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terça-feira, 17 de outubro de 2017

- APRENDENDO COM CHICO XAVIER. - N º. 216. - UMA VIDA COM AMOR XII. - UBIRATAN MACHADO.-



  CHICO XAVIER POR ELE MESMO.

         UMA VIDA COM AMOR XII.
                                                          
                                                    UBIRATAN MACHADO.

  A CAPACIDADE DE PSICOGRAFAR V.

         (...) Contam que, entusiasmado com os poemas que psicografava, Chico resolveu mostrar a um escritor, bastante popular à época de Minas, e que se achava de passagem por Pedro Leopoldo. O brilhante intelectual foi arrogante e implacável, e classificou Chico de besta.
         No ano seguinte, 1032, Manuel Quintão, da Federação Espírita Brasileira, reuniu todas aquelas poesias em livro, com um título que, por si só, já era um achado e um chamariz: Parnaso de Além Túmulo. A repercussão foi explosiva. Caira uma bomba bem no meio da aldeia literária brasileira.
         Jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo enviaram reportes e fotógrafos a Pedro Leopoldo, a fim de apresentar ao país aquele caipira de 22 anos, que emergia do anonimato com uma aura de gênio e mistificador. Os intelectuais reagiram de maneira diversa e contraditória. João Dornas Filhos arrasou o capiau pretensioso, que teve a audácia de poetar, utilizando o nome alexandrino de Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac.
         “Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras” (Monteiro Lobato.)
         “Deve haver algo de divindade no fenômeno Francisco Xavier. O milagre de ressuscitar espiritualmente os mortos pela vivência psicográfica de inéditos poemas é pródigo que somente pode ocorrer na faixa do sobre-humano.” (Menotti Del Picchia.)
         Falou-se, então, muito, em Paul Reboux, que numa série de livros intitulado À la Maniére de... pastichava os principais escritores franceses, de Racine a Flaubert, de Zola a Mallarmé, de Victor Hugo a Gide.
         Quem analisou melhor a questão foi R. Magalhães Júnior, a propósito da quarta edição do Parnaso em 1944. O cronista lembrou a facilidade com que uma pessoa afeita a escrever se impregna dos liques literários de um escritor, lido durante um certo tempo, sem que essa leitura se misture a outras, E argumentava: “Quem ler durante 60 dias, noite e dia, dia e noite, apenas Euclides da Cunha, escreverá no estilo de Euclides sem esforço, sem fazer uma ginástica mental muito dura.”
         Na realidade, esse argumento é um pau de dois bicos, pois o que se vê é exatamente o imitador reproduzir os cacoetes e vícios do pastichado, sem atingir-lhes as qualidades. Magalhães frisava que a imitação exigia cultura, lógica na seleção dos assuntos e na exposição das idéias. Dessa forma, somando-se tudo que se argüia contra o médium mineiro, o cronista concluía que “se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de gênio”.
         O que mais surpreendeu a Magalhães, porém foram certas quadrinhas atribuídas a Antônio Nobre, que traziam “uma forte marca de identificação, percebendo mesmo sopradas ao ouvido de Chico Xavier”. Como esta: “ A figura de velhinhos/Que andais dormitando ao léu.../Como são belos os linhos/Que vos esperam no céu!”
         As críticas mais ásperas vieram como era de se esperar, de católicos. O padre Júlio Maria da cidade mineira de Manhumirim, em seu jornal o Lutador,  arrasou Chico. Com ironia, dizia que o médium devia ter uma pele de rinoceronte para suportar tantos espíritos. As acusações se repetiam com tanta violência que Chico acabou adoecendo, dominado pelo desânimo. Levantou-se, de ânimo redobrado, após uma severa repreensão de Emmanuel. E durante 13 anos teve de suportar os ataques arrebatados do padre Júlio Maria, que caprichosamente, lhe enviava todos os números de O Lutador.

            Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São Paulo, SP, - Outubro de 1994.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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