MEDIUNIDADE
E EVANGELHO.
SUBLIME
LOUCURA.
“É preciso, com efeito,
convir que essa loucura há, tem um caráter bem singular, que é o de atingir de
preferência a classe esclarecida. (...)” (Cap. IV – Primeira Parte – Item 39.
Às sensatas palavras de Allan Kardec
que encimam este capítulo, acrescentaríamos o que disse Paulo em uma das suas
epístolas, quando afirma que “a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se
perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus”.
Desde tempos imemoriais o contato
com o Além foi considerado loucura por aqueles que não podiam compreendê-lo. A
princípio respeitados, os sensitivos primitivos foram, mais tardes catalogados
à conta de pessoas nocivas à vida comunitária, mormente quando a Igreja baniu o
pneumatismo de suas práticas.
Proibido o intercambio espiritual
entre os dois mundos, os medianeiros que não conseguiam contê-lo eram
considerados loucos e, não raro, as famílias os escondiam nos porões de suas
casas, mantendo-os em regime de cruel cativeiro, onde pagavam o preço de seu
incompreendido pioneirismo no campo das manifestações paranormais.
Não se tem contados milhares de sensitivos
que, na Idade Média, foram enviados às fogueiras ou eliminados das mais
variadas formas pela intolerância religiosa vigente. Ainda hoje, segundo
estudiosos do assunto, a Europa expia a sua falta para com esses motivos pelos
quais o materialismo, semelhante a imenso polvo, prende em seus fortes
tentáculos tantas mentes brilhantes, fazendo da Europa um terreno espiritualmente
árido. Talvez seja ainda por isso conforme o Cristo expressou-se contra
Jerusalém, o mundo europeu e também a parte da América do Norte, se sentiam
perdidos num labirintos de tantos e estranhos movimentos espiritualistas que,
sem vínculo com o Evangelho, sobrevivem por si mesmos, mercadejando os dons
espirituais e digladiando-se um com os outros pela posse exclusiva da verdade.
Talvez seja também por isto que, faltos de médiuns que se prestem aos seus
experimentos de laboratório, os estudiosos estrangeiros se aflijam na
construção de “máquinas” capazes de restabelecerem a ligação com as esferas espirituais...
Vejamos agora, por outro lado, como
as posições se inverteram, mostrando que o triunfo da Verdade é apenas uma
questão de tempo. Quanto mais cristãos eram mortos nas arenas romanas, mais
eles se multiplicavam através do sangue dos próprios mártires... Quanto mais
médiuns entregues as fogueiras medievais, um número maior de sensitivos começou
a aparecer em diferentes partes do globo e, hoje, para queimá-los todos teria
que se atear fogo à Terra...
Mas não somente houve uma generalização
da mediunidade, como conseqüência natural da evolução humana; o Espiritismo “caiu
nas graças” do povo e, segundo demonstram as recentes pesquisas, uma parcela
considerável da população brasileira é espírita, e uma parcela bem maior
confessa-se simpatizante. E embora a Doutrina conte com uma excelente
penetração em todas as classes sociais, são justamente os mais ilustrados, que
antes se opunham, que agora lhe abraçam os postulados, vendo nela a única
explicação lógica para a Vida.
Parafraseando Paulo, se estamos
loucos, certamente estamos tomados por uma sublime loucura que, com o Cristo, o
Grande Visionário da Cruz, nos faz sonhar com o Reino de Deus sobre a face da
Terra.
Que divina loucura será esta que
pede ao homem que se renove interiormente com base no “amai-vos uns aos outros”?
Que excelsa loucura será a do homem que se recusa a crer na morte, pensando
como pensou o inolvidável apóstolo dos gentios: “E, não há ressurreição de
mortos, também Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, logo é
vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”.
A mensagem de Amor do Evangelho é
tão profunda e tão ousada, que até hoje, passados dois milênios, quem se
disponha a vivenciá-la em plenitude, como fez um Francisco de Assis, é
considerado alienado.
Infelizmente, pelos valores que
ainda prevalecem no mundo, quem se disponha a perdoar uma agressão é chamado
covarde.
Fonte: Livro Mediunidade e Evangelho - Odilon
Fernandes (Espírito) Psicografado por Carlos A. Baccelli - 6o.
Edição - Editora Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP – Janeiro/2008..
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