SEARA DOS MÉDIUNS.
Mediunidade
e privilégios
Reunião pública de 02- 05-1960. – L.
M. Questão n º. 306.
Todos estamos concordes em que a Doutrina Espírita revive agora o Cristianismo
puro; no entanto, há muita gente que lhe estranha a organização, sem os
chamados valores nobiliárquicos que assinalam a maioria das instituições terrestres.
A força de se iludirem com a idolatria, que sempre nos custa caro,
muitos companheiros, menos vigilantes, desejariam condecorar trabalhadores da
Nova Revelação, criando galerias para o relevo pessoal. E se pudessem
determinar o rumo das coisas, no consenso opinativo, decerto que há muito
estaríamos mobilizando doutrinadores chefes e médiuns titulares, com as nossas
casas de serviço perdendo tempo em mesuras e rapapés.
Entretanto, não há uma só frase na Codificação Kardequiana em que
se recomende tratamento especial a esse ou àquele médium porque fale com
mestria ou materializa desencarnados, porque transmita força curativa ou
psicografe livros renovadores.
A preocupação fundamental dos emissários divinos, na formação de
nossos princípios, foi, aliás, edificar moralmente a instrumentação mediúnica
em bases de simplicidade e desinteresse, para que ela “corresponda às vistas da
Providência”.
Não existem, desse modo, médiuns maiores ou médiuns menores, favorecendo,
entre nós, a constituição de prerrogativas e castas.
Tanto na mensagem do Evangelho, quanto na mensagem do Espiritismo,
o que prevalece, acima de tudo, é a responsabilidade para cada um de nós.
Responsabilidade de sentir e pensar, de falar e fazer. Não temos o
direito de enfeitar os outros com os brasões da excessiva confiança, para que
realizem o trabalho que nos compete.
Por essa razão, todos os operários da construção espírita são
respeitáveis.
Os doutrinadores que se esmeram em socorrer um irmão obsidiado,
através de entendimento particular, estão fazendo obra idêntica aos que usam
brilhantemente a palavra, arrebatando multidões, e os médiuns que grafam
compêndios santificantes não são superiores àqueles outros que se consagram à
restauração dos enfermos.
Sustentar a ideia espírita, indene de qualquer imaginária
fidalguia para aqueles que a servem, é dever para todos nós.
Na formação cristã não sobraram privilégios para ninguém.
O próprio Cristo, que se revelou pelo que fez e pelo que deixou de
fazer, não se furtou ao sacrifício e à humilhação.
Algum tempo depois dele, Tiago, filho de Zebedeu, foi assassinado,
Estêvão caiu sob injúrias e pedras, Simão Pedro foi conduzido ao martírio
extremo e Paulo de Tarso tombou, sob golpes de espada, por estarem, todos eles,
ensinando a verdade e praticando o bem.
Hoje, não podemos precisar de que modo desencarnarão os médiuns espíritas
ocupados em tarefa libertadora das consciências, mas é importante que vivam
atendendo aos próprios deveres, para que recebam corretamente a morte, quando
não seja na palma do heroísmo, pelo menos na dignidade do trabalho edificante.
Livro: “SEARA DOS MÉDIUNS”, - Emmanuel, - Psicografado
por Francisco Cândido Xavier, - 12 ª edição, - Editora F E B, - Rio de Janeiro,
RJ, - Abril de 2000.
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