UMA
VIDA COM AMOR XI.
UBIRATAN
MACHADO.
A CAPACIDADE DE PSICOGRAFAR IV.
“(...) O médium achava-se
apto a sintonizar com os mais diversos tipos de sensibilidade. Foi então que o
espírito de Emmanuel tornou-se seu guia. O primeiro encontro dos dois ocorreu
nos fins de 1931. Uma tarde, o médium descansava debaixo de uma árvore, próximo
a um açude, na saída de Pedro Leopoldo, quando viu um espírito se aproximar-se.
Vestia uma túnica semelhante a dos padres, e indagou se ele, Chico, estava
resolvido a sua mediunidade na difusão do Evangelho de Jesus. Chico assentiu,
perguntado se Emmanuel o achava em condições.
“Perfeitamente. Desde que você procure respeitar os três
pontos básicos para o serviço: 1º - disciplina, 2º - disciplina, - 3 º -
disciplina.”
Segundo Chico, a última encarnação de Emmanuel fora como o
Jesuíta Manoel da Nóbrega, um dos fundadores da cidade de São Paulo. Há dois mil
anos, Emmanuel vivera em Roma.
Chamava-se Publius Lêntulos e foi senador. Pouco depois, reencarnou como escravo.
Cristão, morreu na arena, dilacerado pelas feras, aos gritos de prazer da
nobreza ociosa que cercava os césares.
“Desde que Emmanuel assumiu o comando de minhas faculdades,
tudo ficou mais claro, mais firme. Ele apareceu em minha vida mediúnica assim
como alguém que viesse completar a minha visão real de vida.
Neste mesmo ano de 1931, Chico psicografou o primeiro poema
com a assinatura de um morto; Casimiro Cunha, seria praticamente impossível que
o moço de Pedro Leopoldo conhecesse o poeta fluminense, aquela altura esquecido
em sua própria terra. Cego desde os 16 anos, Casemiro Cunha (1880- 1914)
nascera, vivera e morrera em Vassouras.
Em seguida, foram surgindo poemas assinados por figuras da
mais alta bolsa literária das letras brasileiras e portuguesas: Castro Alves,
Alphonsus Guimarães, Olavo Bilac, Antônio Nobre, Fagundes Varela, João de Deus,
Guerra Junqueiro, D. Pedro II, Raimundo Correria, Casimiro de Abreu, Julio
Diniz< Cruz e Souza e muitos outros.
O fato repercutiu de imediato na pequena Pedro Leopoldo. Por
essa época, Chico achava-se no enterro de um amigo, quando um jovem padre
aproximou-se dele e indagou:
“Chico, andam dizendo que você recebe mensagem do outro
mundo...”
“É verdade, sinto que alguém se apossa do meu braço para
escrever as mensagens.”
“Pois acautele-se. O espírito das trevas tem muita astúcia
para seduzir para o mal.”
“Mas os espíritos que se comunicam através de mim só ensinam
o bem,”
“Vejamos, então. Estamos no cemitério, acompanhando um amigo
morto. Será que há por aqui algum espírito desejando escrever?” desafiou o
padre, puxando um papel em brando do bolso.
Chico, sem hesitar apanhou o papel. Concentrou-se e, minutos
depois, escreveu um soneto, intitulado Adeus. Desta vez, a poetiza assinara: Auta
de Souza. Eis o poema:
O sino plange em terna suavidade,
No ambiente balsâmico da igreja;
Entre as naves, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goidos da saudade,
Geme a viuvez, lamenta-se a orfandade;
E a alma que regressou do exílio beija
A luz que resplandece, que viceja,
Na catedral azul da imensidade.
“Adeus, Terra das minhas desventuras...
“Adeus, amados meus...” – diz nas
alturas
A alma liberta o azul do céu singrando...
- Adeus... – choram as rosas
desfolhadas
- De quem ficou no exílio soluçando...
***
Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele
Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São
Paulo, SP, - Outubro de 1994.
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