Emanuel Swedenborg.
(1688 - 1772)
Arthur Conan
Doyle a ele se referiu como a maior e mais alta inteligência humana. Em verdade,
Emanuel von Swedenborg, nascido em Estocolmo a 29 de janeiro de 1688, filho de
um bispo da Igreja luterana sueca, viveu na austera atmosfera evangélica alguns
anos de sua vida. Foi profundo estudioso da Bíblia.
Estudou em
Uppsala e visitou a Alemanha, a França, a Holanda e a Inglaterra, a fim de
ampliar seus extensos conhecimentos de matemática, mecânica, astronomia,
geologia, mineralogia.
Swedenborg
nasceu na Suíça e foi educado pela nobreza de sua pátria, deslocando-se para
Londres onde iniciou-se a sua "iluminação", porquanto desde o dia de
sua primeira visão até a sua morte, 27 anos após, esteve ele em contínuo
contato com o mundo espiritual de maneira ostensiva. Naquela noite, diz ele, o
mundo dos espíritos, do céu e do inferno abriu-se convincentemente para mim e
aí encontrei, muitas pessoas do meu conhecimento e de todas as condições. Desde
então diariamente o Senhor abria os olhos do meu espírito para ver, perfeitamente
desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência,
com os anjos e espíritos.
Swedenborg,
considerado como precursor do Espiritismo, foi antes de tudo um homem de gênio,
cuja genialidade empolgada o fez perder-se em algumas interpretações, naquilo
que lhe era dito ou mostrado. Aceitava a Bíblia como obra de Deus, com
significação diferente de seu óbvio sentido e que ele, só ele, ajudado pelos
anjos seria capaz de transmitir aquele verdadeiro sentido. Essa pretensão é
intolerável e por causa dela a sua obra tornou-se contraditória e nem sempre
inteligível como simples e compreensíveis são os ensinamentos dos missionários
quando têm por missão divulgar as leis divinas.
Swedenborg era
certamente em sua época, o homem que mais conhecimentos detinha em seu possante
cérebro. Era um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o
engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII,
da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de
importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era
zoologista e anatomista. Financista e político antecipou-se às conclusões de
Adam Smith. Finalmente, era um profundo estudioso da bíblia, procedimento este
que lhe marcou de maneira negativa a obra fenomenal que realizou no campo
intelectual.
Aos 22 anos
publicou um volume de versos latinos e aos 28 foi nomeado assessor de minas do
governo sueco. Versátil, tanto quanto Leonardo da Vinci criou engenhos mecânicos
para transportar barcos por terra, analisou a economia da moeda corrente, a
produção e o custo do álcool, a aplicação do sistema decimal, a relação entre
importações e exportações e a economia nacional.
Próximo aos 30
anos, voltou-se para a paleontologia, a geologia, o estudo dos fósseis e chegou
a desenvolver uma avançada teoria sobre a expansão nebular, para explicar a
origem do sistema solar. Dedicou-se também aos estudos da Medicina e da
Fisiologia. Era hábil em latim, grego, inglês, além de sua língua pátria e
chegou a estudar hebraico, a fim de empreender uma reinterpretação do Velho e
do Novo Testamento.
A primeira parte
de sua vida foi notadamente voltada para o intelecto. Contudo, embora ainda
menino tivesse visões, foi em abril de 1744 que se iniciou uma nova etapa, a da
investigação em busca de conhecimentos sobre a alma humana relacionada com Deus
e o universo numa estrutura da idéia cristã.
Conforme suas
palavras, "... o mundo dos
Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí
encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde
então diariamente o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente
desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência,
com anjos e Espíritos".
Em suas visões o
médium falava de uma espécie de vapor que exalava dos poros do seu corpo, que
sendo aquoso e muito visível caía no solo sobre o tapete. É uma perfeita descrição
do ectoplasma utilizado nos efeitos físicos. Em uma dessas visões Swedenborg descreveu
um incêndio em Estocolmo, a 300
milhas de distância, com perfeita exatidão. Estava ele
em um jantar acompanhado de 16 pessoas que serviram como testemunhas do evento,
investigado pelo grande filósofo Kant. A partir de então ele teve o privilégio
de examinar várias esferas do outro mundo e, conquanto as suas idéias sobre
teologia tivessem marcado as suas descrições, por outro lado a sua imensa
cultura lhe permitiu excepcional poder de comparação e de observação.
