III - DOUTRINA DEÍSTA
O deísmo compreende duas categorias bem distintas de crentes: os
deístas independentes e os deístas providencialistas.
Os primeiros crêem em Deus; admitem todos os seus atributos como
criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerais que regem o Universo;
mas, uma vez estabelecidas, essas leis funcionam por si sós e aquele que as promulgou
de mais nada se ocupa. As criaturas fazem o que querem ou o que podem, sem que
ele se inquiete. Não há providência; não se ocupando Deus conosco, nada temos
que lhe agradecer, nem que lhe pedir.
Os que negam qualquer intervenção providencial na vida do homem
são como crianças que se julgam muito ajuizadas para se libertarem da tutela,
dos conselhos e da proteção de seus pais, ou que pensam não deverem estes ocupar-se
mais com eles, desde que os puseram no mundo.
Sob o pretexto de glorificarem a Deus, demasiado grande, dizem,
para se abaixar até às suas criaturas, fazem dele um grande egoísta e o
rebaixam até ao nível dos animais que abandonam suas crias à Natureza.
Essa crença é resultado do orgulho; é sempre a idéia de que
estamos submetidos a um poder superior que fere o amor-próprio e do qual
procuram eximir-se. Enquanto uns negam absolutamente esse poder, outros
consentem em reconhecer-lhe a existência, embora condenando-a à nulidade.
Há uma diferença essencial entre o deísta independente, do
qual acabamos de falar, e o deísta providencialista.
Este último, com efeito, crê não só na existência e no poder
criador de Deus, na origem das coisas, como também crê na sua intervenção
incessante na criação e a ele ora, mas não admite o culto exterior e o
dogmatismo atual.
ALLAN
KARDEC.
Fonte: O Livro “OBRAS PÓSTUMAS”, - Allan Kardec –27 a.
Edição. –Instituto de Difusão Espírita , - Araras, SP. – Maio 2012.
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