CAPÍTULO IV.
SISTEMAS.
41. Sistema do músculo estalante. Se assim é para a visão, não poderia ser de outra forma quanto à audição, e, quando as pancadas são ouvidas por toda uma assembçéia, não se pode, razoavelmente, atribuí-las a uma ilusão. Descartamos, evidentemente, toda idéia de fraude, e supomos que uma observação atente constatou que elas não são devidas a nenhuma causa fortuita ou material.
É verdade que um sábio médico deu-lhe uma explicação, segundo ele: peremptória. “A causa está, disse ele, nas contrações voluntárias ou involuntárias do tendão do muscúlo curto-perônio”. A esse respeito, entra nos detalhes anatômicos, para demonstrar por qual mecanismo esse tendão pode produzir esses ruídos, imitar as pancados do tambor, e mesmo executar árias ritmadas; donde ele concluiu que aqueles que crêem ouvir pancadas em uma mesa são vítimas de uma mistificação ou de uma ilusão. O fato não é novo em si mesmo; infelismente, para o autor dessa pretensa descoberta, sua teoria não explica todos os casos. Dizemos, primeiro, que aqueles que gozam de singular faculdade de fazer estalar, à vontade, seu músculo curto-peritôneo, ou qualquer outro, e de tocar árias por esse meio, são pessoas excepcionais; enquanto que a possuem não desfrutam todos da primeira. Em segundo lugar, o sábio doutor esqueceu de explicar de que forma o estalido muscular de uma pessoa imóvel e isolada da mesa, pode nela produzir vibrações sensíveis ao toque; como esse ruído pode repercutir, à vontade dos assitentes, nas diferentes partes da mesa, que não se toca, e fazê-la mover. Essa explicação, de resto, se fosse uma, não infirmaria senão nos fenômenos das pancadas não podendo referir-se a todos os outros modos de comunicação. Concluímos que ele julgou sem ter visto, e bem visto. É sempre lamentável que homens de ci~encia se apressem em dar, sobre o que não conhecem, explicações que os fatos podem desmentir. Seu próprio saber deveria torná-los tanto mais circunspectos em seus julgamentos, quanto mais recuam para eles os limites do desconhecido.
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição - Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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