EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO XI.
AMAR O PRÓXIMO
COMO A SI MESMO.
14. A verdadeira caridade constitui um dos mais sublimes
ensinamentos que Deus deu ao mundo. Completa fraternidade deve existir entre os
verdadeiros seguidores da sua doutrina. Deveis amar os desgraçados, os criminosos,
como criaturas, que são, de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão
concedidos, se se arrependerem, como também a vós, pelas faltas que cometeis
contra sua Lei. Considerai que sois mais repreensíveis, mais culpados do que
aqueles a quem negardes perdão e comiseração, pois, as mais das vezes, eles não
conhecem Deus como o conheceis, e muito menos lhes será pedido do que a vós.
Não julgueis, oh! não
julgueis absolutamente, meus caros amigos, porquanto o juízo que proferirdes
ainda mais severamente vos será aplicado e precisais de indulgência para os
pecados em que sem cessar incorreis.
Ignorais que há muitas
ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo nem sequer como
faltas leves considera?
A verdadeira caridade não
consiste apenas na esmola que dais, nem, mesmo, nas palavras de consolação que
lhe aditeis. Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós. A caridade
sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre
e em todas as coisas para com o vosso próximo. Podeis ainda exercitar essa
virtude sublime com relação a seres para os quais nenhuma utilidade terão as
vossas esmolas, mas que algumas palavras de consolo, de encorajamento, de amor,
conduzirão ao Senhor supremo.
Estão próximos os tempos,
repito-o, em que nesse planeta reinará a grande fraternidade, em que os homens
obedecerão à lei do Cristo, lei que será freio e esperança e conduzirá as almas
às moradas ditosas. Amai-vos, pois, como filhos do mesmo Pai; não estabeleçais
diferenças entre os outros infelizes, porquanto quer Deus que todos sejam
iguais; a ninguém desprezeis.
Permite Deus que entre vós
se achem grandes criminosos, para que vos sirvam de ensinamento. Em breve,
quando os homens se encontrarem submetidos às verdadeiras Leis de Deus, já não
haverá necessidade desses Amar o próximo como a si mesmo ensinos: todos os Espíritos impuros e revoltados serão
relegados para mundos inferiores, de acordo com as suas inclinações.
Deveis, àqueles de quem
falo, o socorro das vossas preces: é a verdadeira caridade. Não vos cabe dizer
de um criminoso: “É um miserável; deve-se expurgar da sua presença a Terra;
muito branda é, para um ser de tal espécie, a morte que lhe infligem.” Não, não
é assim que vos compete falar. Observai o vosso modelo: Jesus. Que diria Ele,
se visse junto de si um desses desgraçados? Lamentá-lo-ia; considerá-lo-ia um
doente bem digno de piedade; estender-lhe-ia a mão. Em realidade, não podeis
fazer o mesmo; mas, pelo menos, podeis orar por ele, assistir-lhe o Espírito
durante o tempo que ainda haja de passar na Terra. Pode ele ser tocado de arrependimento,
se orardes com fé. É tanto vosso próximo, como o melhor dos homens; sua alma,
transviada e revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar;
ajudai-o, pois, a sair do lameiro e orai por ele. – Isabel de França. (Havre, 1862.)
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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