Hellen Keller
1880 - 1968
Cega, Surda, Muda e Débil Mental.
“Nasci a 22 de junho de 1880 em Tuscumbia
- pequena cidade do norte de Alabama”. Assim começa sua autobiografia, uma das
mulheres mais admiráveis dos últimos séculos: Hellen Keller.
Aos dezoito meses de idade ficou repentinamente
cega e surda durante uma doença infecciosa.
“Meus primeiros dias de vida foram como os
de toda criança: como primogênita que fui, cheguei, vi e venci”.
Na verdade, “Chegou, Viu e Venceu”, aquela
mulher cega, surda, tida como muda e como débil mental, antes de poder mostrar
ao mundo sua personalidade ímpar, sua inteligência de superdotada e seus
característicos de espírito evoluído.
Hellen Keller viveu encarcerada na mais
estreita prisão que se pode conceber - a sensorial - que lhe deveria causar
completa incomunicabilidade. Contudo, rompeu barreiras até então
intransponíveis, e abriu muitas portas aos excepcionais deficientes sensoriais.
Mas, não foi só isso. Independentemente de
suas deficiências físicas, sua personalidade foi admirável. A respeito, disse
Mark Twain: “As duas figuras mais interessantes do século XIX foram Napoleão e
Hellen Keller”.
Aos sete anos de idade, extremamente
nervosa com sua infinita solidão, tida como agressiva, difícil e retardada
mental, começou uma fase nova. “O dia mais memorável de minha vida foi aquele
em que a professora Ana Mansfield Sullivan, veio juntar-se a mim”.
Começou a descobrir, com a mestra
dedicada, que as coisas tinham nome, e que os pensamentos e sentimentos podiam
ser escritos com sinais. Entrou no horizonte da leitura e da escrita pelo
processo dos dedos na palma das mãos.
Daí em diante a vida ficou “maravilhosa”.
“Luz! Luz! Era o grito incompreendido da
minha alma. Nesse dia o astro luminoso raiou para mim”.
Estudou, pesquisou com o tato, o gosto e o
olfato, escreveu livros e ensaios. Leu, no idioma original, entre outras, obras
de Corneille, Alfred de Musset, Molière, Goethe, Schiller e Milton. Aprendeu o
latim e o grego. Formou-se no Colégio Universitário de Radcliff aos vinte e
quatro anos de idade.
As palavras dos mestres iam-lhe sendo
rapidamente transmitidas pelas mãos, através do alfabeto dos mudos, e seus
exames eram feitos em máquinas datilográficas comuns. Lia livros de letras
gráficas em relevo, ou os livros em Braille que eram poucos.
Ouvia a linguagem oral dos outros
colocando suas mãos nos lábios ou sobre as cordas vocálicas dos que falavam. E,
por esse sistema, iniciou a própria fala.
Durante o estudo universitário, essa jovem
solitária pela ausência da visão e da audição, contudo dizia: - “A única coisa
que me desgosta é a falta de tempo para as minhas introspecções espirituais”.
Fez críticas de grande finura e
sensibilidade sobre o ensino da época: “O cérebro sobrecarregado não pode gozar
as riquezas intelectuais adquiridas a golpes de sacrifícios”.
Lendo a Ilíada, amou a Grécia.
Referiu-se à Bíblia dizendo: “Ela me deu a
convicção de que as coisas eternas são exatamente aquelas que escapam à
percepção dos sentidos”.
Aos vinte anos de idade escreveu sua obra
mais famosa: “A História de Minha Vida”.
Pouco mais que adolescente, essa mulher
conta ao mundo a sua magnífica experiência. Rememora, como raras pessoas
puderam fazer, algumas ocorrências, de seus primeiros meses de vida, até a
Universidade. Confronta o mundo interior ao mundo exterior, que pôde captar,
identificando ressonâncias e dissonâncias. Traz à tona aspectos inéditos de
vivência, e modelos de tenacidade, com a espontaneidade dos simples e puros de
coração.
Quem não leu sua autobiografia, traduzida
para quase todos os idiomas, perdeu alguma coisa que ninguém mais lhe pode dar.
