Ainda estou convosco por um pouco de tempo e vou em seguida para aquele que me enviou.” (S. João, 7:33.)

1 Para completo desenvolvimento da questão dos milagres, veja-se A Gênese segundo o Espiritismo, caps. XIII e seguintes, onde se acham explicados, por meio das leis naturais, todos os milagres do Evangelho.

 “Aquele que vos ouve a mim me ouve; aquele que vos despreza a mim me despreza; e aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou.” (S. Lucas, 10:16.)
O dogma da divindade de Jesus se baseou na igualdade absoluta entre a sua pessoa e Deus, pois que ele próprio é Deus. É este um artigo de fé. Ora, estas palavras, que Jesus tantas vezes repetiu: Aquele que me enviou, não só comprovam uma dualidade de pessoas, mas também, como já o dissemos, excluem a igualdade absoluta entre elas, porquanto aquele que é enviado necessariamente está subordinado ao que envia. Com o obedecer, aquele pratica um ato de submissão. Um embaixador, falando do seu soberano, dirá: Meu senhor, aquele que me envia; mas, se quem vem é o soberano em pessoa, falará em seu próprio nome e não dirá: Aquele que me enviou, visto que ele não pode enviar-se a si mesmo. Jesus o disse em termos categóricos: Não vim de mim mesmo; foi ele quem me enviou.
Estas palavras: Aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou, não implicam absolutamente a igualdade, nem, ainda menos, a identidade. Em todos os tempos, o insulto a um embaixador foi considerado como feito ao próprio soberano. Os apóstolos tinham a palavra de Jesus, como este a de Deus. Quando ele lhes diz: Aquele que vos ouve a mim me ouve, certamente não queria dizer que seus apóstolos e ele fossem uma só e a mesma pessoa, igual em todas as coisas.
A dualidade das pessoas, assim como o estado secundário e de subordinação de Jesus com relação a Deus, ressaltam, ao demais, sem equívoco possível, das seguintes passagens:
 “Fostes vós que permanecestes sempre firmes comigo nas minhas tentações. — Eis por que vos preparo o Reino, como meu Pai mo preparou, a fim de que comais e bebais à minha mesa no meu reino e que estejais sentados em tronos, para julgar as doze tribos de Israel.” (S. Lucas, 22:28 a 30.)
“De mim digo o que vi junto de meu Pai; e vós, vós fazeis o que ouvistes de vosso pai.” (S. João, 8:38.)
“Ao mesmo tempo, apareceu uma nuvem que os cobriu e dessa nuvem saiu uma voz que fez se ouvissem estas palavras: Este é meu filho bem-amado; escutai-o.” (Transfiguração: S. Marcos, 9:7.)
“Ora, quando o filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, assentar-se-á no trono de sua glória; - e, achando-se reunidas todas as nações, separará umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos bodes; — colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. — Então, o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, vós que fostes abençoados por meu Pai, possuir o reino que vos foi preparado desde o começo do mundo.” (S. Mateus, 25:31 a 34.)
“Aquele que me confessar e me reconhecer diante dos homens, eu também o reconhecerei e confessarei diante de meu Pai que está nos céus; — aquele que me renunciar diante dos homens, também eu mesmo o renunciarei diante de meu Pai que está nos céus.” (S. Mateus, 10:32 e 33.)
“Ora, eu vos declaro que aquele que me confessar e me reconhecer perante os homens, o filho do homem também o reconhecerá perante os anjos de Deus; — mas, se algum me repudiar perante os homens, eu também o repudiarei perante os anjos de Deus.” (S. Lucas, 12:8 e 9.)
 “Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, desse também se envergonhará o Filho do homem, quando estiver na sua glória e na de seu Pai e dos santos anjos.” (S. Lucas, 9:26.)
Nestas duas últimas passagens parece mesmo que Jesus coloca acima de si os santos anjos componentes do tribunal celeste, perante o qual seria ele o defensor dos bons e o acusador dos maus.
“Mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me compete a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tenha preparado.” (S. Mateus, 20:23.)
“Ora, estando reunidos os fariseus, Jesus lhes fez esta pergunta: Que vos parece do Cristo? De quem é ele filho? Eles responderam: De David. - Como é então, retrucou ele, que David lhe chama em espírito seu senhor, nestes termos: O Senhor disse a meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu reduza teus inimigos a te servirem de escabelo para os pés? — Ora, se David lhe chama seu senhor, como é ele seu filho? (S. Mateus, 22:41 a 45.)
“Mas, ensinando no templo, Jesus lhes disse: Como é, que os escribas dizem que o Cristo é filho de David, uma vez que o próprio David diz a seu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu haja reduzido teus inimigos a te servirem de escabelo para os pés? - Pois, se o próprio David lhe chama seu Senhor, como é ele seu filho?” (S. Marcos, 12:35 a 37; S. Lucas, 20:41 a 44.)
Por essas palavras, Jesus consagra o princípio da diferença hierárquica que existe entre o Pai e o Filho. Ele podia ser filho de David por filiação corporal, como descendente de sua raça e foi por isso que teve o cuidado de acrescentar: Como lhe chama ele em espírito seu Senhor? Se há uma diferença hierárquica entre o pai e o filho, Jesus, como filho de Deus, não pode ser igual a Deus.
Ele confirma esta interpretação e reconhece a sua inferioridade com relação a Deus, em termos que não deixam lugar a dúvidas.
“Ouvistes o que foi dito: ‘Eu me vou e volto a vós. Se me amásseis, rejubilaríeis, pois que vou para meu Pai, porque meu Pai É MAIOR DO QUE EU’.” (S. João, 14:28.)
“Aproxima-se então um mancebo e lhe diz: Bom Mestre, que bem devo fazer para alcançar a vida eterna?” Jesus lhe respondeu:
“Por que me chamas bom? “Não há senão somente Deus que é bom. Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos.” (S. Mateus, 19:16 e 17; S. Marcos, 10:17 e 18; S. Lucas, 18:18 e 19.)
Não só Jesus não se deu, em nenhuma circunstância, por igual a Deus, como, neste passo, afirma positivamente o contrário: considera-se inferior a Deus em bondade. Ora, declarar que Deus lhe está acima, pelo poder e pelas qualidades morais, é dizer que ele não é Deus. As passagens que seguem apóiam as que citamos e também são bastante explícitas.
“Não tenho falado por mim mesmo; meu Pai, que me enviou, foi quem me prescreveu, por mandamento seu, o que devo dizer e como devo falar; — e sei que o seu mandamento é a vida eterna; o que, pois, eu digo é segundo o que meu Pai me ordenou que o diga.” (S. João, 12:49 e 50.)
“Jesus lhes respondeu: Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. — Aquele que quiser fazer a vontade de Deus reconhecerá se a minha doutrina é dele, ou se falo por mim mesmo. — Aquele que fala por impulso próprio procura a sua própria glória, mas o que, procura a glória daquele que o enviou é veraz, não há nele injustiça.” (S. João, 7:16 a 18.)
“Aquele que não me ama não guarda a minha palavra, e a palavra que tendes ouvido não é minha, mas de meu Pai que me enviou.” (S. João, 14:24.)
“Não credes que estou em meu Pai e que meu Pai está em mim? O que vos digo não o digo de mim mesmo; meu Pai que mora em mim, faz ele próprio as obras que eu faço.” (S. João, 14:10.)
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. - Pelo que respeita ao dia e à hora, ninguém o sabe, nem os anjos que estão no céu, nem mesmo o Filho, mas somente o Pai.” (S. Marcos, 13:32; S. Mateus, 24:35 e 36.)
“Jesus então lhes disse: Quando houverdes elevado ao alto o Filho do homem, conhecereis o que eu sou, porquanto nada faço de mim mesmo; mas, digo o que meu Pai me ensinou; e aquele que me enviou está comigo e não, me deixou só, porque faço sempre o que lhe é agradável.” (S. João, 8:28 e 29.)
“Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.” (S. João, 6:38.)
“Nada posso fazer de mim mesmo. Julgo segundo ouço e o meu juízo é justo, porque não procuro satisfazer à minha vontade, mas à vontade daquele que me enviou.” (S. João, 5:30.)
“Mas, de mim, tenho um testemunho maior que o de João, porquanto as obras que meu Pai me deu o poder de fazer, as obras, digo, que eu faço dão testemunho de mim, que foi meu Pai que me enviou.” (S. João, 5:36.)
 “Mas, agora procurais dar-me morte, a mim que vos tenho dito a verdade que aprendi de Deus; é o que Abraão não fez.” (S. João, 8:40.)
