O
LIVRO DOS MÉDIUNS.
SEGUNDA
PARTE.
CAPÍTULO VII.
BICORPORIEDADE E
TRANSFIGURAÇÃO.
123. A transfiguração, em certos casos, pode
originar-se de uma simples contração muscular, capaz de dar
à fisionomia expressão muito diferente da habitual, ao ponto
de tornar quase irreconhecível a pessoa. Temo-lo observado freqüentemente com
alguns sonâmbulos; mas, nesse caso, a transformação não é radical. Uma mulher
poderá parecer jovem ou velha, bela ou feia, mas será sempre uma mulher e,
sobretudo, seu peso não aumentará, nem diminuirá. No fenômeno com que nos
ocupamos, há mais alguma coisa.
A teoria do perispírito nos
vai esclarecer.
Está, em princípio,
admitido que o Espírito pode dar ao seu perispírito todas as aparências; que,
mediante uma modificação na disposição molecular, pode dar-lhe a visibilidade, a
tangibilidade e, conseguintemente, a opacidade;
que o perispírito de uma pessoa viva, isolado do corpo, é passível das mesmas
transformações; que essa mudança de estado se opera pela combinação dos
fluidos. Figuremos agora o perispírito de uma pessoa viva, não isolado, mas irradiando-se
em volta do corpo, de maneira a envolvê-lo numa espécie de vapor. Nesse estado,
passível se torna das mesmas modificações de que o seria, se o corpo estivesse separado.
Perdendo ele a sua transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se
invisível, ficar velado, como se mergulhado numa bruma. Poderá então o
perispírito mudar de aspecto, fazer-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito
e se este dispuser de poder para tanto. Um outro Espírito, combinando seus
fluidos com os do primeiro, poderá, a essa combinação de fluidos, imprimir a
aparência que lhe é própria, de tal sorte, que o corpo real desapareça sob o
envoltório fluídico exterior, cuja aparência pode variar à vontade do Espírito.
Esta parece ser a verdadeira causa do estranho fenômeno e raro, cumpra se diga,
da transfiguração.
Quanto à diferença de peso,
explica-se da mesma maneira por que se explica com relação aos corpos inertes.
O peso intrínseco do corpo não variou, pois que não aumentou nele a quantidade
de matéria. Sofreu, porém, a influência de um agente exterior, que lhe pode
aumentar ou diminuir o peso relativo, conforme explicamos acima, nos 78 e seguintes.
Provável é, portanto, que, se a transformação se produzir, tomando a pessoa o
aspecto de uma criança, o peso diminua proporcionalmente.
Fonte, “Livro dos Médiuns“, Allan Kardec, da 18º. edição, abril de 1991, do
Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP.
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