Depois desse livro, Hellen não se
preocupou mais em
descrever-se. Dedicou toda a sua vida ao bem, ajudando os
inválidos e os desesperados, não só diretamente, através de incontável correspondência,
como de conferências e trabalhos que promoveu em favor dos deficientes.
Em 1896, no V Congresso da Associação pelo
Ensino da Linguagem Oral aos Surdos, fez uma impressionante palestra que
terminava assim: “No vencer as rudezas do caminho sentireis alegrias que não
teríeis nunca, fosse a estrada confortável, e pudésseis caminhar direito...”.
Discutia-se sobre se o surdo deveria ou
não ser introduzido na linguagem oral. Então ela lhes disse: “Havemos de falar
e havemos de cantar porque Deus quer nossas palavras e nossos cantos”.
Seus resultados foram obtidos a golpes de
energia e inteligência sem par, diz um de seus comentadores.
Hellen costumava assistir a concertos
musicais. Gostava principalmente de solos de corda. Pousava suas mãos sobre o
instrumento e “ouvia” a música. Contam que, certa vez, viram-na maravilhar-se
quando tocaram o órgão de São Bartolomeu em sua presença, embora estivesse
isolada no meio do templo.
Tivemos a ventura de, pessoalmente,
conhecê-la e ouvi-la falar. Ainda era uma mulher muito bela, aparentando
setenta e poucos anos. Seus olhos sem óculos, azuis claros, um pouco esfumaçados,
contudo pareciam ter vida, e seu rosto agradável, emoldurado pelos cabelos grisalhos
cobertos por pequeno chapéu florido, era irradiante de luz. Corpo esbelto,
postura elegante, e gestos discretos, mas flexíveis.
No dia em que a conhecemos, Hellen, falava
sobre a situação dos cegos, surdos-mudos, chamando a isso “um dos pequenos
problemas da humanidade. Há outros muito mais graves”. Respondeu a perguntas, e
fez os ouvintes rirem descontraídos, com seu senso de humor e suas respostas
inesperadas. Nós, os do auditório, estávamos emocionados mas não apiedados.
Entusiasmados, embora um pouco apequenados. Parecia-nos estar recebendo uma missionária
de esfera superior, e de um tempo futuro. Não falou em estilo religioso ou
filosófico, em alma, no bem ou em Deus, mas tudo isso parecia estar ali, dentro
dela.
É claro que o timbre de sua voz era
específico, um pouco mais agudo e ritmado do que o dos falantes comuns. Ela
aprendera a falar sem ter ouvido qualquer som, nem ter visto ninguém e nada,
para que pudesse imitar.
Em 2 de junho de 1968, com a idade de
oitenta e oito anos, Hellen Keller desencarnou em Westport, Connecticut, depois
de um pequeno ataque cardíaco que a deixou de cama por uma semana.
Para os deficientes sensoriais do mundo,
Hellen é um marco.
Para os estudiosos das potencialidades
humanas, representa um rico material de estudo; provavelmente, também para os
simpatizantes da teoria de percepção extra-sensorial.
Mas outra coisa nela é ainda mais
importante: A Vitória do espírito sobre a matéria, e a mensagem transmitida
integralmente.
André Luiz, através do médium Francisco
Cândido Xavier, nos lembra que muitos “Mensageiros” descem à Terra com tarefas
específicas. Prometem vencer, e todas as facilidades lhes são proporcionadas.
A maioria regressa à Pátria Espiritual
vencida, curvada pelos espinhos do caminho, envergonhada pelos fracassos,
frustrada pela mensagem não transmitida.
A pequena de Alabama começou a desenvolver
sua mensagem, justamente aos dezoito meses quando as mais importantes
faculdades se trancaram em seu corpo e fecharam-na por dentro.
O espírito então despertou. A realidade
interior venceu os obstáculos, curvou, talvez, o próprio destino com a vontade
criadora da filha de Deus, e transmitiu a mensagem de esperança, a lição de
ânimo, e a confiança na vitória da tenacidade, quando a direção é o progresso,
e a meta é o Bem.
Fonte: OS GRANDES GIGANTES DA DOUTRINA ESPÍRITA. –
INTERNET.
RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)
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