Desde que ele nada diz de si mesmo; que a doutrina que prega não é sua, que ela lhe veio de Deus, que lhe ordenou viesse dá-la a conhecer; que não faz senão o que Deus lhe deu o poder de fazer; que a verdade que ensina ele a aprendeu de Deus, a cuja vontade se acha sujeito, é que ele não é Deus, mas, apenas, seu enviado, seu messias e seu subordinado.
Fora-lhe impossível recusar, de maneira mais positiva, qualquer assimilação sua a Deus, nem determinar o seu papel principal em termos mais precisos. Não há nos trechos acima pensamentos ocultos sob o véu da alegoria, que só à força de interpretações se possam descobrir. São pensamentos expressos em seu sentido próprio, sem ambigüidade.
Se objetarem que Deus, por não ter querido dar-se a conhecer na pessoa de Jesus, provocou uma ilusão acerca da sua individualidade, poder-se-ia perguntar em que se funda semelhante opinião, quem tem autoridade para lhe sondar o fundo do pensamento e para lhe dar às palavras um sentido contrário ao que elas exprimem. Pois que, em vida de Jesus, ninguém o considerava como sendo Deus; que todos, ao contrário, o consideravam um messias, se ele não quisesse que o conhecessem qual era, bastar-lhe-ia nada dizer. Das suas afirmações espontâneas, deve-se concluir que ele não era Deus, ou que, se o era, voluntariamente e sem utilidade, fez uma afirmação falsa.
É de notar-se que S. João, o Evangelista sobre cuja autoridade mais buscaram apoiar-se os instituidores do dogma da divindade do Cristo, é precisamente o que oferece os mais numerosos e mais positivos argumentos em contrário.
É do que pode convencer-se qualquer pessoa, lendo as passagens seguintes, que nada acrescentam, é certo, às provas já citadas, mas as corroboram porque de tais passagens ressalta evidente a dualidade e a desigualdade das duas entidades:
“Por esse motivo, os judeus perseguiam a Jesus e queriam matá-lo, isto é, porque fizera tais coisas em dia de sábado. - Mas, Jesus lhes disse: ‘Meu Pai obra até ao presente e eu também obro’.” (S. João, 5:16 e 17.)
“Porquanto o Pai a ninguém julga; mas deu ao Filho todo o poder de julgar, a fim de que todos honrem ao Filho, como honram ao Pai. Aquele que não honra ao Filho, não honra ao Pai que o enviou.”
“Em verdade, em verdade, digo-vos que aquele que ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não cai na condenação; antes, já passou da morte à vida.”
“Em verdade, em verdade, digo-vos que a hora vem, e ela já veio, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a escutarem viverão; pois, assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho ter a vida em si mesmo — e lhe deu o poder de julgar, porque ele é o Filho do homem.” (S. João, 5:22 a 27.)
“E o Pai que me enviou há dado, ele próprio, testemunho de mim. Nunca jamais lhe ouvistes a voz, nem vistes a face. - E a sua palavra não permanecerá em vós porque não credes no que ele enviou.” (S. João, 5:37 e 38.)
 “Quando eu julgasse, o meu julgamento seria digno de fé, porquanto não estou só; meu Pai que me enviou está, comigo.” (S. João, 8:16.)
“Havendo Jesus dito estas coisas, elevou os olhos ao céu e disse: ‘Meu Pai, a hora é vinda; glorifica a teu Filho, a fim de que teu Filho te glorifique. — Como lhe deste poder sobre todos os homens, a fim de que ele dê a vida eterna a todos os que lhe deste. — Ora a vida eterna consiste em te conhecer a ti que és O ÚNICO DEUS verdadeiro e a Jesus-Cristo que tu enviaste.
“Eu te tenho glorificado na terra; acabei a obra de que me encarregaste. — E tu, meu Pai, glorifica-me, pois, agora também em ti mesmo dessa glória que tive em ti antes que o mundo fosse.
“Dentro em pouco já não estarei no mundo; mas, quanto a eles, estão ainda no mundo, e eu regresso a ti. Pai santo, conservo em teu nome os que me deste, a fim de que eles sejam como nós’.”
“Dei-lhes a tua palavra e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu próprio não sou do mundo.”
“Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade mesma. - Assim como me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo — e me santifico a mim mesmo por eles, a fim de que também eles sejam santificados na verdade.”
“Não peço apenas por eles, mas também pelos que em mim hão de crer pela palavra deles; — a fim de que estejam todos unidos, como tu, meu Pai, estás em mim e eu em ti; que eles, do mesmo modo, sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste.”
