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quarta-feira, 3 de junho de 2015

- ESTUDANDO O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. - CAPÍTULO V. - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS. - A VERDADEIRA INFELICIDADE. - Delphine de Girardin - Paris. 1861. - ITEM N º. 24. - ALLAN KARDEC.

 EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.

                         CAPÍTULO V.

        BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS.

            A VERDADEIRA INFELICIDADE.

                                   Delphine de Girardin - Paris. 1861.

            24.       Todos falam da infelicidade, já a sentiram alguma vez e acreditam conhecer seus vários aspectos. Eu venho vos dizer que quase todas as pessoas se enganam e que a verdadeira não é aquilo que os homens, ou seja, os infelizes, supõem. Eles a vêem na miséria, na lareira sem fogo, no credor exigente, no berço vazio do anjo que sorria, na lágrimas, no caixão que se acompanha com a fronte descoberta e o coração partido, na angústia da traição, na miséria do orgulhoso que gostaria de se vestir de ouro e que esconde com dificuldade sua nudez nos farrapos da vaidade. Tudo isso e ainda muitas outras coisas dá-se o nome de infelicidade na linguagem humana. Sim, é a infelicidade para aqueles que vêem o presente; mas a verdadeira infelicidade está mais nas conseqüências de um fato do que ele próprio. Dizei-me se o acontecimento mais ditoso por um momento, mas seguido de conseqüências funestas, não será realmente maior infelicidade do que o que cause a princípio uma forte contrariedade, as acabe por produzir o bem. Dizei-me se a tempestade que parte as árvores, mas saneia a atmosfera, dissipando os miasmas insalubres que pudessem causar a morte, não será antes uma felicidade que uma infelicidade.
            Para julgar as coisas é mister ver-lhe as consequências; assim é que, para apreciar o que benéfico ou maléfico para o homem, preciso é que nos transportemos acima desta vida, porque lá é que os efeitos se fazem sentir. Ora, tudo quanto se chama infelicidade, consoante a vossa estreita visão, cessa com a vida e encontra compensação na existência futura.
            Vou revelar-vos a infelicidade sob novo aspecto, através de uma bela e agradável forma, que acolhereis e desejareis com todas as veras d vossa alma ludibriada. A infelicidade está na alegria, no prazer, no rumor, na agitação leviana, na louca satisfação dessa vaidade que sufoca a consciência, oprime a atividade do pensamento e atordoa o homem com relação a seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento, que atraís com todas as energias.
            Esperai vós que chorais! Tremei vós outros que rides, porque já satisfizestes o corpo! Não se pode iludir a Deus, nem se escapa do destino, e as vossas provações, credoras mais impiedosas que a malta açulada pela miséria, espreitam a vossa ilusória tranquilidade para vos lançar subitamente na agonia da verdadeira infelicidade, surpreendendo-vos a alma afrouxada pela indiferença e pelo egoísmo.
            Oxalá que o espiritismo vo esclareça e reponha no seu legítimo foco a verdade e o erro, tão estranhamente desfigurados pela vossa cegueira! Então agireis como bravos soldados, que, longe de fugir ao perigo, preferem as lutas dos combates arriscados, à paz que lhes não pode conferir nem glórias, nem progresso. Que importa ao soldado perder na escaramuça as armas, as mochilas, o fardamento, desde que dali saia vencedor e glorioso? Que importa a quem tem fé no futuro deixar no campo de batalha da vida a fortuna e o indumento de carne, de vez que a sua alma entre radiosa no reino celeste?

         Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - 3a. Edição - Editora Petit - São Paulo, SP - 2000.


                                   RHEDAM.(mzgcar@gmail.com)

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