Capítulo I.
NÃO VIM DESTRUIR A LEI.
AS TRÊS REVELAÇÕES.
ALIANÇA DA CIÊNCIA E DA RELIGIÃO.
8. A ciência e a Religião são duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material a outra do mundo moral. Ambas as leis, tendo no entanto mesmo princípio que é Deus, não podem contradizer-se, visto que, se uma contradizer a outra, uma terá necessariamente a razão enquanto que a outra não aterá, já que Deus não destruiria sua própria obra. A falta de harmonia e coerência que se acreditou existir entre essas duas ordens de idéias baseia-se num erro de observação e nos princípios exclusivistas de uma e de outra parte. Daí resultou uma luta e uma colisão de idéias que deram origem à incredulidade e à intolerância.
São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber seu complemento; em que o véu propositadamente deixado sobre algumas partes desses ensinamentos deve ser erguido. A Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; a Religião deve reconhecer as juntas, apoiando-se uma na outra, se ajudarão mutuamente. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá um poder inabalável, estará de acordo com a razão, já não podendo mais se opor à irresistível lógica dos fatos.
A ciência e a Religião não puderam se entender até os dias atuais pois, cada uma examinando as coisas do seu ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Seria preciso alguma coisa para preencher o espaço que as separava, um traço de união que as que regem o mundo espiritual e da sua afinidade e harmonia com o mundo corporal, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Estas afinidades, uma vez constatadas pela experiência, fazem surgir uma nova luz: a fé se dirigiu à razão, a razão não entrou nada de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas que ficam para trás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir ao invés de o acompanhar. É toda uma revolução moral que se opera neste momento e que trabalha e aperfeiçoa os espíritos. Após ser elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega à sua plena realização e vai marcar uma nova era da humanidade. As conseqüências dessa revolução são fáceis de se prever: deve trazer para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém poderá se opor, porque estão na vontade de Deus e resultam da lei do progresso, que é sua Lei.
Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - 3a. Edição - Editora Petit - São Paulo, SP - 2000.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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