“Meu Pai, desejo que, lá onde eu estou, os que tu me deste também estejam comigo, a fim de que contemplem a minha glória, glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo.”
“Pai justo, o mundo não te há conhecido; eu, porém, te tenho conhecido; e estes conheceram que tu me enviaste. - Fiz que eles conhecessem o teu nome, e ainda farei que o conheçam, a fim de que o amor com que me tens amado esteja neles e eu próprio neles esteja.” (S. João, 17:1 a 5, 11 a 14, 17 a 26. Prece de Jesus.)
“É por isto que meu Pai me ama, porque deixo a vida para a retomar. - Ninguém ma arrebata; sou eu que a deixo de mim mesmo; tenho o poder de a deixar e tenho o poder de a retomar. É o mandamento que recebi do meu Pai.” (S. João, 10:17 e 18.)
“Tiraram a pedra e Jesus, erguendo os olhos para o céu, disse estas palavras: Meu Pai, rendo-te graças por me haveres exalçado. — Eu, de mim, sabia que tu me exalçarias sempre; mas, digo isto para esta gente que me cerca, a fim de que creia que foste tu que me enviaste.” (S. João, 11:41 e 42. Morte de Lázaro.)
“Não mais vos falarei, porquanto o príncipe do mundo vai vir, embora nada haja em mim que lhe pertença, mas para que o mundo conheça que amo a meu Pai e que faço o que meu Pai me ordena.” (S. João, 14:30 e 31.)
“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu, que tenho guardado os mandamentos de meu Pai, permaneço no seu amor.” (S. João, 15:10.)
“Então, soltando grande brado, Jesus disse: Meu Pai, às tuas mãos entrego o meu ser. E, tendo pronunciado essas palavras, expirou.” (S. Lucas, 23:46.)
Se Jesus, ao morrer, entrega sua alma às mãos de Deus, é que ele tinha uma alma distinta de Deus, submissa a Deus. Logo, ele não era Deus.
As palavras que se seguem indiciam, da parte de Jesus, certa fraqueza humana, certa apreensão quanto aos sofrimentos e à morte que lhe vão ser infligidos, o que contrasta com a natureza divina que lhe atribuem. Elas, porém, demonstram, ao mesmo tempo, uma submissão de inferior para superior.
“Então, chegou Jesus a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar.’
- E, tendo levado consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a estar em grande aflição. — Disse-lhes então: Minha alma se acha em mortal tristeza; ficai aqui e velai comigo. — E, indo para um pouco mais longe, prosternou-se com o rosto em terra e orou dizendo: Meu Pai, se for possível, faze de mim se afaste este cálice; entretanto, não seja como eu quero, mas como tu queiras. — Veio em seguida ter com os seus discípulos e, achando-os adormecidos, disse a Pedro: Pois quê! não pudestes velar uma hora comigo? — Vigiai e orai, a fim de não cairdes em tentação. O Espírito é pronto, mas a carne é fraca. — Foi-se de novo, para orar segunda vez, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar, sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.” (S. Mateus, 26:36 a 42. Jesus no Jardim das Oliveiras.)
“Então, disse-lhes: Minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e velai. — E, tendo-se afastado um pouco, prosternou-se em terra, rogando que, se fosse possível, aquela hora se afastasse dele. - Dizia: Abba, meu Pai, tudo te é possível, transporta para longe de mim este cálice; mas, que se faça a tua vontade e não a minha.” (S. Marcos, 14:34 a 36.)
“Em chegando àquele lugar, disse-lhes: Orai, a fim de não sucumbirdes à tentação. — E, tendo-se afastado deles cerca de um arremesso de pedra, ajoelhou-se, dizendo: Meu Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; entretanto, não se faça a minha vontade, mas a tua. — Então, apareceu-lhe um anjo do céu a fortalecê-lo. — Havendo entrado em agonia, redobrava suas preces. - Veio-lhe um suor de gotas de sangue, que corria até ao chão.” (S. Lucas, 22:40 a 44.)
“Pela hora nona, soltou Jesus um grande brado, dizendo: Eli! Eli! Lamma Sabachtani? que quer dizer: Meu Deus! Meu Deus! por que me abandonaste?” (S. Mateus, 27:46.)
