DEPOIS DA MORTE.
I
Apenas dor no mundo inteiro eu via,
E tanto a vi, amarga e inconsolável,
Que num véu de tristeza impenetrável
Multiplicava as dores que eu sofria.
Se vislumbrava o riso da alegria
Fora dessa amargura inalterável
Esse prazer só era decifrável
Sob a ilusão da eterna fantasia.
Ao meu olhar de triste descrente,
Olhar de pensador amargurado,
Só existia a dor, ela somente.
O gozo era a mentira dum momento,
Os prazeres, o engano imaginado
Para aumentar a mágoa e o sofrimento.
- ANTERO DE QUENTAL.
Nascido na ilha de São Miguel nos Açores, em 1842, e desencarnou por suícidio, em1891. É vulto eminente e destacado nas letras portuguesas, caracterizando-se pelo seu espírito filosófico.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO - CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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