VIDA
E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES.
33 º. Parte. - UMA CARTA DE BEZERRA.
Essa missiva é, sem favor, uma página de erudição, uma
verdadeira aula de História comparada das religiões. Explana de maneira
sintética, mas com profundeza, sobre a doutrina dos brâmanes e do Buda; sobre
os Vedas, livro sagrado dos hindus; sobre o Bagavat-Gita, no Shastah e no
código de Manu; sobre o Masdeismo, que se distancia do Bramanismo por não
admitir a origem divina do mal, etc., etc.
Faz igualmente, oportunas citações de idéias e
pensamentos de filósofos, escritores respeitáveis, pensadores eméritos e mesmo
de religiosos. Cita, por exemplo Pitágoras, Sócrates, Platão, Luiz Ménard,
Schutz, Caussette, Bonniot, Duhamel, Carlos Bonnet, Dupont de Nemours,
Ballache, Frederico Schlegel, Saint-Martin, Balzac, Constant Savy, Fourier, La
Codre, Pelletan, Jouffroy, Franck, Callet, João Reynaud, Flammarion, Berraut,
De Enfantin, Luís Gourdan, Vergílho, Plotino, Porfírio, Jâmblico, Orígenes,
Santo Agostinho, enfim, muitos outros, cuja enumeração seria fastidiosa, para
demonstrar, de maneira eloq6uente e convincente, que o Espiritismo foi aceito na
antiguidade por vultos do alto gabarito, cujo nomes ainda hoje honra e
dignificam o saber humano; que ele não era um herege nem louco, que sabia
perfeitamente em que terreno estava pisando, que continuaria sendo cristão, mas
cristão envolvido, cristão que quebrara as algemas do fanatismo, da escravidão
à letra que mata, para banhar-se na luz esplendente do espírito que vivifica;
que seu espírito, por muito amar, respeitar e venerar o Cristo de Deus, não
podia continuar rastejando no lamaçal dos dogmas, criados pelos interesses das
casta religiosas, os quais aberram do bom senso, da lógica e do respeito que
devemos ter às sábias. Justas e luminosas leis divinas! Que ele não abdicaria
de sua nova crença, porque ela o fazia ver em Jesus uma entidade muito superior
àquela que a religião a que pertencera apresentava com as mesmas inferioridades
dos pobres criaturas humanas.
E diz, então a seu irmão:
“Se eu não fosse cristão – e cristão convencido, pensa você
que haveria consideração mundana que me fizesse suportar calúnias as calunias
injuriosas de que tenho sido Vítima?! Deus sabe quanta energia me tem sido
precisa para conter os ímpetos de minha natureza fogosa, nessas dolorosas
conjunturas em que em que me tenho visto”.
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“Que vale mais? Não ir à missa, nem confessar-se, e
cuidar de corrigir, trabalhando dia e noite, as ruins inclinações de seu espírito
– ou ir todos os dias á missa, confessar-se todas as semanas – deleitar-se em
maus pensamentos – e dar largas ao descomedimento da língua – e irritar-se
pelas ofensas ao ponto de procurar vingar-se – e pagar mal por mal – e,
finalmente, não cuidar de afeiçoar a alma à pura moral de Jesus-Cristo?”
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“Em
relação à missa, recomendada pela Igreja em seus mandamentos, penso que grande é o seu valor como prece erguida pelos
filhos ao Pai. E nunca em minha vida manifestei
desprezo por esse gênero de preces, que respeito e acato. Entendo, porém, que
prece por prece, mais vale a recomendou Jesus no Sermão da Montanha, do que a
recomendada pela Igreja. Sabe você que o Divino Mestre disse: “Quando orardes,
retira-vos ao vosso quarto, fechai a porta e orai em segredo”.
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“O
fanatismo religioso afasta o homem da pura e verdadeira religião. O fanatismo
religioso foi o que perdeu o sacerdócio hebreu, repelindo as verdades do novo
ensino, pelo simples fato de modificarem o ensino mosaico”.
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Fonte: - Livro “VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES” - SILVIO BRITO SOARES – 4 ª. Edição – Editora
FEB. – Rio de Janeiro, RJ. – Agosto de 1978.
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