“E, pela hora nona, lançou Jesus um grande brado, dizendo: Meu Deus, Meu Deus! por que me abandonaste?” (S. Marcos, 15:34.)
As passagens que vamos transcrever poderiam deixar alguma dúvida e dar ensejo a crer-se numa identificação de Deus com a pessoa de Jesus; mas, além de que não poderiam prevalecer contra os termos precisos das que precedem, trazem consigo a devida retificação.
“Perguntaram-lhe: Quem és tu então? Jesus lhes respondeu: Sou o princípio de todas as coisas, eu que vos falo. - Tenho muitas coisas a dizer-vos; mas, aquele que me enviou é verdadeiro e eu não digo senão o que dele aprendi.” (S. João, 8:25 e 26.)
“O que meu Pai me deu é maior do que todas as coisas e ninguém o pode arrebatar das mãos de meu Pai. Meu Pai e eu somos um.” (S. João, 10:29 e 30.)
Quer isto dizer que seu Pai e ele são um pelo pensamento, pois que ele exprime o pensamento de Deus, pois que tem a palavra de Deus.
“Então, os judeus tomaram de pedras para lapidá-lo. - Jesus lhes disse: Muitas obras boas tenho feito diante de vós, pelo poder de meu Pai. Por qual delas quereis lapidar-me? – Os judeus lhe responderam: Não é por nenhuma boa obra que te lapidamos; mas, por causa da tua blasfêmia, porque, sendo homem, tu te fazes Deus. — Jesus lhes replicou: Não está escrito na vossa lei: Tenho dito que sois Deuses? — Ora, se ela chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus era dirigida e não podendo a Escritura ser destruída, como dizeis que blasfemo, eu a quem meu Pai santificou e enviou ao mundo, porque disse que sou filho de Deus? — Se não faço as obras de meu Pai, não me creiais; se, porém, as faço, quando não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, a fim de saberdes e crerdes que meu Pai está em mim e eu nele.” (S. João, 10:31 a 38.)
Noutro capítulo, dirigindo-se a seus discípulos, diz: “Nesse dia, reconhecereis que estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós.” (S. João, 14:20.)
Destas palavras, não há concluir-se que Deus e Jesus são uma única entidade, pois, de outro modo, também se teria de concluir, das mesmas palavras, que os apóstolos e Deus eram um.

                                                                                  ALLAN KARDEC.

            Fonte: O Livro “OBRAS PÓSTUMAS”, - Allan Kardec –27 a. Edição. –Instituto de Difusão Espírita , - Araras, SP. – Maio 2012.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

- MENSAGEM PARA MEDITAR. - N º. 266. - O ESTUDO SOBRE A NATUREZA DO CRISTO II. - II. - OS MILAGRES PROVAM A DIVINDADE DO CRISTO? - ALLAN kARDEC.

O ESTUDO SOBRE A NATUREZA DO CRISTO II.
  
II. -  OS MILAGRES PROVAM A DIVINDADE DO CRISTO?

Segundo a Igreja, a divindade do Cristo está firmada pelos milagres, que testemunham um poder sobrenatural.
Esta consideração pode ter tido certo peso numa época em que o maravilhoso era aceito sem exame; hoje, porém, que a Ciência levou suas investigações até às leis da Natureza, há mais incrédulos do que crentes nos milagres, para cujo descrédito não contribuíram pouco o abuso das imitações fraudulentas e a exploração que dessas imitações se há feito.
A fé nos milagres foi destruída pelo próprio uso que deles fizeram, donde resultou que muitas pessoas consideram agora os do Evangelho como puramente lendários.
A própria Igreja, aliás, tira aos milagres todo o alcance como prova da divindade do Cristo, declarando que o demônio os pode operar tão prodigiosos quanto aqueles outros.
Se tal poder tem o demônio, evidente se torna que os fatos desse gênero carecem em absoluto de caráter exclusivamente divino. Se ele pode fazer coisas espantosas, capazes até de iludir os eleitos, como poderão simples mortais distinguir os bons milagres dos maus? Não será de temer que, observando fatos similares, confundam Deus e Satanás?
