AOS
ESPÍRITOS CONSOLADORES.
Donde éreis vós, ó formas
imprecisas
De arcanjos tutelares,
Cujas vozes suaves como
brisas
Trouxeram-me nas dores,
No auge do meu sofrer, nos
meus penares,
A irradiação de brando
refrigério!...
Frontes aureoladas de
esplendores,
Seres cheios de amor e de mistério,
Cujas mãos compassivas
Ungiram meu coração resignado
Com o bálsamo do olvido do
passado,
E com os místicos olores
Das meigas sempre-vivas
Da fé mais luminosa e mais
ardente...
Seríeis o fantasma imaginário
Da mórbida exaltação d'alma
do crente?
Francisco
Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo 138
Não, porque sois os cireneus
piedosos
Dos que vão em demanda do
Calvário
Da Redenção, nos sofrimentos
rudes;
Vindes das mais remotas
altitudes
De sublimados mundos
luminosos!...
Seres do Amor, jamais traduziria
O cântico de luz
Que trouxestes ao leito da
agonia
Que eu transpus,
Cheia de desenganos e
gemidos!...
Verto ainda os meus prantos
comovidos
Lembrando-me do vosso
Stradivárius,
Repetindo as cadências dos
hinários
Dos orbes da Ventura e da Harmonia,
Onde habitais, glorificando o
Amor
Que d'alma faz um ninho de
alegria
E um foco de esplendor!
Em que sol deslumbrante, em
qual esfera
Viveis a vossa eterna
primavera?
Ó irmãos consoladores,
Que vindes confortar os
pecadores
Penitentes da vida transitória,
Dai-me um pouco de luz da
vossa glória,
Estendei-me uma única migalha
Da vossa paz, que nutre e que
agasalha
Os corações iguais ao meu!...
Tenho sede do amor que
enfeita o Céu!
Espíritos da luz radiosa e
infinda,
Minhalma é fraca e pobre
ainda;
Todavia, imortal,
Quero ter dessa luz
resplandecente,
E quero embriagar-me
inteiramente
Com os vinhos da alegria
celestial.
CÁRMEN
CINIRA.
Nome literário de Cinira do Carmo
Bordini Cardoso: nasceu no Rio de Janeiro, em 1902, e faleceu em 30 de agosto
de 1933. Sua espontaneidade poética era tão grande que ela própria acreditava
serem os seus versos de origem mediúnica. Glorificou o Amor, a Renúncia, o
Sacrifício e a Humildade, em obras como: Crisálida, Grinalda de Violetas,
Sensibilidade.
Fonte: PARNASO DE ALÉM - TÚMULO -
CÁRMEN CINIRA - Chico Xavier- Editora FEB. Rio de Janeiro RJ - 1935.
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