COSTUMES DO MÉDIUM.
É comum, em
todas as instituições espíritas, a observação da conduta do médium. Às vezes,
não se vê alarde; no entanto, todos observam o que se passa na vida do
medianeiro dos Espíritos.
Os
freqüentadores buscam nele um modelo de desprendimento, de honestidade, onde
vibra a moralidade em todas as suas nuanças. Mesmo que o exemplo não seja
seguido pelos observadores, existe a necessidade de o médium estruturar
caminhos e delinear roteiros de uma conduta reta. Aquele que se entregou à
mediunidade, nas linhas de Nosso Senhor Jesus Cristo e nas diretrizes traçadas
pelo codificador da doutrina dos Espíritos, haverá de mudar os seus costumes
antigos, herdados, às vezes, no lar e, certamente, na sociedade, incompatíveis
com o ambiente do amor verdadeiro.
Existem muitos
livros de boas maneiras, cujos ensinamentos são estudados e praticados pelos
homens de negócios, que têm grande interesse de serem estimados nos meios
sociais. Não resta dúvida que pode ser um começo de educação. Porém, a educação
do médium deve estribar-se em outros ângulos, onde se levanta afigura do Cristo
como o Mestre de todos os outros. O espírita deve trabalhar na sua
auto-educação, por amor, visando ao seu aprimoramento e servindo de instrumento
na educação dos outros, no silêncio que a dignidade espiritual inspira às
criaturas.
A vaidade, nos
círculos mediúnicos, é fato comum. Os melindres ainda não deixaram de existir
entre os companheiros que nos servem de instrumentos. Essas inferioridades são
sutis, difíceis de serem registradas por seus possuidores, mas a reforma nunca
é impossível, desde que a educação e a disciplina sejam constantes. Tudo o que
passa por nós leva a nossa marca, na mais profunda sensibilidade. Em se falando
do médium de cura, é de capital importância que tenha saúde física e mental,
porque a sua presença irradia sempre aquilo que ele é. Se estás tratando de
enfermos, estes recebem o que pensas, falas e vives. A própria medicina oficial
terrena não fica isenta dessas leis. São leis que vigoram e sustentam a vida em
toda parte. Tanto o médium quanto o médico respondem pelo que dão, na razão
direta dos seus sentimentos. Compete a cada criatura, na posição em que se
encontra dentro da sociedade, como médium ou como médico, que já compreendeu
seus deveres ante o próximo, trabalhar na sua iluminação interior, corrigindo
velhos hábitos e esquecendo-se de inúmeros vícios, arraigados como conduta, que
empanam os valores do Espírito.
O médium ainda é
mais responsável frente à sociedade, por já compreender, pela luz do Evangelho,
como deve proceder, fazendo da sua vida, uma vida exemplar, porque, dessa
forma, ele estará ensinando, com o silêncio, ao próprio médico como se conduzir
melhor, pois a medicina reconhecerá, nas suas atuações mediúnicas, algo a mais
que os medicamentos e a plenitude do saber dos diagnósticos.
O homem de
conduta reta é sempre abastecido de energias superiores, desde que o orgulho e
a vaidade não tomem seu coração. O verdadeiro saber cobre-se com a simplicidade
e a discrição. O verdadeiro médium é aquele que trabalha todos os dias dentro
de si, para
melhorar seus
sentimentos e corrigir seus impulsos inferiores. Se houver muitas organizações
espiritualistas que não cogitam do aprimoramento moral dos instrumentos dos
Espíritos, também elas não se incomodarão de observar a qualidade das entidades
que se comunicam. E mediunidade, sem educação e disciplina, sem ordem e sem
trabalho na caridade, é oficina de Espíritos inferiores, onde podem surgir,
constantemente, todos os tipos de desequilíbrios, psíquicos e orgânicos, nos
próprios instrumentos e nas criaturas de boa fé, levadas, por eles, aos
festejos das sombras.
A Doutrina
Espírita, com Jesus, é, pois, uma universidade em favor das almas, onde os
valores são mais facilmente observados. As dificuldades, porém, são as mesmas,
a serem vividas por todos os companheiros que desejam acertar. Quem encontrar
dificuldades de remover costumes inadequados aos ensinos do Cristo, de afastar
vícios que atrofiam as qualidades do homem de bem e precisa viver no meio
espiritualista, não defenda tais inferioridades, incompatíveis com as boas
maneiras, traçadas e sustentadas pelos luminares da espiritualidade maior. É
bom que medite e viva em silêncio, para que, no futuro, os sentimentos cedam à
inspiração do divino e à voz da consciência em Cristo.
A porta para a
reforma interior é a caridade. E não há caridade sem trabalho. Portanto,
entrega as tuas mãos a esse exercício e empenha teu coração no amor, que os
teus caminhos ficarão mais claros e teus pés poderão andar sem tropeços inconvenientes.
A literatura mediúnica, qualificada nos anseios do bem da coletividade, é
enorme. Basta que tenhas boa vontade de ler e estudar, para compreender e
fazê-la visível, na própria vida.
O médium é um
instrumento de cura e um ponto de apoio para as criaturas em desequilíbrio. No
entanto, é necessário que ele se prepare, antes de ajudar aos outros, para
saber como convém ajudar. Se consideramos todos médiuns, ainda melhor: que
todos se dêem as mãos na mesma escola de luz, corrigindo defeitos e aprimorando
qualidades, para merecermos, no amanhã, o paraíso tão falado e decantado por
aqueles que já conheceram a verdade. O Espírito que se esforça por sua
iluminação interna, encarnado ou desencarnado, a ninguém faz favor. Ele está
conquistando a sua própria paz. E somente ele vai desfrutar da tranqüilidade
imperturbável da sua consciência.
O interesse pela
mediunidade, vista por esse prisma, talvez decresça, pela presença de espinhos
no caminho. É uma posição incômoda, comparada à vida comum da humanidade. Os
grandes países civilizados esqueceram, por conveniência, determinados tipos de
conduta, a não ser quando elas trazem algum interesse particular. Tudo, nessas
sociedades, se vende e se compra. Quando se dá, espera-se a resposta da dádiva.
Quando amam, exigem amor de volta; quando sorriem, não dispensam sorrisos.
A linha de Jesus
é outra. E a da doutrina dos Espíritos, que revive o Mestre, apresenta outras
modalidades educacionais superiores: nada receber nem exigir, em troca daquilo
que se oferta. Por isso, a mudança dos costumes contrários ao bem é um preparo
para que o amor se faça, do modo que Jesus nos ensinou a amar.
Livro: “SEGURANÇA
MEDIÚNICA”, - MIRAMEZ., - Psicografado por João Nunes Maia, - 12 ª edição, -
Editora Fonte Viva, - BELO HORIZONTE, MG, - 1998..
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