Considerado como
um dos precursores das idéias espíritas, em suas obras "Céu e Inferno",
"A nova Jerusalém" e "Arcana Caelestia" descreveu o
processo da morte e o mundo do além, detalhando sua estrutura. Falou de casas
onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se
reuniam para fins sociais. Descreveu várias esferas, representando os graus de
luminosidade e de felicidade dos espíritos. Afirmou não existirem anjos e demônios,
mas simplesmente seres humanos, saídos da carne e em estado retardatário, ou
altamente desenvolvidos. Descartou a possibilidade da existência de penas
eternas.
A afirmação de
contatos com os espíritos e suas experiências psíquicas, inclusive de dupla
vista, atraíram amigos e lhe conquistaram adversários. Suas visões à distância
foram detalhadamente investigadas, como a ocorrida no dia 19 de julho de 1759,
na cidade de Göteborg, a 480
km. da capital sueca. Naquela tarde, Swedenborg jantou
com a família de William Castell, juntamente com mais umas 15 pessoas e
descreveu, pálido e alarmado, o incêndio que irrompera às 3 horas daquela tarde
e foi dominado às 8 horas da noite, a uma distância de três portas de sua
própria casa. Este dia era um sábado e somente na terça-feira, uma mensagem real
confirmou os fatos, inclusive o detalhe de ter sido dominado às 8 horas da
noite.
Eis alguns fatos
por ele observados em suas jornadas: verificou que o outro mundo, para onde
vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos
graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós ir para aquela a que
se adapta à nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma
lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global
de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte
têm pouco proveito. Nessas esferas verificou que o cenário e as condições deste
mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade.
Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam culto, auditórios onde
se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.
A morte era
suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na
sua nova existência. Esses recém-vindos passavam imediatamente por um período
de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a
nossa contagem. Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa:
eram seres humanos, que tinham vivido na terra e que ou eram almas
retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.
De modo algum
mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de
vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Leva
consigo não só as suas forças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, as suas
preocupações, os seus preconceitos. Todas as crianças eram recebidas
igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhes
serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras.
Não havia penas eternas.
Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para a sua saída, desde que
sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam
por uma posição mais elevada.
Havia casamento
sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher
constituíam uma unidade completa. É de notar-se que Swedenborg jamais se casou.
Não havia
detalhes insignificantes para a sua observação no mundo espiritual. Fala de
arquitetura, do artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da
música, da literatura, da ciência, das escolas dos museus, das academias, das
bibliotecas e dos esportes. Nada lhe fugia a observação, embora que algumas
vezes tenha enxertado ao ensinamento recebido as suas convicções pessoais amortecendo
o brilho da revelação.
Todavia,
Swedenborg foi o primeiro e, sob vários aspectos, um grande médium, sujeitos
aos erros e acertos decorrentes da mediunidade quando não devidamente educada.
Seu trabalho foi de imenso valor, no que tange aos ensinos que seriam
confirmados pelo Espiritismo, e pode-se dizer que, pondo-se de lado a sua
exegese bíblica, a sua obra foi um marco, um porto seguro, no imenso oceano de
superstições e fanatismo em que viviam os homens de sua época.
Esse homem
notável, enérgico quando rapaz e amável na velhice era bondoso e sereno. Prático,
trabalhador, era de estatura alta, delgado, de olhos azuis, apresentando-se
sempre impecável com sua peruca até os ombros, roupas escuras, calções curtos,
fivelas nos sapatos e bengala.
Desencarnando em
22 de março de 1772, em Londres, cidade onde viveu muitos anos e onde se deu a
eclosão da sua mediunidade apresentar-se-ia 72 anos mais tarde, numa tarde de
março de 1844, a
um jovem de nome Andrew Jackson Davis, como um de seus mentores, junto ao
espírito Galeno, passando a assessorá-lo em sua jornada mediúnica.
Na Codificação,
seu nome figura em Prolegômenos, atestando a sua participação efetiva, como
membro da equipe do Espírito de Verdade, contribuindo para a instalação da Terceira
Revelação junto aos homens.
Fonte: OS GRANDES GIGANTES DA DOUTRINA ESPÍRITA. –
INTERNET.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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