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sábado, 17 de março de 2018

- POEMAS ESPÍRITAS. - PARNASO DE ALÉM TÚMULO. - IMORTALIDADE. - FAGUNDES VARELA. (CHICO XAVIER.)


                            IMORTALIDADE.

Senhor! Senhor! que os verbos luminosos
Do amor, da perfeição, da liberdade,
Inflamem minhas vozes neste instante!
Que o meu grito bem alto se levante,
Conduzindo a mensagem benfazeja
Das esperanças para a Humanidade!
Senhor! Senhor! que paire sobre o mundo
A luz do teu poder inigualável,
Que os lírios te saúdem perfumando
Os arrebóis, as noites, as auroras;

Hinos de amor, que os pássaros te elevem
Dos seus ninhos de plácida harmonia;
Que as fontes no seu doce murmúrio
Te bendigam com terna suavidade;
Que todo o ser no mundo se descubra
Perante a tua excelsa majestade,
Saturado do amor onipotente
Que promana abundante do teu seio!...
Senhor! que a minha voz altissonante
Se propague entre os homens; que a verdade
Resplandeça na terra da amargura!

Ó Pai! tu que removes o impossível,
Que transmudas em rosas os espinhos,
E que espancas a treva dos caminhos
Com a luz que afirma a tua onipotência,
Permite que minhalma seja ouvida
Na vastidão do mundo do desterro;
Que os meus irmãos da Terra me recebam
Como o ausente invisível, redivivo!...

Irmãos, eis-me de novo ao vosso lado!
Venho de esferas lúcidas, radiosas,
Atravessei estradas tenebrosas
E sendas deslumbrantes e estelíferas,
Empunhando o saltério da esperança.

Pude transpor abismos de ouro e rosas,
Sendas de sonho e báratros escuros,
Planetas como naus sem palinuros
Nos oceanos do éter Infinito!
Contemplei Vias-Lácteas assombrosas,
Visões de sóis eternos, confundidas
Entre estrelas igníferas, distantes;
Vastros portentosos, desferindo
Harmonias de amor e claridades,
E humanidades entre humanidades
Povoando o Universo esplendoroso...

Descansei sobre as ilhas de repouso,
Em lindos arquipélagos distantes,
Habitei os palácios encantados,
Em retiros de amor calmo e sereno,
Onde o solo é formado de ouro e neve,
Onde a treva e onde a noite são apenas
Recordações de mundos obscuros!
Onde as flores do afeto imperecível
Não se emurchecem como sobre a Terra.
Lá, nesses orbes lúcidos, divinos,
O amor, somente o amor, nutre e dá vida.

Somente o amor é a vibração de tudo!
Vi céus por sobre céus inumeráveis,
Mundos de dor e mundos de alegria,
Em luminosidades e harmonias
Aos beijos arcangélicos da luz,
Que é mensagem de Deus por toda a parte!
E apenas conheci um pormenor,
Um detalhe minúsculo, um fragmento
Da Criação infinita e resplendente.

Ah! Morte!... A Morte é o anjo luminoso
Da liberdade franca, jubilosa,
Quando a esperamos tristes e abatidos;
Quando nos traz imácula e sublime
A chama da esperança dentro d'alma,
Amando-se da vida os bens mais nobres,
Se o mundo abafa em nós toda a alegria,
Roubando-nos afetos e consolos,
Martirizando o coração dorido
Na cruz dos sofrimentos mais austeros.

A morte corrobora as nossas crenças,
As nossas esperanças mais profundas,
Rompendo o véu que encobre à nossa vista
O eterno panorama do Universo,
E aponta-nos o céu, a imensidade,
Onde as almas ditosas se engrandecem,
Outras almas guiando em labirintos
Para a luz, para a vida e para o amor!

Que representa a Terra, ante a grandeza
De tantos sóis e orbes luminosos?
É somente uma estância pequenina
Onde a dor e onde a lágrima divina
Modelam almas para a perfeição;

É apenas um degrau na imensidade,
Onde se regenera no tormento
Quem se afasta da Luz e da verdade;
Ela é somente o exílio temporário,
Onde se sofre a angústia da distância
Dos que amamos com alma e com fervor.

Morte! que te abençoem sofredores,
Que te bendiga o espírito abatido,
Já que és a terna mão libertadora
Dos escravos da carne, dos escravos
Das aflições, das dores, da tortura!
Bendigo-te por tudo o que me deste:
Pela beleza da imortalidade,
Pela visão dos céus resplandecentes,
Pelos beijos dos seres bem-amados.

Senhor! Senhor! que a minha voz se estenda,
Como um canto sublime de esperança,
Sobre a fronte de todos quantos sofrem,
Ansiando mais luz, mais liberdade
No orbe da expiação e da impiedade!

Fagundes Varela

ESTE é o sempre laureado cantor do Evangelho nas Selvas, a voz sonora e doce do Cântico do Calvário. Fluminense, desencarnou com 34 anos, em 1875 – depois de uma existência tormentosa.

            Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - AUTORES DIVERSOS. - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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