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terça-feira, 18 de julho de 2017

- A PRENDENDO COM CHICO XAVIER. - N º. 204. - CHICO XAVIER PERFIL BIOGRÁFICO. - UMA VIDA COM AMOR II - UBIRATAN MACHADO.



     CHICO XAVIER POR ELE MESMO.

 CHICO XAVIER PERFIL BIOGRÁFICO.

                   UMA VIDA COM AMOR II
                                                          
                                                    UBIRATAN MACHADO.

                           COM O DIABO NO CORPO.

             (...) Na diáspora da família Xavier, Chico vai para a casa da madrinha, dona Maria Rita de Cássia, velha amiga de sua mãe. Ali começariam as atribulações do menino, que mais parecia um daqueles pequenos heróis de Dickens, cuja infância é curtida com os mais atrozes castigos e humilhações. Mas havia uma diferença. Ao contrario dos personagens do grande romancista inglês, em geral com um destino adulto medíocre, Chico estava destinado a altos vôos: tornar-se um professor de humildade e demonstrar as manifestações do maravilhoso não são travessuras do capeta. Mas, para chegar até La, precisava passar no vestibular do sofrimento. E dona Rita seria uma professora intransigente.
         A qualquer pretexto, a vara de marmelo cantava no lombo do menino. Para pescoções, taponas e beliscões dispensavam-se pretextos. E, em sua crueldade, dona Rita inventava requintes dignos de um inquisidor. Um de seus caprichos consistia em enfiar garfos no ventre do garoto. O Suplício durava horas. O sangue começava a escorrer. Chico soluçava, berrava, chorava, implorava. Mas a madrinha não lhe permitia tirar os garfos. Aos poucos abriu-se uma imensa chaga na barriga. A dor impedia-o às vezes até de caminhar ate o fundo do quintal, único lugar que encontrava um pouco de paz. Além disso, via-se obrigado a usar uma camisola comprida de menina, chamada de mandrião, feita com pano de saco de farinha pintado de azul.
         “Ao me levantar, pela manha, eu não me animava a tomar café; fica esperando a primeira surra do dia. Depois, sim, tomava meu café com aquela alegria de já haver pago uma parcela.”
         E as surras vinham sempre acompanhadas do mesmos refrão:
         “Esse menino está com o diabo no corpo”.
         Talvez para exorcizá-lo, dona Rita obrigava-o a longos jejuns. O Sofrimento ia polindo o menino. Mas a capacidade de resistência de uma criança é limitada.
         Um dia, angustiado e com o corpo marcado de vergões, Chico correu para o fundo do quintal. Ia refugiar-se à sombra amiga de velhas bananeiras. Ali, começou a rezar. Pouco depois, viu dona Maria João a seu lado. Lembrou-se das palavras da mãe, de que não ia morrer. E, com lógica de seus cinco anos, não se surpreendeu.

            Fonte: - “CHICO XAVIER Por Ele Mesmo. – Autores Diversos, - 1 ª. edição, - Editora Martin Claret Ltda, - São Paulo, SP, - Outubro de 1994.

                                   RHEDAM. (mzgcar@gmail.com)

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