Dar a Jesus semelhante rival em habilidade é grande desazo; mas, em matéria de contradições e de inconseqüências, não se consideravam as coisas com muita atenção numa época em que para os fiéis seria um caso de consciência o pensarem por si mesmos e discutirem o menor artigo que se lhes impusesse à crença. Não se contava então com o progresso e ninguém cuidava de que pudesse ter fim o reinado da fé cega e ingênua, reinado cômodo, qual o do bel-prazer. O papel tão preponderante que a Igreja se obstinou em atribuir ao demônio produziu conseqüências desastrosas para a fé, à medida que os homens se foram sentindo capazes de ver com seus próprios olhos. Depois de ter sido explorado com êxito durante algum tempo, ele se tornou o alvião posto no velho edifício das crenças e uma das causas da incredulidade. Pode dizer-se que a Igreja, com o tomá-lo por auxiliar indispensável, alimentou em seu seio aquele que se voltaria contra ela e lhe minaria os fundamentos.
Outra consideração não menos grave é a de que os fatos milagrosos não constituem privilégio exclusivo da religião cristã. Não há, com efeito, religião alguma, idólatra ou pagã, que não tenha seus milagres tão maravilhosos e tão autênticos para os respectivos adeptos, quanto os do Cristianismo. E a Igreja se privou do direito de os contestar, desde que atribuiu às potências infernais o poder de os operar.
No sentido teológico, o caráter essencial do milagre é o de ser uma exceção aberta nas leis da Natureza, o que, conseguintemente, o torna inexplicável mediante essas mesmas leis. Deixa de ser milagre um fato, desde que possa explicar-se e que se ache ligado a uma causa conhecida.
Desse modo foi que as descobertas da Ciência colocaram no domínio do natural muitos efeitos que eram qualificados de prodígios, enquanto se lhes desconheciam as causas.
Mais tarde, o conhecimento do princípio espiritual, da ação dos fluidos sobre a economia geral, do mundo invisível dentro do qual vivemos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito, facultou a explicação dos fenômenos de ordem psíquica, provando que esses fenômenos não constituem, mais do que os outros, derrogações das leis da Natureza, que, ao contrário, decorrem quase sempre de aplicações destas leis. Todos os efeitos do magnetismo, do sonambulismo, do êxtase, da dupla vista, do hipnotismo, da catalepsia, da anestesia, da transmissão do pensamento, a presciência, as curas instantâneas, as possessões, as obsessões, as aparições e transfigurações, etc., que formam a quase totalidade dos milagres do Evangelho, pertencem àquela categoria de fenômenos.
Sabe-se agora que tais efeitos resultam de especiais aptidões e disposições psicológicas; que se hão produzido em todos os tempos e no seio de todos os povos e que foram considerados sobrenaturais pela mesma razão que todos aqueles cuja causa não se percebia. Isto explica por que todas as religiões tiveram seus milagres, que mais não são que fatos naturais, quase sempre, porém, ampliados até ao absurdo pela credulidade e reduzidos agora ao seu justo valor pelos conhecimentos atuais, que permitem se destaque deles a parte devida à lenda.
A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como operados por Jesus se acha hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, como fenômenos naturais. Pois que eles se produzem às nossas vistas, quer espontaneamente, quer quando provocados, nada há de anormal em que Jesus possuísse faculdades idênticas às dos nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns, etc. Do momento em que essas mesmas faculdades se encontram, em diferentes graus, numa multidão de indivíduos que nada têm de divino, até em heréticos e idólatras, elas não implicam, de maneira alguma, a existência de uma natureza sobre-humana.
Se o próprio Jesus qualifica de milagres os seus atos, é que nisto, como em muitas outras coisas, lhe cumpria apropriar sua linguagem aos conhecimentos dos seus contemporâneos.
Como poderiam estes apreender os matizes de uma palavra que ainda hoje nem todos compreendem?
Para o vulgo, eram milagres as coisas extraordinárias que ele fazia e que pareciam sobrenaturais, naquele tempo e mesmo muito tempo depois. Ele não podia dar-lhes outro nome. Fato digno de nota é que se serviu dessa denominação para atestar a missão que recebera de Deus, segundo suas próprias expressões, porém nunca se prevaleceu dos milagres para se apresentar como possuidor do poder divino.
1 Importa, pois, se risquem os milagres do rol das provas sobre que se pretende fundar a divindade da pessoa do Cristo. Vejamos agora se as encontramos em suas palavras.
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                                                                                  ALLAN KARDEC.

            Fonte: O Livro “OBRAS PÓSTUMAS”, - Allan Kardec –27 a. Edição. –Instituto de Difusão Espírita , - Araras, SP. – Maio 2012.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)