EVANGELHO SEGUNDO
O ESPIRITISMO.
CAPÍTULO X.
BEM-AVENTURADOS OS
QUE SÃO MISERICORDIOSOS.
O ARGUEIRO E A TRAVE NO
OLHO.
10.
Uma das insensatezes da
Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está
em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu
interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si
próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu se visse
alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a
dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto físicos.
Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a
verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. Caridade orgulhosa é um
contrassenso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro.
Com efeito, como poderá um
homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e
na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante
para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o
exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também
a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase
todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em
combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.
Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec – Tradução Guillon Ribeiro – 131
a. Edição - Editora FEB – Rio de Janeiro, RJ – janeiro 2013.
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