MANIFESTAÇÕES DE CÓLERA NA CRIANÇA.
No artigo publicado sobre o titulo “Manifestações de Cólera na Criança”, nas páginas 9 e 10, da Revista o Reformador Nº. 1.855, de Outubro de 1983 . A autora, a Dra. Maria Julia P. de Moraes P. Peres, nos esclarece muito bem sobre o tema, escrevendo o seguinte: - A cólera é um instrumento pela qual a criança reage contra um ambiente ameaçador, geralmente formado, pela própria família ou pessoas do seu círculo social.
Na sua forma primitiva é um auxílio da autodefesa. Significa que há algum problema em alguma situação, que deve ser solucionado. Indica embaraços na vida emocional da criança, que poderiam passar despercebidos, pois a sua cólera brota de dificuldades de sua vida interior.
O Espiritismo nos esclarece que tais criatura são colocadas em nossa vida sempre com uma finalidade útil, tanto para a nossa aprendizagem, como para a aquisição de experiências e conhecimentos materiais e morais.
Em ambos os casos, a nossa responsabilidade é imensa em tentar orientar esses seres, que são postos em nosso caminho com ligações espirituais e emocionais anteriores a esta vida. É nosso dever estudá-los, compreendê-los e dar-lhes o que de melhor formos capazes.
No caso da cólera na criança, temos a tendência de encará-la como uma afronta ao nosso orgulho, repelindo-a, muitas vezes, com manifestações da nossa própria ira, envolvendo-a, não raras vezes, em conflitos íntimos que podem marcá-la para toda existência. Por esse motivo faz-se mister conhecer os principais fatores desencadeantes dessa cólera, para abordá-la cuidadosamente de modo a melhorar aquele ser com o qual talvez tenhamos contraído dívidas no passado. Esses fatores podem ser provocados pela nossa interferência em suas atividades físicas e emocionais. Isto se manifesta desde a mais tenra idade: quando se enrola um recém-nascido em cobertores ou faixas, tolhendo-se-lhe os movimentos; quando não se cuida de trocar-lhe as fraldas e, convenientemente, de alimentá-lo de maneira adequada ou de colocá-lo em posição confortável. Antes de um ano de idade as manifestações de cólera são no sentido de remover um obstáculo. Aos dois e três anos é freqüente a criança encolerizada fazer ameaças com desejo de vingança, manifestados muitas vezes por atitudes de revide, como derrubar móveis, agressão por mordedura, pontapés, etc. Aos quatro anos há crianças que ameaçam fugir, matar, ferir, machucar, como formas indiretas de sua agressividade. Outras dirigem sua cólera contra si mesmas, entregando-se à auto-agressão física, como morder-se e atirar-se ao chão. São crianças mais sucetíveis à cólera as crianças inquietas, com sono, em convalescença, cansadas, famintas.
A freqüência é maior nos lares em que os pais apresentam desajustamento emocional. Daí, mais uma vez a necessidade imperiosa da prática da reforma íntima, a partir do próprio lar, com sentimentos de tolerância e compreensão entre os cônjuges, para proporcionar um ambiente salutar, condicionador do equilíbrio psíquico dos Espíritos que, por determinações superiores, estão encarnados em uma mesma família.
Quando uma criança obtém o que quer com sua ira, esta é bem-sucedida, dando por conseguinte motivos a outras crises semelhantes; quando, pelo contrário, a criança não obtém o que deseja através de sua irritação, terá menos razão para recorrer à cólera como meio de solução dos seus problemas.
Os pais devem ser ponderadamente tolerantes e enérgicos, e analisar cuidadosamente seus filhos, a fim de encára-los com objetividade não só a respeito do que fazem no presente, como do que fizeram provavelmente em vidas anteriores, as quais os levaram agora a estar unidos para a evolução comum.
A disciplina coerente é o método mais adequado, ao invés do rigor excessivo ou da brandura nos processos disciplinares.
Atitudes comodistas dos pais, como suborno (promessas de prêmios) ou deixar que a criança faça o que quiser, podem debelar uma explosão colérica, mas preparam o terreno para outras explosões semelhantes.
É necessário o devido cuidado dos pais, professores e de outras pessoas que tenham contato com a criança, que exercem autoridade sobre elas, para que elas não desencadeiem episódios de cólera que muitas vezes deixaram marcas duradouras em seu comportamento futuro.
Na adolescência elas podem apresentar manifestações desviantes de cólera, como palavras de escárnio, indiretas, zombarias, menosprezo, prazer com os infortúnios alheios, atitudes de revolta política e sócio-economica, de vandalismo, furto e outros atos anti-sociais.
Uma maneira de mostrar a cólera, amistosamente, é demonstrar-se preocupado pelo bem estar de alguém, por quem tem aversão. Muitas vezes na sociedade apresentam-se com uma falsa polidez, porém, superficiais, como uma indiferença que vai até o ódio.
Outra manifestação de cólera é aquela dirigida contra terceiros, ou seja, uma criança que recebe certas repreensões não tem coragem de revidá-las e descarrega então sua ira em um irmão, empregada ou outra pessoa de suas relações.
A. Gesell, psicólogo americano, considera a cólera como uma das manifestações do ciúme, incluído sentimentos de vingança e autocomiseração e pesar. Todas essas manifestações coléricas trazem-nos a evidência a dificuldade que temos em tratar habilmente uma criança irritada, pois este modo provoca a ira da pessoa contra qual a cólera é dirigida.
André Luiz, em “Conduta Espírita” diz que: - “a orientação da infância é profilaxia do futuro, e que os pais respondem espiritualmente como cicerone dos que ressurgem no educandário da carne.”
Diante destas considerações, não se pode afastar o estudo dos fatores espíritas desencadeantes da cólera, aliado aos fatores emocionais de reivindicação e insegurança que podem acarretá-la. O equilíbrio moral, no relacionamento pais e filhos, auxilia muito a atitude de compreensão, análise e combate às frustrações que conduzem às crises de cólera. O estudo objetivo da personalidade da criança orienta qual a melhor maneira de agir em cada caso, com suas nuanças e particularidades.
Conhecidos os fatores desencadeantes da cólera, cumpre-nos afastá-los, recorrendo a recursos psicológicos, físicos, educativos, religiosos (o grifo é nosso) e tantos quantos forem necessários, pelo bem da evolução espiritual da criança e do desempenho eficiente de nossa própria missão.(26)
Fonte: Revista o Reformador Nº. 1.855, de Outubro de 1983.- páginas 9 e 10, - autora, Dra. Maria Julia P. de Moraes P. Peres
RHEDAM.(mzgcar@gmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário