O EXCEPCIONAL À LUZ DO ESPIRITISMO.
Celso
Martins.
A espera foi demorada. Levou nove
longos meses de expectativa. E aquela mulher pobre, que já estava às voltas com
alimentação de outros filhos menores, pois o marido ganhava, como pintor de
paredes, um mísero salário mínimo, viu em seus frágeis braços um menino
excepcional.
Durante noites de insônia aquela
mulher heróica chorou um pranto amargo.
Não sabia como dar àquele serzinho
um tratamento à altura de sua anomalia.
Talvez este tratamento não o curasse
de todo, é verdade, mas ao menos atenuaria a sua dor, o que seria melhora
significativa para o caso. Até que um dia alguém deu a “dica”; num determinado
bairro distante havia uma clínica especializada que poderia oferecer
gratuitamente atendimento para seu rebento.
Para lá se botou aquela mulher com o
filhinho querido nos braços. E de fato, já uma equipe competente deu ao
gurizinho a devida atenção. Com efeito, não o curou de todo. No entanto,
proporcionou-lhe algum alívio, ofertando reconforto ao coração materno, já
ralado pelas dificuldades e pela dor.
Como é que o Espiritismo encara
semelhante a situação hem?
Ou por outras palavras, como é que a
Doutrina explica o nascimento de uma criança excepcional num lar carente, às
voltas com a sua subsistência, se em lares opulentos, onde os recursos seriam
mais prontos e eficientes, nasce outra criança perfeita, sadia, inteiramente
normal? Se bem que, a bem da verdade, nos lares ricos também nasçam crianças
doentes de corpo e da mente, pois a dor não escolhe palácio ou choupana para li
conviver!
Bem, tudo tem sua profunda razão de
ser. Ninguém é pai ou filho de alguém simplesmente por acaso, não. Numa família
estão reunidos Espíritos que devem marchar juntos. Isto porque cada criatura
não é um corpo material, sadio ou adoentado, perfeito ou deficiente.
Cada um de nós é, em sua intimidade,
um Espírito temporariamente revestido de um organismo e que veio mais uma vez
ao cenário do mundo para expiar os seus erros pretéritos e preparar, de igual
modo, o seu futuro dentro das leis de Deus.
Aquele menino excepcional em
decorrência de enganos e erros do passado, obteve esta nova existência para
justamente redimir-se deste passado de violação às leis morais da vida. Aquela
mãe, aquele pai, aqueles irmãos têm ligações com ele também. Comprometeram-se
em ajudá-lo nesta dolorosa reencarnação. E todos, sem dúvida, até os médicos,
os enfermeiros, os técnicos que o atenderam, todos nós poderemos e deveremos
auxiliá-lo, pois a finalidade da vida de cada um de nós é alcançar a redenção
espiritual mediante a genuína e desinteressada prática do Bem por amor ao
próprio Bem.
Ajudemos tais famílias vendo, nestes
doentes, irmãos que merecem o nosso Amor cristão.
Fonte: Livro: “Páginas Espíritas”, - Celso Martins, 1a.
Edição, - CULTURESP.