Benedita Fernandes
1883 – 1947
Benedita Fernandes nasceu aos 27/6/1883 em Campos Novos de Cunha
(SP) e desencarnou em Araçatuba aos 9/10/1947.
O ingresso de Benedita Fernandes nas ações
espíritas foi muito peculiar. Portadora de atroz obsessão, autêntica subjugação,
Benedita perdeu o contacto com a família e perambulava sem rumo.
Certa feita, causava tantos incômodos à população
que foi recolhida à Cadeia Pública da cidade de Penápolis. Àquela época não
existiam hospitais ou atendimentos para tal fim. O carcereiro Padial e depois o
sr. Marcheze deram assistência à mulher doente, principalmente com passes. Ela
recobrou a consciência e resolveu rumar para Araçatuba.
Como gratidão pelo benefício, a mulher
simples, negra e semi-analfabeta, juntamente com outras lavadeiras começou a
erguer casinhas de madeira no então Bairro Dona Ida (hoje Santana), nos idos de
1927.
Benedita transformou-se em pioneira da
assistência social espírita em toda a região Noroeste do Estado de São Paulo,
ao fundar a Associação das Senhoras Cristãs, aos 6/3/1932, em Araçatuba. Como
esta obra originou o Sanatório; ela é também, provavelmente, uma das pioneiras
dos Hospitais Psiquiátricos Espíritas.
A reunião para fundação da Associação
ocorreu nas dependências do Centro Espírita “Paz, Amor e Caridade”, no mesmo
bairro. Entre os presentes, destacamos o pioneiro do movimento espírita
araçatubense, o sr. Gedeão Fernandes de Miranda.
A ação assistencial se desdobrou com
inauguração do prédio próprio em 1933. Por exigência dos órgãos governamentais,
o trabalho foi desdobrado em duas ações específicas, de atendimento a doentes
mentais e a crianças órfãs e carenciadas. Assim, surgia a “Casa da Criança” e o
Asilo “Dr.Jaime de Oliveira”. Estas instituições foram, respectivamente, desativada
e transformado em Sanatório que homenageia Benedita, nos anos 50, após a
desencarnação da fundadora.
Benedita Fernandes também oferecia uma
classe de aula em convênio com a Prefeitura Municipal e mantinha um albergue
noturno.
Além da obra assistencial atuou como médium,
principalmente passista, e deixou muitos exemplos nobilitantes.
Benedita Fernandes tornou-se igualmente
uma das pioneiras do atual movimento de unificação dos espíritas quando fundou
aos 30/8/1940 a União Espírita Regional da Noroeste, sendo eleita sua
presidente. Todavia, este movimento, na realidade, somente vicejou com a fundação
da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, em 1947.
Assim, Benedita atuava no movimento
espírita da cidade, fazia visitas e campanhas na região. Mantinha correspondência
com Cairbar Schutel, que sempre publicava notícias sobre o trabalho dela no
histórico jornal “O Clarim”. Era visitada por lideranças expressivas como João
Leão Pitta e por Leopoldo Machado. Inclusive a este acompanhou até uma
histórica confraternização espírita na cidade de Cruzeiro, SP. O pioneiro dr.
Tomaz Novelino (de Franca, SP) também se refere a reunião que participou com
Benedita, a propósito de doentes mentais.
Emília Santos, e muitos líderes da época
foram colaboradores de Benedita. Ela contava com o apoio de autoridades
municipais e estaduais, dos espíritas, da maçonaria e do povo em geral.
Há muitos episódios enobrecedores sobre
sua dedicação à causa do bem, entremeados da interação com a comunidade.
Atualmente, suas antigas obras restringem-se
ao Sanatório “Benedita Fernandes”. Como homenagem, a rua do Sanatório, no
Bairro Santana, também tem seu nome. Temos localizado inúmeras instituições
espíritas de São Paulo e de outros Estados que têm seu nome designando
instituições espíritas ou departamento delas.
Um fato que contribuiu para divulgar o
trabalho de Benedita Fernandes, foi uma mensagem psicografada por Francisco
Xavier, intitulada “Num Domingo de Calor”, assinada por Hilário Silva, e
publicada pelo “Anuário Espírita 1964”
(IDE).
Comentamos essa mensagem nos nossos livros
“Dama da Caridade” e “Chico Xavier – o homem e a obra”:
“Benedita Fernandes, abnegada fundadora da
Associação das Senhoras Espíritas Cristãs, de Araçatuba, no Estado de São
Paulo, foi convidada para uma reunião de damas consagradas à caridade, para
exame de vários problemas ligados a obras de assistência. E porque se dedicava,
particularmente, aos obsidiados e doentes mentais, não pode esquivar-se.
Entretanto, a presença da conhecida
missionária causava espécie.
O domingo era de imenso calor e Benedita
ostentava compacto mantô de lã, apenas compreensível em tempo de frio.
– Mania! – cochichava alguém, à pequena
distância.
– De tanto lidar com malucos, a pobre
espírita enlouqueceu... – dizia elegante senhora à companheira de poltrona, em
tom confidencial.
– Isso é pura vaidade, – falou outra – ela
quer parecer diferente.
– Caso de obsessão! – certa amiga lembrou
em voz baixa.
– Benedita, porém, opinava nos temas
propostos, cheia de compreensão e de amor.
Em meio aos trabalhos, contudo, por notar
agitações na assembléia, a presidente alegou que Benedita suava por todos os
poros, e, em razão disso, rogou a ela que tirasse o mantô por gentileza.
Benedita Fernandes, embora constrangida,
obedeceu com humildade e só aí as damas presentes puderam ver que a mulher
admirável, que sustentava em Araçatuba dezenas de enfermos, com o suor do
próprio rosto, envergava singelo vestido de chitão com remendos enormes.
Hilário Silva
(Página inédita, recebida pelo médium
Francisco Cândido Xavier, em reunião da noite de 27/7/63).
Nos anos 70 e 80, Divaldo Pereira Franco
psicografou várias mensagens de autoria de Benedita Fernandes. Algumas foram
psicografadas por Divaldo, durante visita a Araçatuba. Estas estão incluídas em
livros do mesmo médium.
Por ocasião do cinqüentenário de suas
obras lançamos um livro sobre Benedita – “Dama da Caridade”, inicialmente
editado pela então União Municipal Espírita de Araçatuba, onde reunimos
informações sobre a vida e a obra da notável obreira, bem como as mensagens
espirituais dela ou alusivas a ela.
Fonte: GRANDES GIGANTES DA DOUTRINA
ESPÍRITA. – INTERNET.
RHEDAM.(mzgcar@gmail.com)
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