MEDIUNIDADE E EVANGELHO.
OBSESSÃO ESPECÍFICA.
“Os Espíritos, como se vê, são, pois, seres semelhantes a nós, formando, ao nosso redor, toda uma população invisível em seu estado normal (...)” (Segunda Parte – Cap. I – item 56)
Talvez que este capítulo, pelo assunto que pretendemos desenvolver, devesse se intitular auto-obsessão. Comumente, o problema da auto-obsessão é quase desconsiderado, mesmo entre os estudiosos da questão. O que entendemos por auto-obsessão? É o que tentaremos explanar da forma mais simples possível.
O Espírito, ao reencarnar, dentre as muitas dificuldades que assinalam a sua personalidade como um todo, renasce com um problema específico em determinada área, como se aquele “ponto” fosse o seu ponto mais vulnerável. Para exemplificar, escolhamos o sexo, já que é justamente na área da sexualidade que se concentram os maiores conflitos humanos.
Compromissado no campo do sexo, pelas experiências equivocadas do passado, o Espírito reencarnado, ao alcançar certa faixa etária, começa a revelar as suas tendências. É como se aquela “força” em desequilíbrio, até então dormente, começasse a despertar nas intimidades do ser... De um simples pensamento invigilante passando a idéia fixa, se não combatida com veemência no nascedouro, essa idéia, qual se fosse uma “entidade imaginária”, acaba tomando conta de pessoa... Até aqui nos falamos de obsessão. Atormentado pelas inclinações que observa e reprime em si, o Espírito reencarnado, numa segunda etapa, pode, então, oferecer campo de atuação para os observadores com os quais esteja eventualmente compromissado.
Não se pode culpar os Espíritos por tudo quanto os homens no mundo. Como no intercâmbio mediúnico sadio, o processo obsessivo requer parceria. Dificilmente o obsessor dominaria quem não se deixasse dominar ou quem não lhe oferecesse campo no fenômeno de enxertia psíquica”.
Obsidiado pelos próprios hábitos infelizes do pretérito, que se lhe incorporam à personalidade através da repetição, o homem se vê atormentado por si mesmo, mormente quando anseia libertar-se dos grilhões que ele forjou.
Exemplifiquemos com os sexo, mas poderíamos ter exemplificado com o alcoolismo, com o hábito de furtar, com a tendência quase irresistível de certas pessoas para o suicido.
Enfoquemos, agora a questão da obsessão específica. O que queremos dizer com isto? É que essas pessoas às quais nos referimos, excetuando-se a auto-obsessão específica que portam, levam uma vida praticamente normal, no sentido de que conseguem até ser admiradas em seu caráter, revelando, não raro, invejáveis dotes intelectuais e até morais.
Ainda exemplificando, poderemos ter uma pessoa cuja conduta na área da sexualidade não compreendemos, no entanto, no campo da benemerência social se faz credora do nosso maior respeito. Em outras pessoas de caráter nobre, ficamos sem entender o vício do alcoolismo a que se entregam, na estranha compulsão que experimentam para beber.
Pode parecer temeridade o que afirmamos, mas existem Espíritos reencarnados que, para se complicarem, não precisam do “auxílio” dos obsessores. Alguns desses espíritos a possuir uma cobertura espiritual de abnegadas afeições que, respeitando-lhes o livre arbítrio, nada conseguem fazer para efetivamente auxiliá-los – assistem, melancolicamente, à ruína desses corações amados, orando a Deus para que lhes conceda novas oportunidades de reajuste no futuro.
Mas assim como Espíritos reencarnam com tendências infelizes, não podemos omitir a conquista de valores morais de tantos outros que renascem com uma inclinação natural para o bem. São aqueles que através de árdua disciplina e continuados esforços, incorporam em si determinadas virtudes que, desde o berço, os caracterizam.
Cremos que, pelo menos em parte, nos fizemos entender.
A luta do Espírito,seja na Terra ou no além, é sempre a mesma. O drama evolutivo de cada ume uma história de muitas lágrimas.
Dentro de cada alma, coexistem o trigo e o joio. Saibamos separá-los, começando por nós...
Não se pode condenar a laranjeira porque algumas laranjas não são boas, nem maldizer o pomar porque uma ou outra Árvore nos decepciona.
Não desprezemos o medianeiro que, aos nossos olhos, se revele portador de determinadas deficiências. Ao contrário, amparemo-lo para que em si a mediunidade seja inconspurcável fonte em meio aos “detritos” que lhe margeiam o curso...
Fonte: Livro Mediunidade e Evangelho - Odilon Fernandes (Espírito) Psicografado por Carlos A. Baccelli - 6o. Edição - Editora Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP – Janeiro/2008..
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