EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO V.
BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS.
DEVE-SE
PÔR UM FIM PROVAS DO PRÓXIMO.
Bernardin, Espírito Protetor -
Bordeaux – Paris 1863.
27. Deve-se pôr um fim às provas do
próximo, ou é preciso, por respeito às vontades de Deus, deixá-las seguir o seu
curso?
Dissemos
e repetimos muitas vezes que estais na Terra de expiação para concluir vossas
provas e tudo o que vos acontece é uma conseqüência de vossas existências
anteriores, é o peso e obrigação da dívida que tendes a pagar. Mas este
pensamento provoca reflexões em algumas pessoas, idéias as quais é necessário
combater, pois poderiam ter conseqüências desastrosas.
Alguns
pensam que, a partir do momento em que se está na Terra para expiar, é preciso
que as provas sigam o seu curso. Existem mesmo os que até acreditam que não
somente é preciso não fazer nada para atenuá-las, mas que, ao contrario, é
preciso contribuir para torná-las mais
proveitosas, agravando-as. É um grande erro. Sim, vossas provas devem
seguir o curso que Deus lhes traçou, mas conheceis esse curso? Sabeis até que
ponto elas devem ir, ou se o vosso Pai Misericordioso não disse ao sofrimento
deste ou daquele de vossos irmãos: “Não iras mais além?” Sabeis se a
providência não vos escolheu, não como um instrumento de suplício para agravar
os sofrimentos do culpado, mas como o alívio de consolação que deves cicatrizar
as chagas que Sua justiça tinha aberto? Quando virdes, pois, um de vossos
irmãos feridos, não deveis dizer: “É a
justiça de Deus, é preciso que ela siga o seu curso”; mas dizei, ao
contrário: “Vejamos que meios nosso Pai Misericordioso colocou em meu poder
para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se minhas consolações morais,
meu apoio material, meus conselhos não poderão ajudá-lo a transpor esta prova
com ânimo, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não colocou em minhas
mãos os meios de fazer parar esse sofrimento, se não me foi dado também os meios
de fazer parar esse sofrimento; se não me foi dado também como prova, ou
expiação, deter o mal e substituí-lo pela paz”.
Ajudai-vos
uns aos outros, sempre, em vossas provas. Nunca vos torneis instrumento de tortura
para ninguém. Este pensamento deve revoltar todo homem de bom coração,
principalmente os espíritos, pois estes devem entender o alcance infinito da
bondade de Deus. O Espírita deve pensar que toda a sua vida tem de ser um ato
de amor e dedicação, e que qualquer coisa que faça não contrariará, não causará
embaraços às decisões do Senhor, não alterará o curso da Justiça Divina. Pode,
sem receio, usar todos os seus esforços para suavizar a amargura da expiação do
seu próximo, mas somente Deus pode detê-la ou prolongá-la, segundo julgue
necessário.
Não
haveria um extremo orgulho por parte do homem ao se acreditar no direito de
remexer, por assim dizer, a lâmina na ferida? Se aumentar a dose da amargura no
peito daquele que sofre, sob o pretexto de que isso é sua expiação? Olhai-vos
sempre como um instrumento escolhido para fazê-la parar. Resumamos desse modo,;
Estais todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção, deveis empregar
todos os vossos esforços para suavizar a expiação de vossos irmãos, segundo a
lei de amor e de caridade.
Fonte: O Evangelho Segundo o
Espiritismo - Allan Kardec - 3a. Edição - Editora Petit - São Paulo,
SP - 2000.
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