CHICO XAVIER POR ELE
MESMO.
UMA
VIDA COM AMOR XVI.
FAMA E HUMILDADE V.
UBIRATAN
MACHADO.
Ao falecer, em 1934, Humberto de
Campos era o escritor brasileiro mais popular de sua geração. Na mocidade, escrevera
contos fesceninos, adotando o pseudônimo de Conselheiro XX. Com a maturidade, e
sobre tudo com a doença, tornou-se uma espécie de conselheiro sentimental dos
leitores. Suas crônicas, escritas num tipo de linguagem clássica, repletas de
alusões históricas e mitológicas, eram disputadas pelos principais jornais da
época.
Anos depois, precisamente em 1939, o
médium Chico Xavier passou a psicografar trabalhos de Humberto de Campos. Os
livros atribuídos ao escritor maranhense se sucediam: Reportagem do
Além-Túmulo; Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho; Novas Mensagens e
outros. Morto Humberto vendia tanto, ou talvez mais, do que quando estava vivo.
Passava-se os anos e a família do escritor nada reclamava.
Um dia, talvez estimulada pelo
enorme sucesso dos livros atribuídos a seu falecido marido, D. Catarina
Vergolino de Campos ingressou na justiça com uma ação reclamatória contra a
Federação Espírita Brasileira e o médium Francisco Cândido Xavier.
Através do seu advogado, a viúva de
Humberto de Campos alegava para o caso havia somente duas soluções;os livros
eram realmente do escritor maranhense ou tratava-se de um abusivo de seu nome.
No primeiro caso, a família teria direito a percentagem na venda dos livros,
correspondente aos direitos autorais. No outro caso, tais livros deviam ter sua
vendagem impedida e o público esclarecido.
Naquele 1944 cheio de dificuldades,
com o mundo inteiro abalado pela II Guerra Mundial, o assunto insólito logo
virou manchete. Jornais e revistas descobriram um admirável filão. Gastou-se
muita tinta. A imprensa lembrava que se tratava , realmente, de um caso
estranho, no qual todos podiam expor suas razões, menos aquele que era a cauda
de tudo. A justiça não aceitava, obviamente, o depoimento de um morto. E, se,
aceitasse, estaria reconhecendo a realidade do fenômeno psicográfico.
Enquanto isso, a Federação Espírita
Brasileira nomeava para defendê-la o advogado Miguel Timponi, auxiliado por
Nelson Martins Paixão e Francisco Nogueira. A minuciosa defesa de Timponi foi
reunida em livro intitulado O Caso Humberto de Campos (A Psicografia ante os
Tribunais).
A justiça, recusando-se a aceitar os
argumento de D. Catarina de Campos, reconhecia nada haver para levar adiante a
ação proposta. Não haveria maneira, pois, de se provar ao certo quem era o
autor dos livros. Concluindo, o juiz Dr. João Frederico Mourão Russell decidiu
que os direitos de qualquer cidadão começa no seu nascimento e terminou com sua
morte. Desta maneira, não se justifica recorrer a justiça para reclamar
direitos de uma pessoa por fatos ocorridos depois de sua morte.
Para todos os efeitos legais, o
autor dos livros atribuídos ao espírito de Humberto de Campos era o médium
Francisco Cândido Xavier. A partir daí, no entanto, como fizera na Terra, o
escritor maranhense passou assinar suas mensagens do Além com um pseudônimo de
Irmão X.
Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele
Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São
Paulo, SP, - Outubro de 1994.
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