CULTURA DO MÉDIUM.
A mediunidade
requer estudo, não foge à regra que se aplica às outras coisas, como a ciência,
a filosofia e mesmo o conhecimento da religião. A cultura é indispensável, em
todos os ramos do saber.
Como se aprimorar
sem conhecer? É, pois, um contra-senso achar que a nossa consciência profunda
basta, por si só. Mesmo que exista nela tudo, escrito pela mão de Deus; mesmo
que as leis ali se encontrem, com todas as suas ramificações, vibrando nas suas
íntimas particularidades, em nenhum de nós poderá faltar o esforço próprio, na
busca do conhecimento e do aprofundamento nas leis universais do Criador.
Se o que vem de dentro se faz presente
para a realidade externa, o que existe fora desperta o que se encontra por dentro.
A mediunidade depende muito da cultura, é claro, sem, no entanto, escravizar-se
a ela. A cultura ativa o Espírito, tornando-o capaz de compreender todas as
coisas sem o estrago da arrogância ou do egoísmo.
O médium deve
ser dado à leitura, assim como tem necessidade do alimento, todos os dias.
Quando ouvimos, da parte de um deles, dizer que lhe falta tempo para leituras,
é mau sinal, é sinal de que as suas companhias são da mesma opinião.
Notam-se no
Brasil inúmeros centros espíritas, e também no mundo todo, carentes de
instrução. Fazem-se reuniões sem se saber como fazê-las, e os benfeitores ficam
lutando com inúmeras dificuldades para transmitir suas mensagens, pela falta de
capacidade dos seus instrumentos. Os canais, estando sujos pela ignorância,
terão a água que passa por eles contaminadas pela mesma imundície.
Não podes
reclamar da falta de livros e nem da falta de quem se disponha a expor as
lições. A literatura mediúnica é sobremaneira grandiosa, mostrando-nos os
valores dessa filosofia que revive o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tudo está sendo feito pelos luminares da eternidade; falta a parte dos homens,
para se ajustarem nos desempenhos dos anjos, aprenderem a viver, a pensar e a
falar do bem, a falar e escrever sobre o amor, e a exemplificar essas verdades
imortais, que o coração pode sentir, pelas bênçãos de Deus.
As reuniões de
caráter leviano, comumente, estão sempre cheias, e quando se reúnem para o
estudo sério, para um aprendizado mais concreto, são poucos os que ali se congregam,
quando deveria ser o contrário.
É de se notar que uma pessoa pede vários
conselhos, às vezes, em uma mesa de reunião, esquecendo-se de que cada página
de um livro constitui, no mínimo, uma orientação das melhores. Isto prova que
tal pessoa não está lendo, esquece o condicionamento da boa leitura. Os
momentos que deveriam ser dedicados à leitura são trocados por coisas quase
inúteis à sua evolução, por apegar-se ao desculpismo, já que o tempo é escasso.
A nossa educação
fica muito cara. A natureza usa de meios drásticos para nos ensinar, por não
encontrar outros, mais favoráveis e mais brandos. A misericórdia, para muitos,
se
desgasta; e toma
lugar a justiça, quefaz lembrar os tempos de Moisés, em virtude da dureza dos
corações. A mediunidade é um dom que se beneficia com o progresso e o
medianeiro deve fazer a sua parte, com prudência e esmero. Tudo, bem feito, tem
a marca da harmonia, que agrada a quem vê e sensibiliza a quem sente.
A cultura
espiritualista não quer dizer cultura de universidade. Quando as duas se unem
na mesma dimensão, é muito agradável. No entanto, se a vida te dificultou os
conhecimentos do mundo, procura entender as leis espirituais, disseminadas,
desde a ação do vírus, até os movimentos dos astros, e, destes, ao turbilhão cinético
do ninho cósmico da criação de Deus.
Já vivemos
dentro de uma grande escola universal. Basta que tenhamos empenho e boa
vontade, para aprendermos as lições. Sentimo-nos mais à vontade para trabalhar
junto aos homens de maturidade; e não com os homens de letras que se esqueceram
do amor e que nem pensam no benefício da caridade.
Não é do nosso
feitio fazer da literatura espírita uma ficção, mas apenas ser copista da
realidade universal, porque tudo o que escrevemos e falamos já existe, desde a
formação dos mundos. São leis imutáveis, na eternidade do tempo e na infinidade
do espaço, e é bom que todos saibam que apenas descortinamos o que já se
conhecia. Quando se diz que somente a verdade liberta, qual a responsabilidade
decorrente de falarmos o que não é a verdade? O nosso interesse é conduzir a
alma aos primeiros degraus da escada, mas ela mesma é quem deve dar o primeiro
passo e continuar a subir, num trabalho individual, que só depende de Deus e de
quem se propõe a ascender. Allan Kardec não se esqueceu de dialogar com os
Espíritos, do que resultou esta frase: "Amar e instruir". Tal frase
não deve ser esquecida por todos os homens, principalmente espíritas e médiuns.
A mediunidade
pode desaparecer, quando o médium não se sentir à vontade no campo valioso da
reforma dos homens e do bem da coletividade. Quem ingressar na seara da
Doutrina Espírita, procurando fugir dos acertos morais e da cultura espiritual,
sem perceber, irá ficando às margens do caminho que, por vezes, os outros
percorrem com facilidade. Não custa nada. Ao contrário: é de bom proveito, nas
horas de descanso, dedicar-se à boa leitura. Ela traz a alma para um clima de
tranqüilidade, que corresponde às necessidades de paz do coração. A verdade é
de caráter tranqüilizante, desde que não despertemos prematuramente o que ainda
dorme. A mediunidade vem sendo aprimorada, para o bem da humanidade. Quem a
utiliza contrariamente, responderá pelos desastres cometidos. Os explosivos
foram idealizados para facilitar a construção de estradas, pontes, casas e
outras coisas úteis. Quem os usar para a morte, responderá pelo que faz. Eis
que esta é a lei de justiça, que funciona em toda a casa de Deus.
Estamos querendo
atingir a intimidade dos médiuns em exercício. Que eles compreendam e usem seus
valores, na área que possam atingir. As instruções são muitas, ao alcance de
todos, e pedimos que não percam tempo em demandas, que não parem para críticas
improfícuas e que não esmoreçam com os problemas do caminho.
Que se lembrem
do que o Mestre nos disse: " Aquele que perseverar até o fim, será
salvo". Persevera na limpidez da educação e, nesse esforço permanente,
pelas vias da sabedoria, estarás dentro da cultura de que carece um bom médium.
Livro: “SEGURANÇA MEDIÚNICA”, - MIRAMEZ., - Psicografado
por João Nunes Maia, - 12 ª edição, - Editora Fonte Viva, - BELO HORIZONTE, MG,
- 1998..
Nenhum comentário:
Postar um comentário