VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
4ª. Parte.
Leopoldo Cirne, que privou com Bezerra de Menezes, tomando parte de seus trabalhos práticos, na Federação Espírita Brasileira, da qual era vice-presidente, recorda-nos dois fatos muito sugestivos, e que precisam conhecidos:
“Pelo órgão de um médium em transe sonambúlico, vinha-se manifestando, durante duas ou três sessões, um Espírito possuidor de vastos conhecimentos científicos e com qual se empenhava Bezerra de Menezes em erudita justa, com o fim de demonstrar-lhe a existência de Deus, que o seu interlocutor impugnava. No último encontro, esgotava o vasto arsenal de erudição com que o tentara convencer, volta-se para os companheiros, confessando-lhes humildemente a tristeza que sentia pelo que interpretava como a sua própria deficiência intelectual e, em consequência, pela inutilidade dos seus esforços de persuasão. Convida-os, como último argumento, a orar, e consulta o Espírito se os quer acompanhar na prece. Irredutível, observa este que em tal não acredita, mas não se opõe a que façam outros.
“Terminada a prece, feita com tão comovedoura unção que as lágrimas brotavam de todos os olhos, volta-se para o Espírito para dirigir-lhe novamente a palavra,mas é por ele obstado com essa frase, que exprime tudo: “basta! Para que vocês orem desse modo, é preciso que Deus Exista”. E retirou-se do médium. Tal deslumbramento, sem dúvida, havia produzido aquele ato majestoso – elo supremo e que liga a criatura ao Criador – que a Entidade recalcitrante se teria sentido abalada, quando não deveras convertida.
“Ocorreu um outro fato em sessão realizada para a cura da obsessão que vinha padecendo uma pobre moça. Bezerra de Menezes, com eloquente e persuasiva dialética, pusera em ação todos os recursos do seu altíssimo sentimento, convidando o Espírito obsessor a renunciar aos seus funestos propósitos de vingança, e, tão paternal e amorosamente se esforçava pelo convencer, que, afinal, desarmado em seu ódio, tocado em sua sensibilidade, o obsessor explodiu nesta comovida e sincera confissão: “Velinho Santo o que me convenceu não foram as suas palavras: foi o seu sentimento!” ea cura de fato se consumou”.
F. Acquarone, estudando a vida de Bezerra, em conferência pronunciada nesta Capital, - e depois publicada em livro, com o título Bezerra de Menezes, o Médico dos Pobres -, disse que um amigo desse grande missionário perguntou-lhe, certa feita, se gostava de música, a que ele respondeu: - è o maior encanto para mim a música...
- E por que não vais à companhia lírica? A temporada tem estado brilhante!
- Não posso; os meus doentes não me dão tempo de ouvir as harmonias líricas...
- Mas, assim, em poucos estarás embrutecido.
- Nem tanto, meu amigo. Isto me traz a vantagem de ouvir as harmonias do coração, que é a música mais linda que há no mundo.
Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
RHEDAM. (rhedam@gmail.com)
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