MEDIUNIDADE SEM ALARDE.
O coração nos
convida para o trabalho sem alardear o que estamos fazendo, principalmente
quando se trata da caridade cristã. Estejamos convictos de que o Bem, onde quer
que seja, já mostra o seu próprio valor, sem precisar das nossas ostentações,
comandadas pela vaidade.
A Doutrina
Espírita nasceu do cristianismo, depois dele percorrer muitas nações, esperando
muitos séculos. A espera não era para a sua maturidade e sim para a dos homens,
de modo que pudessem suportar os conceitos na limpidez dessa filosofia
extraordinária, que oferece às criaturas humanas os meios seguros para sua
própria libertação. Jesus volta à Terra sob a forma de uma doutrina para
relembrar-nos tudo o que havia dito há quase dois mil anos sobre o amor.
Não nos causa
admiração o fato de encontrarmos um médium que sinta prazer de vangloriar-se
pelo que faz de bom aos outros. É preferível assim do que fazer o mal. No
entanto, é bom que se aprenda a trabalhar na ordem do Bem sem os estigmas da
exibição, para que não se perca a afinidade com a verdadeira educação dos
sentimentos. Estamos em uma escola que se divide em vários cursos de
aperfeiçoamento. Existem alunos que nunca alardeiam o que fazem em favor do
próximo, no entanto, sentem prazer quando alguém fala sobre o que fizeram,
estimulam os companheiros para falarem das suas obras de caridade e não gostam
quando se fala que o Bem é um dever moral de quem o faz. São reações de
inferioridade, são conflitos causados pelos condicionamentos anteriores.
A presunção é um
mal que tem a capacidade de desvalorizar o amor que começa a nascer no coração.
O Espírito deve lutar para extirpá-la do seu mundo interno, convidando as
virtudes para o grande acampamento na consciência. Sejamos vigorosos na luta de
cada dia, aquela luta que marca a nossa renovação em Cristo. O alardeador
engana a si mesmo, porque se ele entregasse as suas boas ações no silêncio,
seria melhor conhecido e nunca antipatizado.
Confere o que
estás fazendo com a tua vida e torna a conferir. Examina teus pensamentos e
torna a examinar; policia a tua fala e torna a vigiar, para não acontecer
contigo qual os escribas e fariseus, cantando e orando em praça pública, para
serem vistos pelos outros.
Sejamos
discretos em tudo o que devemos fazer, mostrando uma mediunidade cheia de
discernimento na atividade do amor. O devaneio das nossas faculdades interrompe
os valores espirituais que nos foram entregues por misericórdia, como
instrumentos na lavoura da benevolência. Esperamos que os sensitivos não
ingressem no fanatismo, fato que encontramos com freqüência nos primeiros
passos dos aprendizes ao desenvolvimento mediúnico. O exagero, em todas as
atividades, é extremo que se incompatibiliza com o bom senso e não deixa de
estragar os trabalhos que devem expressar a nobreza de qualidades e firmeza de
caráter. A sensatez nos recomenda o caminho do meio, onde mora a vigilância e
existe a harmonia.
Quando queremos
mostrar o pouco que fazemos em favor dos outros, é prova de que não estamos
acostumados aos trabalhos que ajudam o próximo. A maturidade mostra-nos que toda
a vivência no Bem é dever das criaturas, e todo dever cumprido é força
granjeada para o próprio coração que o pratica. Chegamos à conclusão, por
experiência nos serviços sociais, que onde existe o amor, não existem palavras
anunciando o Bem que se faz.
Quando tratamos
da mediunidade, a responsabilidade para com os nossos irmãos carentes é bem
maior, porque eles passam a ser a nossa própria carne, o nosso próprio mundo,
onde respiramos. O que estiver ao nosso alcance, façamo-lhes, sem tocar o
gazofilácio da ilusão, companheiro da soberba. É muito triste, e para nós a
tristeza é maior, quando notamos que os medianeiros que nos servem assentam-se
nos bancos dos seus feitos, à espera de gratidão. A caridade atrofia-se nas
suas primeiras expressões de amor e entra na área do comércio, onde as trocas
são indispensáveis e satisfazem ao comerciante. Vamos lembrar-nos, meus irmãos,
do destino do Evangelho nesta pátria de redenção. Nenhuma modificação podemos
tentar , enquanto vigorarem as nossas inferioridades.
O Evangelho é
luz que brilha na eternidade, capaz de iluminar e modificar as trevas dos
nossos sentimentos. Cuidemos de semear, vigiando o nosso plantio, porque a
colheita é feita consoante as sementes que lançamos nos solos das consciências.
Tudo, na verdade, pertence a Deus. No entanto, Ele deixou sob os nossos
cuidados o que nos compete conquistar. Podemos modificar muita coisa em nossos
caminhos e mudar a direção dos nossos destinos, esvaziando os nossos fardos de
vidas passadas. A nossa mente é criadora, e trabalha co-criando. O nosso futuro
será reflexo do nosso presente, como o presente o é do passado.
Convidamos os
médiuns para que aproveitem as oportunidades de servir sem reclamar, de sofrer
sem blasfemar, de ajudar sem pedir ajuda, de compreender sem exigir
compreensão, de amar sem pedir amor em troca, porque o tempo que passa sem
proveito é tesouro abandonado. O banco universal nos pedirá contas dos valores
que foram postos sob a nossa vigilância, se não tivermos o cuidado de multiplicá-los
na seqüência que as necessidades nos pedem. Faltando-nos o interesse de ajudar
por amor, fracassamos e, no fracasso, as trevas se aproximam e nos convidam
para o seu reino de desespero. Teremos então perdido a oportunidade de sentir
as primeiras chamas da felicidade, que dimanam do dever cumprido na caridade e
no amor.
Livro: “SEGURANÇA MEDIÚNICA”, - MIRAMEZ., - Psicografado
por João Nunes Maia, - 12 ª edição, - Editora Fonte Viva, - BELO HORIZONTE, MG,
- 1998..
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