VIDA
E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
16 º. Parte.
Começaram a aparecer as primeiras notas espirituais no
Rio de Janeiro; mas eu repelia semelhante doutrina, sem conhecê-la nem de leve!
Somente porque temia que ela perturbasse a tal ou qual paz me trouxera ao
espírito a minha volta à religião de meus maiores, embora com restrições.
Um colega (Dr. Joaquim Carlos Travassos), porém, tendo
traduzido O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, fez-me presente de um
exemplar, que aceitei, pó cortesia.
Deu-mo na cidade, e eu morava na Tijuca, a uma hora de
viagem de bonde.
Embarquei com o livro, e, não tendo distração para a longa
e fastidiosa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por
ler isto; e depois, é ridículo confessar-me ignorante de uma filosofia, quando
tenho estudado todas as escolas filosóficas.
Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como
acontecera com a Bíblia.
Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para o meu
espírito, e entretanto tudo aquilo era novo para mim!
Dava-se em mim o que acontece muitas vezes a quem muito
lê, e que um dia encontra uma obra onde se deparam idéias, que já leu, mas que
não sabe em que autor.
Eu já tinha lido e ouvido tudo o que se achava em O Livro
dos Espíritos, mas eu tinha a certeza de nunca haver lido obra alguma espírita,
e, portanto, me era impossível descobrir onde e quando me fora dado o
conhecimento de semelhante idéias!
Preocupei-me seriamente com este fato que me era
maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou,
como se diz vulgarmente, de nascença, e que todas essas vacilações que meu
espírito sentia eram marchas e contramarchas que ele fazia, por descobrir o que
lhe era conhecido e, porventura, obrigado a isto.
Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora
FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
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