SEGUNDA
PARTE.
CAPÍTULO XV.
DOS MÉDIUNS
MÉDIUNS
INSPIRADOS
182. Todo aquele que, tanto no
estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações
estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos
médiuns inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade
intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força oculta é aí muito
menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o
pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o que, sobretudo,
caracteriza o pensamento deste último gênero. A inspiração nos vem dos
Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede,
principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde
cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da
vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que
todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e
familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se
todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer
com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não
sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e confiança, em caso de
necessidade, e muito freqüentemente se admirará das idéias que lhe surgem como
por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar, quer de alguma coisa a
compor. Se nenhuma idéia surge, é que é preciso esperar. A prova de que a idéia
que sobrevém é estranha à pessoa de quem se trate está em que, se tal idéia lhe
existira na mente, essa pessoa seria senhora de, a qualquer momento, utilizá-la
e não haveria razão para que ela se não manifestasse à vontade. Quem não é cego
nada mais precisa fazer do que abrir os olhos, para ver quando quiser. Do mesmo
modo, aquele que possui idéias próprias tem-nas sempre à disposição. Se elas
não lhes vêm quando quer, é que está obrigado a buscá-las algures, que não no
seu íntimo.
Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem
serem dotadas de inteligência fora do comum e sem saírem do estado normal, têm
relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes dá momentaneamente desabitual facilidade
de concepção e de elocução e, em certos casos, o pressentimento de coisas
futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as idéias
abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência
superior nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.
Fonte, “Livro dos Médiuns“, Allan Kardec, da 18º. edição, abril de 1991, do
Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
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