O MÉDIUM AGITADO.
A agitação, no sentido em que aqui é abordada, é a pressa exagerada de fazer as coisas e de responder aos outros sem pensar no que vais falar. Ainda pertences ao campo da razão e, por isso mesmo, deves obedecer às leis a ela pertinentes. Notamos o desespero de muitos medianeiros em responder, por vezes, perguntas endereçadas a outros, indagações que fogem à sua competência. Isso não passa de desejo de mostrar o que pensa que sabe. Daí é que as portas para as sombras se abrem e passam a ser médium de Espíritos desequilibrados. Existem também demagogos no plano espiritual, e como existem! A agitação em tudo é mostra do desequilíbrio da alma, que às vezes tem desejos de paz, mas ainda não a alcançou, por lhe faltar o tempo necessário no serviço do bem comum.
Compreendamos que somente nos salvamos da perturbação se persistirmos na caridade até o fim. Tudo o que se pretende fazer, que se faça com serenidade. A pressa, no dizer dos próprios homens, é inimiga da perfeição. Para tudo existe um ritmo natural, emanado da sinfonia universal. Todos os extremos são perigosos e o desespero faz perder os fios da intuição, enquanto a lerdeza esfria o estímulo da faculdade para a drenagem da luz.
No estágio a que pertences, o caminho do meio é o melhor para viveres em paz contigo mesmo. Cada criatura tem um ritmo vibracional ao fazer as coisas. No entanto, essa harmonia não foge de determinada equação divina que canta no centro da vida. Estamos em busca da perfeição e continuaremos nessa busca, porque a ela chegaremos algum dia. Quando despertos, sentimos seu perfume a roçar os nossos sentidos, até os mais profundos da consciência. O tempo passa, mas com uma tônica divina que o ritmo assinala. Se deixares de compreender o chamado, ficarás marginalizado e, se avançares à frente dele, perderás os rumos do teu próprio destino.
A mediunidade sempre foi uma catalizadora de energias superiores. O médium, seja ele qual for, se encontra imantado de forcas pulsantes que ele acolhe com sua capacidade mediúnica e distribui de acordo com o critério que lhe coube entender. O que sai do médium, ajuda ou destrói, de conformidade com a direção administrada por ele. E é por isso que o mundo espiritual engendra todos os esforços para a educação dos médiuns, direcionada pela disciplina, a fim de que possam fazer o melhor em benefício de todas as criaturas que sofrem. Quem não aprendeu a usar as mãos para servir, permanece tolhido e escravizado.
Estamos em uma época em que a mediunidade precisa de amparo, tanto quanto a criança. Suas forças estão sendo desvirtuadas. O seu verdadeiro objetivo é mostrar aos homens uma vida diferente da que estão levando, é modificar a conduta e transformar a criatura, fazendo com que ela conheça a luz e viva nela. Estamos em urna época de médiuns agitados, por faltar-lhes maturidade na educação dos sentimentos. Eles estão se esquecendo do Cristo, abafando os impulsos do amor e da caridade.
É notório que em muitos países se faz da mediunidade uma profissão. Neles, o ouro dominou a virtude, e o orgulho e o egoísmo fizeram desaparecer o amor verdadeiro.
Quem vende, escolhe para quem vende. Somente oferece sua mercadoria àqueles que têm dinheiro para comprar. E o perigo maior está rondando, porque há muitas modalidades de vender os valores do Espírito.
As casas espíritas e espiritualistas têm muitas responsabilidades nas doações que exigem, porque é delas que nascem ou começam a nascer os médiuns interesseíros. A formação vale muito no campo dos dons. Todos os talentos devem ser desenvolvidos com benevolência, com a direção do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. A mediunidade sem Jesus é área aberta para as trevas.
Não deves escolher a quem servir. Deves observar as necessidades dos que te buscam. O medianeiro que depende da aristocracia está preso pelas dádivas e dificilmente escapa das exigências da elite dominadora. O primeiro passo para uma mediunidade bem conduzida é a renúncia, é o desprendimento que sai do coração e que pode atingir tudo o que se faz, inclusive na própria organização de que se é membro, caso se ocupe algum cargo onde foi chamado a servir à coletividade.
Não deves agitar a harmonia da vida. Onde estiveres, procura o bom senso, que ele sabe sempre colocar-te nas melhores posições. Não precisas agitar-te para seres visto pelos outros, pois quase sempre os que desejam que os outros vejam as suas virtudes, não as têm.
Faze o melhor, sem preocupar-te em seres o melhor. A própria vida se encarrega disso, no silêncio do tempo e, ainda mais, a tua consciência registra tudo o que fazes. Não firas os outros tentando seres visto com bons olhos. Sê humilde diante de todos. O que és, ninguém pode tirar-te e se desejares ser o que ainda não alcançaste, o próprio engano te fará mal, perturbando a tua consciência. Trabalha com uma das mãos, sem que a outra perceba, e medita nisso, que compreenderás o valor do silêncio na caridade.
Como é saudável o médium que já conquistou a serenidade, cujos pensamentos e boca trabalham no ritmo divino!
Isso é o que entendemos pela função medíúnica da luz, porque o médium agitado é instrumento, muitas vezes ingênuo, das sombras do mal.
Livro: “SEGURANÇA MEDIÚNICA”, - MIRAMEZ., - Psicografado por João Nunes Maia, - 12 ª edição, - Editora Fonte Viva, - BELO HORIZONTE, MG, - 1998..
Nenhum comentário:
Postar um comentário