VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
6 º. Parte.
Vivia o Dr. Bezerra inteiramente preocupado com seus doentes, quando, em 1860, os moradores da freguesia de São Cristóvão, onde residia e clinicava, foram procurá-lo para que ele os representasse na Câmara Municipal.
Por duas vezes, desculpou-se, em face de seus trabalhos clínicos, e, principalmente, pelo fato de lhe ter pedido seu venerando pai, já falecido, que nunca se envolvesse em política. Mas voltaram à presença dele, apelando para o seu patriotismo.
Cedeu a esse apelo e, contrariado, permitiu fosse seu nome incluído na “lista de candidatos à vereança”, organizada pelo Partido Liberal, cujas ideias, herdadas de seu pai, acariciava em seu espírito.
Foi eleito, apesar de homem novo em política.
Aconteceu, porém, que o chefe conservador na Câmara, o Dr. Haddock Lôbo, impugnou sua eleição pela simples razão de ele ser médico militar.
Com a sua exclusão e a do seu companheiro de chapa, o tenente-coronel Frias de Vasconcelos, o partido liberal, vencedor nas urnas, ficaria em minoria na Câmara.
O Dr. Bezerra de Menezes não vacilou; pediu a sua exoneração do lugar de assistente do cirurgião-mor. Foi este o seu primeiro sacrifício em favor do partido.
Empossado no cargo vereador, em 1861, viu-s na obrigação de abrir luta contra o chefe adversário, e tão vantajosamente se bateu que, em 1863, aquele chefe se retirou da Câmara com todos os seus companheiros de chapa e de ideias políticas.
Nas funções de vereador, prestou relevantes serviços ao município que o elegera. Basta ligeira leitura das altas dos trabalhos dauela corporação para se constatar o grande número de propostas e pareceres de sua autoria.
No que, porém, mais se distinguiu, foi em impedi, tanto quanto possível, as invasões do poder central nas prerrogativas e direitos da municipalidade. Em razão dessa atitude, foi por duas vezes suspenso e processado; uma em 1863, por não ter reconhecido a competência do ministro do Império para criar regulamentos destinados à repartição municipal do matadouro; e outra, em 1873, por ter sustentado, contra o governo imperial, o direito municipal para a concessão de linhas de trilhos urbanos.
O primeiro daqueles dois fatos retirou-lhe a consideração dos chefes superiores do partido liberal, que, levados por falsa conveniências partidárias, sustentaram o ato arbitrário do ministério Olinda, iniciador da nova situação; mas, em compensação, deu-lhe o favor da massa do partido liberal da corte, que o colocou à sua frente, e nunca mais deixou de lhe dar inequívocas prova de estima e confiança.
Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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