SEGUNDA PARTE.
DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS.
CAPÍTULO I.
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA.
53. A ideia que se forma dos Espíritos torna, à primeira vista, o fenômeno incompreensível. Estas manifestações não podem ocorrer senão pela ação do Espírito sobre a matéria; é por isso que, aqueles que creem que o Espírito é a ausência de toda a matéria, perguntam-se com alguma aparência de razão, como pode ele agir materialmente. Ora, aí está o erro; porque o Espírito não PE uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma; quando o deixa, na morte, não sai despojado de todo o envoltório. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem é sob aquela que nós os conhecemos.
Observemo-los atentamente no momento em que acabam de deixar a vida; estão num estado de perturbação; tudo está confuso ao seu redor; eles vêem o seu corpo, são ou mutilado, conforme o gênero de morte; de outra parte, se vêem e se sentem vivos; alguma coisa lhes diz que esse corpo é o seu e não compreendem porque estão separados dele. Continuam a ser ver sob sua forma primitiva, e esta visão produz, em alguns, durante um certo tempo, uma singular ilusão: a de se crerem ainda vivos; necessitam da experiência do seu novo estado para se convencerem da realidade. Dissipado esse primeiro momento de perturbação, o corpo lhes torna uma vestimenta velha da qual estão despojados e não têm saudade; sentem-se mais leves e como desembaraçados de um fardo; não experimentam mais dores físicas e são muito felizes de poderem se elevar, percorrer o espaço, assim como, em suas vidas, o fizeram muitas vezes durante seus sonhos. Entretanto, apesar da ausência do corpo, constatam sua personalidade; têm uma forma, mas uma forma que não os oprime nem os embaraça; têm, enfim, a consciência de seu eu e de sua individualidade. Que devemos disso concluir? É que a alma não deixa tudo no túmulo e que leva alguma coisa consigo.
Fonte: O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - 18 º edição - Abril de 1991, Editora Instituto de difusão Espírita de Araras, SP.
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