DIÁRIO PRÉ-NATAL.
AURELIANO
ALVES NETO.
“O
crime pode estar encoberto, mas não resguardado”.
Sêneca.
Problema
que envolve desastrosas conseqüências: o aborto provocado ou, melhor dito, o
aborto criminoso.
A
expulsão prematura do feto, por meios violentos, é crime punível pela nossa lei
penal e pena legislação de muitos países civilizados. Por que impedir o
nascimento é matar?
Não
obstante, em considerável parte do mundo, a incidência dos abortos provocados
toca as raias da calamidade. No Chile, até a pouco tempo, oscilava entre
125.000 a 150.000 o total, por ano, de vidas sacrificadas por esse abominável método
délivrance prematura.
O
assunto, pelas suas altas implicações morais e sociais, merece ser ventilado
objetivamente e em profundidade. Confinamo-nos, entretanto, ao pouco que aí está
dito, reservado o espaço para uma transcrição que nos parece vir a talho de
foice para muita gente cuja culpa no cartório deve estar a causar-lhe comichões
da consciência.
Despertou
grande interesse, na Áustria, o “Diário de uma criança que não nasceu”,
livrinho muito original, de autoria de S. Schwab.
Apenas alguns fragmentos
do “Diário”:
“5 de outubro - Hoje minha vida começou. Papai
e mamãe não sabem ainda: eu sou menor que uma cabecinha de alfinete,
entretanto, já sou um ser independente. Todas as minhas características físicas
e psíquicas já estão fixadas. Por exemplo, terei os olhos do papai e os cabelos
louros e encaracolados da mamãe. E uma outra coisa já esta estabelecida; eu
serei uma menina.
23 de outubro
- A minha boca se abre para o exterior. Dentro de um ano, já poderei rir quando
os meus pais se inclinarem no meu berço. Minha primeira palavra será mamãe.
12 de novembro
- Agora nas minhas mãos crescerão os dedos. Com eles me tornei senhora do mundo
e participarei da fadiga dos homens.
20 de novembro
- Hoje, pela primeira vez, minha mãe percebeu, no seu coração, que me traz no
seu seio. Como é grande a sua alegria!
25 de novembro
- Agora já se pode ver que serei uma menina. Certamente que meus pais estão
pensando como me deverei chamar. Pudesse eu já sabê-lo!
12 de dezembro
- Crescem-me os cabelos e os cílios. Quem sabe como está contente a mamãe de
sua filhinha!
13 de dezembro
- Em breve poderei ver. Porém os meus olhos ainda estão costurados por um fio.
Luz, cores flores... Como deve ser magnífico! Sobretudo me enche de alegria o
pensar que poderei ver minha mamãe! Oh! Se não tivesse que esperar tanto! Ainda
me faltam mais seis meses...
24 de dezembro
- Meu coração é perfeito. Deve haver criancinhas que vêm ao mundo doentes do
coração. Nestes casos, precisam enfrentar terríveis dores para se salvarem com
uma operação. Graças a Deus, meu coração é sadio; eu serei uma menina cheia de
força e de vida. Todos ficarão contentes com o nascimento.
28 de dezembro
- Hoje minha mãe me assassinou...”
(Livros “CRÔNICAS E COMENTÁRIOS”
- Aureliano Alves Neto. - edição CULTURESP.)
Fonte: Revista Informação -
No. 185, - ABRIL 1992.
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