CARGA MEDIÚNICA.
A mediunidade se
posta em escalas variáveis no que tange aos seus valores. Os dons mediúnicos
são inúmeros, senão incontáveis para os analistas humanos, e existem muitos
companheiros, na carne, que têm muitos dons aflorados. Não deixa de ser um
perigo o exercício de todos eles. Quase sempre esses médiuns sucumbem, por
despertarem em seus sentimentos a vaidade, o orgulho e a auto-admiração.
A observação
inteligente segreda-nos a razão por que devemos escolher com determinação a
faculdade mais proveitosa, ou a que mais se afina com o nosso modo de vida,
colocando-a em expansão na certeza de alcançar mais pureza ao que se dedica.
Não deves pensar
que uma mediunidade não usada se atrofia. Não é isso o que se processa. Ela
fica escondida nas dobras dos sentimentos, à espera do momento de ser convocada
para os trabalhos, condicionados na consciência em nome d'Aquele que é o
Caminho, a Verdade e a Vida. Quando uma está sendo posta em atividade na égide
do amor, as outras alimentam-se com as bênçãos das atividades enobrecedoras. O
entorpecimento de alguns dons dá-se quando a faculdade em evidência é mal
dirigida, o fluido divino, na inferência humana, toma as qualidades dos
sentimentos inferiores que vibram no coração que desconhece Jesus. O ser humano
ainda não atingiu as qualidades para tomar vários caminhos com a perfeição com
que pode desenvolver um só trabalho. Assim se processa igualmente nas
profissões. Por esta razão é que a própria ciência se dividiu, para melhorar.
As igrejas se diversificaram para entender melhor o Evangelho, multiplicaram-se
as escolas para melhores ensinamentos, a Terra foi dividida em países, estes em
estados e os estados em municípios, até chegar à família, para se encontrar
mais depressa a harmonia da vida.
O médium não
pode fugir a essa regra, para alcançar o objetivo da mediunidade com bom senso,
com equilíbrio da faculdade, capaz de levá-lo à libertação. Se queres fazer as
coisas certas, não queiras conquistar o mundo de uma vez. Faze uma coisa de
cada vez. Também podes usar essa regra na concentração, quando os pensamentos
divagam, criam perturbações no ambiente e quebram a sintonia com as forças
benfeitoras da vida. Ao conversares no meio de companheiros, a boa ética indica
que fale um de cada vez, como se processa ao telefone, caso contrário o
entendimento é impossível. E é por isso que temos vidas sucessivas: por ser
grande o aprendizado e, de cada vez, iluminamo-nos, despertando um dom do nosso
celeiro. As múltiplas mediunidades são uma carga possível apenas para os
Espíritos nobres, preparados por milênios. Para nós outros, o caminho deve ser
feito passo a passo. Ate estes escritos, que no momento fazemos, processam-se
letra a letra, para que a ordem se estabeleça. Sabemos que os extremos são
perigosos, a não ser para os Espíritos puros, que vivem e têm a capacidade de
viver dentro e sob a influência do amor e da fraternidade sem mescla.
Jesus pede-nos
dedicação em nossas tarefas, para não fazermos, mesmo no exercício do bem, como
o glutão. Se o teu organismo físico somente assimila o que lhe convém, o
espiritual é mais inteligente ainda. O desperdício corre por nossa conta, cai
no livro da ignorância e respondemos, assim, pelo que não devíamos fazer.
Os
nossos poderes são infinitos e as cargas deles são enormes, devendo ser usadas
aos poucos, nos lugares certos, estabelecendo no nosso mundo interno a paz, que
se transforma em felicidade.
Tu que estás
lendo, escolhe o dom que deves desenvolver, mas escolhe com critério, e não
queiras servir de instrumento de todos eles de uma só vez, porque a divisão das
forças enfraquece os teus dons e não aprimora a faculdade que deveria ficar em
evidência, ajudando com toda a segurança espiritual.
Não deves copiar
os outros, pelo que os outros estão fazendo da vida, principalmente da vida
mediúnica. Cada um tem missão diferente, que nos é revelada pela intuição, mas
essa intuição não funciona no ambiente da ambição. Ela vem da entrega, da
entrega do ser, das coisas divinas sem interesses mesquinhos e passageiros.
Quantos médiuns nós conhecemos que trocaram seus deveres espirituais por
miseráveis estados ilusórios de bem-estar? Quantos se compromissaram no mundo
espiritual a dedicarem suas vidas à doutrina renovadora, sem as bênçãos de um
lar, e depois fizeram o contrário, enaltecendo os sentidos físicos, ou se
desculpando pela segurança do futuro da vida na Terra? Não estamos contra o lar
e a família, não somos contra o bem-estar do corpo; estamos contra a falta dos
compromissos que mais os serviriam na vida. Não devemos carregar uma carga que não
suportamos, mas sim procurarmos ser fiéis à nossa consciência, porque ela é
sempre fiel a nós, registrando tudo o que fazemos, mesmo às escondidas.
Procura
aprimorar-te no teu dever, com honestidade, que Deus não te deixará a sós, e os
Espíritos que te acompanham são aqueles do mesmo ideal teu. Podes conhecer tuas
companhias invisíveis, analisando tua vida.
A carga
mediúnica é uma realidade, mas não precisas agitar-te em usar todas as tuas
faculdades de uma vez. Anda passo a passo, como a boca, de palavra em palavra,
que serás atendido e entenderás a todos e, nesse programa, a tua vida se
harmonizará pela bênção da escolha e pela atividade em exercício dos dons,
etapa por etapa.
Livro:
“SEGURANÇA MEDIÚNICA”, - MIRAMEZ., - Psicografado por João Nunes Maia, - 12 ª
edição, - Editora Fonte Viva, - BELO HORIZONTE, MG, - 1998..
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